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18 de fevereiro de 2018
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18:36

Definição sobre candidatura de Boulos deve acontecer nos próximos dias, diz presidente do Psol

Por
Sul 21
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Presidente do Psol, Juliano Medeiros | Foto: Divulgação

Fernanda Canofre

O Psol pretende definir nos próximos dias se terá ou não Guilherme Boulos como seu candidato à presidência, nas eleições de outubro. A afirmação é do presidente do partido, Juliano Medeiros, eleito no Congresso Nacional realizado em dezembro. O mesmo Congresso que adiou a decisão em torno de um nome, para dar mais tempo ao líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tomar uma decisão.

Juliano se diz “otimista” com as conversas que teriam avançado muito nas últimas semanas. Caso Boulos desista, no dia 10 de março, a Conferência Nacional do partido terá que buscar consenso em torno de um dos quatro candidatos que também estão na corrida. Entre eles, a ativista indígena Sonia Guajajara, que pode se tornar a primeira indígena candidata à presidência do Brasil.

Aos 34 anos, Juliano chegou à liderança do Psol, depois de anos trabalhando com parlamentares do partido no Congresso Nacional. A maior parte do tempo com o deputado Ivan Valente, eleito por São Paulo. A trajetória dele, porém, começou no PT e no Rio Grande do Sul. Natural de Taquari, no interior do estado, ele começou a militância no movimento secundarista e se filiou ao partido logo após a eleição de Olívio Dutra, para o o governo gaúcho, e da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, na presidência.

Sete anos depois, em 2005, assim como Valente, Chico Alencar, Marcelo Freixo, ele fez parte da dissidência de petistas que rumou para o recém-criado Psol, no auge do escândalo do Mensalão.  Foi uma decisão por coerência e ética, diz. “Estava com muitas críticas programáticas em relação ao governo do Lula, muitas divergências. A reforma da Previdência de 2003 foi um baque para toda a esquerda do PT e, logo depois, teve uma série de acordos para manutenção da política macroeconômica do governo FHC. A taxa de juros muito alta perante o rentismo do capital especulativo, câmbio flutuante, superávit primário lá nas alturas, com o Henrique Meirelles no Banco Central”.

Em uma passagem rápida por Porto Alegre, Medeiros conversou com o Sul21 sobre quais devem ser as cartas do Psol para as eleições de 2018, no cenário nacional e no RS:

Sul21: Guilherme Boulos vai ou não ser o candidato do partido?

Juliano: A gente estabeleceu um diálogo com ele há alguns meses. Não é um diálogo só com ele, mas com todo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, porque não é uma decisão individual, ele é dirigente do principal movimento urbano social do país. Esse diálogo foi feito com muito cuidado, não expondo nem o Guilherme, nem o MTST. As declarações dos dirigentes do Psol são sempre muito cautelosas, dizendo que a gente quer chegar a um entendimento com ele, mas entende que tem o processo. Esse processo está chegando ao final. A nossa Conferência Nacional está convocada para o dia 10 de março, temos outras quatro pré-candidaturas inscritas, de filiados do partido, e temos que tratá-las também com muito respeito.

Sul21: Pode falar quais seriam elas?

Juliano: Claro. É o Plínio de Arruda Sampaio Jr., filho do “velho” Plínio [que foi o candidato do partido em 2010, faleceu em 2014]; o professor Nildo Ouriques, da Universidade Federal de Santa Catarina; a Sônia Guajajara, que é principal dirigente da Associação Brasileira dos Povos Indígenas (APIB); e o Hamilton Assis, que foi vice do Plínio e é do movimento negro da Bahia. Esses nomes são nomes de companheiros que a gente respeita muito e que vão ter o direito de defender suas postulações.

Sul21: Boulos ainda não está filiado, certo?

