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31 de outubro de 2017
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10:08

Governo Sartori manda Cientec parar de receber serviços. ‘É um crime contra a sociedade’, diz servidor

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Sul 21
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Governo Sartori manda Cientec parar de receber serviços. ‘É um crime contra a sociedade’, diz servidor
Governo Sartori manda Cientec parar de receber serviços. ‘É um crime contra a sociedade’, diz servidor
A partir do dia 3 de novembro, Cientec não pode mais receber amostras nem abrir novos pedidos de quaisquer serviços. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

O governo José Ivo Sartori (PMDB) determinou à direção da Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec) que, a partir do dia 3 de novembro, não receba mais amostras e abra novos pedidos de quaisquer serviços. Em nota oficial, o presidente da função, Marc Richter disse que a decisão foi comunicada pela Comissão Especial de Modernização, por força do decreto 53.756/2017, que regulamenta a extinção de fundações.

A nota acrescenta que “para que eventual aceite de novo pedido seja acolhido pela Cientec no prazo antes referido, este deverá passar pela análise crítica e justificativa do Gerente do Departamento, onde deveria ser realizado o ensaio, de forma que se tenha a certeza de que o atendimento poderá se dar dentro de um prazo máximo de trinta dias a partir de 3 de novembro de 2017”.

Na avaliação do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais (Semapi), com essa decisão, “além de quebrar o compromisso determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho de negociação coletiva prévia com os sindicatos, entrando com ação no Superior Tribunal Federal, o governo começa a desmantelar as fundações sem que exista uma decisão concreta e oficial”. “É o cúmulo do desrespeito não só com os trabalhadores, como também com toda a sociedade e, principalmente, com a Justiça”, afirma o sindicato.

Cientec já não pode comprar reagentes, nem material de expediente. “Estamos sendo sufocados”, diz secretário da Associação de Funcionários da Cientec. (Foto: Divulgação)

“Um crime contra a sociedade”

“A preocupação dos trabalhadores e de quem tem responsabilidade técnica é que isso que o governo está fazendo é um crime contra a sociedade”, diz Jorge Cruz, secretário da Associação dos Funcionários da Cientec. “Quem é que vai fazer os ensaios de controle da qualidade de alimentos, algo vital para a saúde pública? Quem é que vai fazer o trabalho de avaliação de edificações, fundamental para a segurança da população?”, questiona.

A Cientec possui hoje o único laboratório público habilitado no Rio Grande do Sul para realizar ensaios nas amostras provenientes das ações do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, que verifica a qualidade da carne consumida pela população, entre outros produtos. Jorge Cruz lembra também que foram os laboratórios da Cientec que, recentemente, descobriram a bactéria que interditou a unidade de fatiamento de queijos do supermercado Zaffari. “Qual instituição credenciada assumirá esse tipo de trabalho?”, insiste.

“Clima de indignação e revolta”

O clima dentro da Cientec, revela, é de indignação e revolta, não só pela questão dos empregos de cada um, mas “pela destruição de uma instituição que é uma ferramenta de conhecimento e de poder para os governantes”. “Estamos sendo mortos por inanição. Já não podemos comprar reagentes, nem material de expediente. Estão fechando as portas aos clientes e os trabalhos que estamos realizando devem ser concluídos até dezembro. O governo está nos sufocando materialmente e as pessoas estão adoecendo por conta disso, com casos de depressão e outros problemas psicológicos. Na sexta-feira mesmo, tive que socorrer um colega”, relata ainda Jorge Cruz.

O secretário da Associação de Funcionários da Cientec questiona ainda o desperdício de todo o investimento em formação feito nos últimos anos na conclusão de mestrados e doutorados e na realização de seminários, cursos de formação e pesquisas. “Todo esse investimento está sendo jogado na lata de lixo”.


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