Da Redação
A recente alteração de uma normativa interna da Caixa Econômica Federal permitindo a contratação de bancários temporários pode significar o fim dos concursos para o preenchimento de vagas no banco, de acordo com avaliação de representantes do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Sul (SindBancários). Mesmo com a negativa do banco de que vá contratar terceirizados, os trabalhadores acreditam que a alteração na normativa é um sinal de que o banco não fará mais concursos públicos.
“Nossa grande preocupação, além da questão dos trabalhadores, é com o atendimento ao cliente. O problema é que os terceirizados têm alta rotatividade já que se trata de um trabalho precarizado e não criam vínculo com o cliente”, avalia a diretora de formação do SindBancários Virginia Faria. Segundo ela, a alteração promovida pela Caixa na normativa interna também está causando insegurança nos funcionários concursados, que temem ser substituídos por terceirizados.
Virginia lembra que a Caixa já utiliza serviços de terceirizados, mas para atividades meio como vigilância e limpeza, e a alteração recente permite a terceirização em todas as atividades, inclusive no atendimento ao público. A Caixa foi o primeiro banco a promover essa modificação após a aprovação da Lei da Terceirização no Congresso, antes mesmo dos bancos privados.
Este ano a Caixa lançou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que teve adesão de mais de 4 mil funcionários e, segundo Virginia, não está havendo reposição dos postos de trabalho. “As pessoas que saem levam a vaga junto”, argumenta. Ela agrega que do último concurso público realizado pelo banco, “pouca gente foi chamada”.
Para a diretora de formação do SindBancários a alegação da Caixa de que não pretende usar a norma que permite a contratação de terceirizados não convence. “Com certeza é uma ameaça aos concursos”, afirma. “Entendemos que toda essa politica está fragilizando o banco para depois entregar para o mercado”, critica.
Os bancários preparam uma mobilização nacional na próxima terça-feira, 15 de agosto, contra o desmonte da Caixa. Em Porto Alegre eles vão se reunir em frente à Superintendência do banco, na Praça da Alfândega, a partir das 13h. A ideia, segundo Virginia, é conquistar o apoio da população explicando que o desmonte prejudicaria não só os trabalhadores da Caixa. “Desmontar a Caixa vai prejudicar a casa própria, a universidade do filho. Queremos mostrar que se mexer com a Caixa mexe com a vida das pessoas”, argumenta.