Juliano: Não está filiado. Nosso diálogo com ele, é no sentido de primeiro filiá-lo ao Psol. Segundo, compreendendo que esse processo não é só uma adesão do Guilherme e do MTST ao Psol, se trata de uma aliança entre o Psol e um setor dos movimentos sociais brasileiros. Viriam ainda outros atores, que hoje participam da Frente Povo Sem Medo, uma parte dos movimentos que hoje se referenciam no MTST e no Guilherme como liderança social, nesse diálogo que estamos costurando. Também outros partidos, estamos dialogando, por exemplo, com o PCB. O diálogo [com Boulos] avançou muito nas últimas semanas. A gente começou o ano insistindo por uma definição, porque no Congresso nacional de dezembro, a gente optou por não definir o nome ali, para dar uma oportunidade, para que esse entendimento evoluísse.

Sul21: Do que depende esse entendimento?

Juliano: Do movimento. O movimento precisa amadurecer algumas questões finais, mas a gente está muito otimista. Eu tenho bastante otimismo de que esse entendimento nos próximos dias vai ser anunciado.

Sul21: O que a candidatura dele pautaria de diferente de outras candidaturas de esquerda?

Juliano: Tem uma grande discussão sobre unidade da esquerda, o porquê de ela não estar unida, não ter uma candidatura só. Essa é uma pergunta que tem surgido muitas vezes. Isso tem a ver, primeiro e antes de mais nada, com divergências de natureza programática. A nossa avaliação de como se enfrenta a crise econômica, política e social que o país vive, nem sempre é a mesma de outros partidos do campo da esquerda e da centro-esquerda. A candidatura do Guilherme vem para ser uma candidatura radical, no sentido de enfrentar os problemas pela raiz. Nós vamos propor uma série de reformas estruturais, que os partidos que viveram a experiência de governar o país – PT, PC do B, PDT – nunca enfrentaram, nunca pautaram. Como o imposto sobre as grandes fortunas; uma reforma tributária progressiva que taxe o capital especulativo, o patrimônio dos ricos e desonere o trabalho e o consumo; uma revisão completa da política econômica, em especial, no que diz respeito à herança maldita do governo FHC, que trocou a inflação por dívida e hoje transformou a dívida pública brasileira numa das maiores do planeta. Vamos buscar constituir uma plataforma em defesa dos direitos, mas, principalmente, assentados em propostas de reformas estruturais. Não vai ser uma candidatura que vai defender o socialismo para amanhã, que vai defender uma ruptura nesse momento, porque não há correlação de forças para isso, mas que vai defender uma plataforma bem radical no sentido de enfrentar privilégios e as elites brasileiras.

Sul21: Que já é o que o Psol vinha pautando em candidaturas anteriores.

Juliano: A identidade que se construiu entre o MTST e o Psol não é eleitoral, ela vem se construindo por uma leitura. Como a gente lê o processo de reorganização da esquerda brasileira, que enveredou por um programa de conciliação, de consertação de classes, em que todos ganhavam. Esse ciclo se encerrou. O Psol já alertava que essa política não era sustentável, que quando o processo econômico mundial refluísse ia haver uma disputa pelo fundo público e não permitiria um entendimento com a burguesia.Teve bons resultados a curto prazo, mas dos 40 milhões que saíram da pobreza, boa parte já voltou. O resultado foi o golpe de 2016. Quando o fundo público entrou no centro da disputa, eles não tiveram o menor pudor em romper a Constituição e promover o golpe.

Sul21: O que achas das análises que colocam Boulos como “o novo Lula”?

Juliano: Isso tem surgido. Claro que é muito lisonjeiro com o Guilherme, porque o Lula, sem dúvida nenhuma, principalmente nos anos 1980, quando houve esse processo de construção de uma nova esquerda no Brasil a partir do PT, cumpriu um papel muito importante, muito decisivo como líder das greves do ABC. O Brasil não é o Brasil dos anos 1980, o Guilherme não é o Lula, o Psol não é o PT. As condições são historicamente muito diferentes, mas a gente reconhece que, na política, o papel das lideranças tem relevância. Nossa busca por um entendimento com o Guilherme também é um reconhecimento do papel que ele, como indivíduo, tem cumprido nesse período. Ele é, hoje, uma figura muito grande na esquerda, que conseguiu um nível de consenso que pode ampliar a capacidade do Psol de falar com um setor da sociedade que a gente não conseguia alcançar.

