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21 de junho de 2017
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00:28

‘Esquenta’ para a greve geral prega unidade, mas se divide em dois atos em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Na mesma hora e separados por poucos metros, ocorreram atos na Esquina Democrática e no Largo Glenio Peres.
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

As forças políticas que estão organizando a greve geral do próximo dia 30 de junho em defesa do “Fora, Temer!” e contra as propostas da Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista promoveram, no início da noite desta terça-feira (20), em Porto Alegre, dois atos de “esquenta” para a mobilização, no mesmo horário e separados por poucos metros. Na Esquina Democrática, concentraram-se militantes do PSOL, PSTU, Fórum em Defesa da Previdência, CSP Conlutas, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas, entre outras entidades. A poucos metros dali, no Largo Glênio Peres, ocorria no mesmo instante outro “esquenta” para a greve geral com a presença de representantes da CUT, da CTB, da Intersindical, da Nova Central Sindical, entre outras organizações.

A ocorrência de dois atos no mesmo momento e praticamente na mesma área do centro confundiu muita gente que chegava para a manifestação sem saber direito o que estava acontecendo. Os organizadores das duas manifestações não explicaram o porquê da duplicidade de atos com a mesma agenda, que acabou expondo algumas divisões que até aqui não vinham afetando explicitamente a unidade do movimento que defende o afastamento de Michel Temer da presidência da República e a suspensão das reformas que estão tramitando no Congresso Nacional. Na manhã desta terça-feira, representantes das centrais sindicais que estão organizando a greve geral do dia 30 se reuniram em Porto Alegre para discutir a mobilização, sem que fosse explicitada a decisão de realizar dois atos no mesmo horário e praticamente no mesmo local.

No Largo Glenio Peres, concentraram-se principalmente entidades que integram a Frente Brasil Popular. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

O mais paradoxal é que, nas duas manifestações, os discursos falavam da importância da unidade entre as centrais sindicais e os movimentos para garantir o sucesso da greve geral do dia 30. Na Esquina Democrática, a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) defendeu uma ampla convocação de todas as categorias de trabalhadores e trabalhadoras pelas centrais sindicais e a importância da unidade para repetir o que aconteceu na greve geral do dia 28 abril. Minutos após, no Largo Glênio Peres, o mesmo apelo pela importância da unidade era repetido nas intervenções de lideranças de movimentos sociais e sindicatos. Berna Menezes, da Intersindical, lembrou a derrota que o governo golpista sofreu hoje no Senado no tema da Reforma Trabalhista e defendeu a necessidade de ampliar a conversa com a população para garantir o sucesso da greve geral do dia 30.

Na prática, porém, a pregação de unidade não escondeu fissuras entre as organizações responsáveis pelos dois atos. As conversas nas duas manifestações falavam da possibilidade de um recuo da Força Sindical na organização da greve geral em troca de um recuo do governo Temer no tema do imposto sindical e de um possível “acordão” que estaria em curso em Brasília visando a realização de eleições em 2018. O vereador Roberto Robaina, do PSOL, e Julio Flores, dirigente do PSTU, foram explícitos neste sentido, sugerindo que uma possível candidatura de Lula em 2018 estaria freando o desejo de mobilização das centrais sindicais ligadas à Frente Brasil Popular.

Apesar da divisão dos manifestantes, Brigada voltou a mobilizar um pesado aparato policial que incluiu a cavalaria.
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

A divisão das forças que tradicionalmente vinham se reunindo em atos unitários na Esquina Democrática não impediu a Brigada Militar de mobilizar mais uma vez um pequeno exército que, além dos batalhões do Choque incluiu um destacamento da cavalaria e o recém-adquirido veículo anti-distúrbios, também conhecido como caveirão. Os batalhões do Choque bloquearam qualquer possibilidade de os manifestantes seguirem para o prédio onde até a semana passada estava a Ocupação Lanceiros Negros, objeto de uma violenta ação de despejo na última quarta-feira.

Em maior número que o ato no Largo Glênio Peres, a manifestação da Esquina Democrática seguiu em caminhada pela Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares. A marcha foi acompanhada por um pelotão de cavalaria da Brigada Militar, mas nenhum incidente foi registrado neste percurso. O duplo “esquenta” na noite gelada de Porto Alegre chegou ao fim com novas convocações para a greve geral do dia 30, deixando explícitas, porém, divisões que pareciam mais secundarizadas na preparação da greve geral de 28 de abril.

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Foto: Guilherme Santos/Sul21
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