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30 de junho de 2017
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20:34

Prisão e enquadramento de professor em lei antiterrorismo provocam protesto em frente ao Palácio Piratini

Por
Sul 21
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No início da tarde, manifestantes saíram em caminhada do Largo Glenio Peres em direção ao Palácio Piratini. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

A jornada de mobilizações da greve geral, em Porto Alegre, terminou com um protesto de sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais contra a prisão do professor Altemir Cozer, ex-vice-presidente do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) e integrante da executiva estadual do CSP-Conlutas, que foi enquadrado na lei antiterrorismo pela “posse de explosivos”, segundo a Brigada Militar, e encaminhado para o Presídio Central. Cozer foi preso pela manhã, na avenida Bento Gonçalves, juntamente com Vitor Espinosa e Raúl Cerveira, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), após terem participado do piquete organizado pelas centrais sindicais na garagem da Carris ainda na madrugada desta sexta.

Espinosa e Cerveira acabaram sendo liberados, mas Cozer foi preso por carregar rojões em sua mochila e acusado de “posse de explosivos”. Segundo relato feito pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Claudir Nespolo, Altemir, Vitor e Raúl foram presos por homens da P2 (o serviço de inteligência da Brigada Militar) que, segundo ele, estavam infiltrados na manifestação na garagem da Carris. No ato realizado após o meio-dia no ato Glênio Peres, Claudir Nespolo recomendou muito cuidado com essas infiltrações. “Olhem muito bem para quem está do seu lado. Tem muito P2 aqui também. Nossos companheiros foram presos por P2”, disse o sindicalista.

Altemir Cozer é ex-vice-presidente do CPERS e integrante da executiva estadual do CSP-Conlutas. (Foto: Reprodução/Facebook)

O mesmo relato foi feito por Alexandre Dias, servidor público municipal de Porto Alegre e coordenador sindical do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (DMAE). “Havia muitos infiltrados no piquete da Carris, provavelmente da P2. Em determinado momento, eles começaram a agredir nossos companheiros sem que eles tivessem praticado qualquer atitude violenta. Já chegaram batendo e jogando bombas”.

A notícia da prisão dos três manifestantes virou um dos principais temas da manifestação programada para o meio-dia no centro de Porto Alegre. Inicialmente previsto para a Esquina Democrática, o ato, em um primeiro momento, dividiu-se em dois: um no Largo Glenio Peres e outro em frente ao prédio da Prefeitura. A notícia da prisão de Altemir Coser e de seu possível encaminhamento para o Presídio Central acabaram alterando um pouco a pauta da manifestação que se unificou. Em um primeiro momento, a ideia era sair em caminhada até o Palácio da Polícia. Depois, com a confirmação da condução do professor para o presídio, os manifestantes mudaram o rumo da caminhada para o Palácio Piratini.

Milhares de pessoas participaram da caminhada que percorreu ruas do centro de Porto Alegre. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Em praticamente todas as falas dos representantes das centrais sindicais, reapareceu a preocupação com a unidade que, nesta greve geral, acabou sofrendo algumas fissuras. “Isso não é hora para ter demarcação nem chute nas canelas entre nós”, disse Claudir Nespolo, referindo-se a uma manifestação anterior que havia feito críticas à CUT. Na mesma linha, Érico Corrêa, da CSP-Conlutas, afirmou que “é hora de construir uma grande unidade e os que preferirem ficar para trás que fiquem”. Ele reconheceu que a greve desta sexta não teve a mesma intensidade daquela realizada no dia 28 de abril, mas destacou que a militância que saiu às ruas hoje, desde a madrugada, abaixo de chuva, é a vanguarda dessa luta.

A caminhada em direção ao Palácio Piratini iniciou por volta das 13h30 e transcorreu sem qualquer incidente com a Brigada Militar que acompanhou a mesma à distância junto com integrantes da Empresa Pública de Transporte Coletivo (EPTC). Com o apoio de dois carros de som, um ato foi organizado em frente ao Palácio. Representantes das centrais sindicais que participaram do ato formaram uma comissão e solicitaram uma audiência com o governo do Estado para falar sobre a situação do professor preso. Foram recebidos pelo secretário- chefe da Casa Civil, Fábio Branco.

Na saída, os sindicalistas informaram que receberam a confirmação de que Altemir Cozer foi preso por posse de explosivos, delito enquadrado na nova lei do terrorismo e considerado inafiançável. A comitiva protestou contra o que definiu como ação truculenta da Brigada Militar nos piquetes nas garagens de ônibus e manifestou preocupação com a segurança do professor dentro do presídio. No final da tarde, advogados já trabalhavam para tentar tirá-lo da prisão.

Galeria de fotos

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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