Sul21: Tu falaste em divisão da esquerda, há setores dela, que criticam o Psol por não apoiar ideia de “chapa única”, “união”, etc. Como vocês veem isso?

Juliano: [Chapa única] não é uma possibilidade, a nossa candidatura é uma decisão que foi tomada pelo nosso Congresso. Agora, é curioso que, essa acusação de dividir a esquerda, recai sempre só sobre o Psol. Nunca recai sobre o PDT, que está com a candidatura do Ciro [Gomes], sobre o PC do B, que está com a Manuela [D’Ávila]. Na verdade, isso não tem a ver com nosso direito e opção política de ter candidatura própria, tem a ver com a forma como nós nos relacionamos com a experiência da esquerda no governo. O fato de optarmos por não compor o pacto de partidos políticos que incluía o PP, o PTB, causa um mal-estar. Causa um mal-estar saber que um dos partidos da esquerda brasileira optou por ter uma presença institucional, porque sempre tivemos representantes no Senado e na Câmara dos Deputados, buscou ser um partido de massa, mas que não compactuou com aquele processo. Isso gerou um afastamento grande. Mas não são acusações justas. Nós tivemos muita responsabilidade nesses momentos críticos que a política brasileira viveu nos últimos anos, particularmente no impeachment [de Dilma] e agora com a possibilidade de prisão do ex-presidente Lula. Fomos contra o impeachment, mesmo nunca tendo feito parte dos governos do PT.

Sul21: Tu chegaste a gravar um vídeo sobre a posição do Psol frente ao julgamento e uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que levou o partido a tomar essa decisão?

Juliano: Para nós, ficou claro há bastante tempo os limites que a Operação Lava-Jato tem e sua seletividade. Não obstante a ela ter, evidentemente, revelado relações nada republicanas entre agentes públicos, mundo empresarial e partidos políticos, que traziam ônus ao Estado, ela se tornou um instrumento de natureza política. Ao optar por prender o tesoureiro do PT, processar o ex-presidente Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, por primeiro tirar o PT do jogo, preservando Aécio Neves (PSDB), Michel Temer (PMDB), a Lava-Jato mostrou uma clara seletividade e revelou a mentalidade que está por trás de algumas instituições brasileiras. Uma mentalidade conservadora, punitivista, que está por trás, por exemplo, do Ministério Público. A condenação de Lula, sem nenhuma prova consistente, nos deixou numa situação quase de dever de nos manifestarmos e deixar clara a nossa posição. Não é apoio eleitoral, nem apoio ao que foram os governos do PT, mas um repúdio à judicialização da política.

Sul21: Como fica o nome de Luciana Genro nas eleições de 2018, que foi candidata em 2014 e alcançou mais de um milhão de votos?

Juliano: Ela teve um papel muito importante nas eleições de 2014. Nosso balanço é que foi uma campanha muito positiva, principalmente, levando em consideração as circunstâncias em que a Luciana se tornou candidata. O Psol tinha escolhido o senador Randolfe Rodrigues para ser o candidato do partido (atualmente na Rede), construímos um entendimento com o grupo da Luciana, ela se tornou vice dele e construiu condições para unificar o Psol. Quando o Randolfe decidiu não ser candidato, ela se tornou candidata naturalmente e mostrou a capacidade política que ela tem, não só para representar o Psol, mas para enfrentar os debates. Nesse momento, a Luciana está dialogando para, muito provavelmente, ser nossa candidata à deputada estadual aqui no Rio Grande do Sul. A nossa prioridade a nível nacional é a eleição de deputados federais e, aqui, provavelmente vamos com a Fernanda Melchionna, a vereadora mais votada de Porto Alegre.

Sul21: E para o governo gaúcho, como está sendo trabalhada a candidatura?

Juliano: O partido definiu que vai ter candidatura própria, com o vereador Roberto Robaina. Ele já foi candidato (em 2014), tem experiência de debate, teve a recente experiência institucional como vereador. Com a Luciana de deputada estadual, junto ao Pedro Ruas, que já é deputado, e a Fernanda de federal, o partido está forte aqui.

