Lucas Rohan
No segundo dia seguido de protestos contra medidas do prefeito Nelson Marchezan Jr (PSDB), servidores municipais realizaram um ato em defesa do Mercado Público de Porto Alegre no final da noite desta quinta-feira (17). Aos gritos de “não à privatização”, os manifestantes entraram no prédio histórico para distribuir panfletos e sensibilizar trabalhadores e usuários contra uma possível privatização. A atividade foi convocada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa) para marcar o Dia do Patrimônio Histórico.
Logo na entrada, os manifestantes foram impedidos de ingressar por uma linha de seguranças. Eles alegavam que os servidores estavam promovendo um princípio de baderna e não poderiam protestar no interior do prédio. Ao ver a cena, a dona de casa Daggi Dornelles, que fazia compras no mercado antes de voltar para São Leopoldo, onde mora, fez um pedido aos seguranças: “Deixa eles passarem, moço. Eles não são perigosos, perigoso é o prefeito”, disse.
Protesto no Mercado Público foi convocado pelo @simpapoa para marcar o Dia do Patrimônio Histórico e rejeitar possibilidade de privatização pic.twitter.com/L1uv3ldg58
— Sul21 (@jornalSul21) 17 de agosto de 2017
Após alguns minutos de negociação e um princípio de confusão, manifestantes e seguranças entraram em acordo e o protesto pode ser realizado silenciosamente. A tentativa de barrar a manifestação foi interpretada por alguns integrantes como “uma amostra grátis” do que vai acontecer caso o mercado seja entregue para a iniciativa privada.
Os manifestantes foram impedidos de entrar no Mercado Público pelos seguranças. Após negociação, eles puderam entrar sem bandeiras e som pic.twitter.com/qudlGqFcSK
— Sul21 (@jornalSul21) 17 de agosto de 2017
No interior edifício histórico, eles distribuíram material informativo e conversaram com trabalhadores. Para Cléber Ferreira da Silva, que trabalha em uma das bancas do mercado, entregar o local para uma empresa mudaria “todo o conceito”. “Hoje entram aqui todas as classes e se privatizar vai virar um shopping”, opinou. “É Mercado Público, então, é público, né?”, completou.
Antes, porém, o grupo estava reunido do lado de fora do Mercado Público com a intenção de dar um abraço simbólico no prédio. Com apoio de integrantes do Levante Popular da Juventude, eles realizaram um ato performático chamado “De olho no Júnior” no qual criticaram, com a ajuda de depoimentos de pessoas envolvidas, as medidas do prefeito.
Um estudante relatou como o fim da gratuidade na segunda passagem afetará sua vida. “Agora eu vou gastar R$ 8 para ir e R$ 8 para voltar”, disse o jovem. Na sequencia, uma professora criticou o fechamento de turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Ele está concentrando todas as turmas numa escola do centro, o que impede que os jovens da periferia estudem”, disse. Uma funcionária da prefeitura falou contra as propostas de privatizações do Dmae, da Orla do Guaíba e do Mercado Público. “Ele quer entregar tudo para os seus amigos a preço de banana”, disse.