Sul21: O PT tem reconhecido que vai fazer alianças nos estados com partidos que votaram a favor do impeachment. Para o Psol, existe alguma recomendação com relação a isso?

Juliano: A gente tem uma definição muito clara, já dos Congressos anteriores, que foi reforçada agora, que o Psol não faz nenhum tipo de entendimento com partidos que apoiaram o golpe. A gente tem visto isso, o PT em Goiás dialogando com o PMDB, o PC do B no Maranhão dialogando com partidos que apoiaram o golpe, o Lula com o Renan [Calheiros]. Isso tem aparecido porque são tensões de natureza eleitoral. Em alguns lugares, o PT e outros partidos de esquerda, só podem garantir a manutenção de seus mandatos, se conseguirem formar grandes chapas. Isso, para nós, não está em cogitação. O Psol não fará nenhum tipo de entendimento com esses partidos e, mesmo com partidos do campo de esquerda e centro-esquerda, vamos ser muito criteriosos. Não é porque estamos, neste momento, na mesma trincheira, na luta contra o governo Temer, contra a reforma da Previdência, denunciando o golpe, que naturalmente haverá entendimento. Há todo um histórico, em muitos lugares é um histórico complicado e vamos avaliar caso a caso, estado por estado. Não temos veto nenhum a construir entendimento com partidos que hoje são oposição ao governo Temer, mas vamos ser criteriosos.

Sul21: Em uma entrevista recente, tu afirmaste que o Psol não quer ser apenas “anti-Bolsonaro”. Pode explicar melhor a afirmação?

Juliano: Tem uma tentação, numa eleição tão polarizada quanto essa de 2018, que os extremos ganhem um certo protagonismo. A gente viu isso na Europa, em contexto de crise. Quais são os extremos? No caso da direita, o Jair Bolsonaro (deputado pelo PSC), no caso da esquerda, o Psol. Não há dúvida que na esquerda, o Psol vai vir com a proposta mais radical, enquanto na direita, Bolsonaro vai trazer tudo o que representa o programa dele: racismo, homofobia, machismo, violência, intolerância. Há uma tentação que os extremos busquem polarizar e que, portanto, o Psol trate de ser simplesmente o partido “anti-Bolsonaro”. Nós queremos evitar isso. Na nossa avaliação, isso nos coloca em uma posição que nos impede de falar de outras coisas. Se o Bolsonaro vai atacar comunidade LGBT, direitos das mulheres, é óbvio que vamos defender, mas queremos debater política econômica e ele não tem nenhum projeto econômico. Bolsonaro não tem nenhum projeto para os direitos sociais, nós queremos debater saúde, educação.

Sul21: Vocês acham que ele tem chances de chegar ao segundo turno? Caso chegue, qual seria a posição do Psol? Em 2014, o partido não apoiou oficialmente Dilma, mas recomendou nenhum voto em Aécio.

Juliano: O Bolsonaro vai enfrentar uma condição desfavorável no processo eleitoral, ele vai estar num partido muito pequeno, sem tempo de TV e sem alianças. Todo o espaço que ele tem tido hoje, na imprensa e nas redes sociais, tende a se restringir. O que não o torna um candidato menos perigoso, sobre o qual vamos ter que ter um nível grande de atenção. Intuitivamente, o povo brasileiro, num processo eleitoral, busca saídas concretas e, mesmo em candidatos conservadores, algum nível de consistência política. Bolsonaro tem dado reiteradas mostras que é incapaz de conduzir política econômica, sistema de saúde e educação. Acho que isso vai criando uma barreira eleitoral contra ele próprio. No processo eleitoral, isso pode ficar mais desgastado e dificultar a ida dele ao segundo turno. Eu não descarto a hipótese, mas acho que não é uma coisa tão simples e automática quanto as pesquisas hoje, oito meses antes das eleições, nos fazem crer. Vão entrar ainda outros atores em campo. A direita vai ter duas ou três candidaturas fortes, certamente muito mais consistentes que a dele, no campo da esquerda e centro-esquerda, com Ciro Gomes e Marina, também. O PT certamente terá candidato, ainda que não seja Lula. Sobre segundo turno, a gente não tem nenhum debate sobre isso, mas vamos ter um senso de responsabilidade.

Sul21: Tu tens formação em História. Este momento vem sendo comparado às eleições de 1989, quando havia uma pulverização grande também de candidaturas. Concorda que há semelhanças?

Juliano: Acho que tem algumas semelhanças que são importantes, especialmente a dupla fragmentação. Não é só a esquerda que está trabalhando várias candidaturas, onde você tem a Manuela, o Ciro, o PT e a gente e pode ter ainda mais. Mas no campo da direita também há uma fragmentação grande, ela não era tão fragmentada assim desde 1989. Tem Bolsonaro, o PSDB não sabe o que fazer, discute [Geraldo] Alckmin, discute [João] Doria, discute até Luciano Huck, Henrique Meirelles é pré-candidato, Rodrigo Maia (DEM) é pré-candidato, Fernando Collor de Mello é pré-candidato. A Marina Silva é a própria expressão do que é o centro – nem esquerda, nem direita, muito antes pelo contrário. O PPL vai ter o filho do João Goulart. É uma eleição em que a gente percebe que a crise política chegou a um nível tão profundo, que é possível ocupar um certo espaço. Há um reconhecimento geral que, o ciclo da política brasileira da polarização PT e PSDB, que durou 20 anos, chegou ao final. É a primeira eleição de um novo ciclo político que se abre e todo mundo está se jogando.

Sul21: É imprevisível o que pode acontecer? 

Juliano: Nesse momento, acho bastante imprevisível. Não há como pensar em normalidade, com a possibilidade de um ex-presidente da República e principal nome do maior partido de esquerda, atrás das grades. Isso torna o cenário eleitoral totalmente anormal e pode produzir resultados totalmente fora da normalidade.

Sul21: Na semana passada, houve uma polêmica nas redes envolvendo o Psol. O deputado Jean Wyllys postou um texto defendendo posição a favor do Estado de Israel, na questão palestina, contra uma resolução do partido. Em seguida, membros do partido e o jornalista Glenn Greenwald (casado com o vereador do Psol do Rio, David Miranda) o criticaram publicamente. Como isso foi tratado internamente?

Juliano: Acho que isso é importante explicar. No Congresso Nacional do Psol, em dezembro, foram apresentadas duas resoluções políticas, que eram bem divergentes entre si. Como foi um congresso de um dia e meio, um pouco oprimido pelo tempo, a gente acabou obrigando a Executiva Nacional a se posicionar sobre esses temas específicos. Então, tinha resolução sobre a Venezuela, que a gente ainda vai avaliar, sobre a independência catalã, questões variadas de política internacional. Nessa da Palestina, a Executiva fez um debate sobre as duas resoluções e optou por uma delas, por consenso. Basicamente, ela reconhece o direito do povo palestino de ter seu Estado, condena as ocupações de Israel e política de violência sistemática, além de aprovar a participação do Psol em campanhas de BDS (Boicote, desinvestimentos e sanções) ao Estado de Israel. Essa experiência, no caso da África do sul, foi muito importante para derrubar o apartheid. Nossa avaliação é que o processo de pressão econômica sobre o Estado de Israel pode favorecer ou forçar o processo de entendimento para existência de dois Estados. O Jean discorda dessa posição do partido, ele tem todo direito de fazê-lo, ele expressa essas divergência publicamente, o que acaba tendo um impacto porque ele tem muita influência nas redes sociais e gera respostas. A medida que um parlamentar, da influência do Jean, se manifesta publicamente, divergindo do partido, é claro que cria um clima para que outras pessoas se manifestem e se posicionem. Acho que é natural, é bom para que a esquerda siga discutindo. Mas, nós estamos totalmente engajados na causa palestina e devemos enviar uma delegação para lá nos próximos meses.


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