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19 de maio de 2017
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19:24

Delação da JBS inclui quatro gaúchos em ‘reservatório de boa vontade’

Por
Luís Gomes
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Delação da JBS inclui quatro gaúchos em ‘reservatório de boa vontade’
Delação da JBS inclui quatro gaúchos em ‘reservatório de boa vontade’
Da esquerda para a direita: Onyx Lorenzoni, Jerônimo Goergen, Paulo Ferreira e Alceu Moreira | Foto: Divulgação

Luís Eduardo Gomes

O Anexo 36 da delação da JBS, que teve o sigilo levantado pelo ministro do STF Edson Fachin nesta sexta-feira (19), aponta que Joesley Batista se “esforçava” para atender pedidos de dinheiro de partidos e políticos durante a campanha eleitoral de 2014 para obter do conjunto da classe política boa vontade para com sua empresa “mesmo quando não havia contrapartida real ou projetada em ato de ofício”. O anexo aponta que os pedidos eram apresentados, geralmente, a Ricardo Saud, diretor de relações institucionais e governo do grupo, que seria o responsável por levá-los a Joesley. Os métodos de pagamento poderiam ser doações oficiais, pagamento de notas fiscais avulsas ou entrega de dinheiro em espécie.

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“O motivo que leva JB a autorizar esses pagamentos apresentava duas faces complementares. A primeira era obter facilidade para, em caso de necessidade ou conveniência, pedir ao político a prática ou a obtenção de ato de ofício que estivesse ao seu alcance. A segunda era evitar atrair a antipatia do político, que pode ser muito danosa quando se trata de grupo empresarial tão capilarizado como o JF”.

Neste anexo, são citados os nomes de quatro gaúchos que teriam sido incluídos em um “reservatório de boa vontade” e teriam recebido pagamento por meio de notas fiscais avulsas ou entrega de dinheiro em espécie. Alceu Moreira (PMDB) aparece como tendo recebido R$ 200 mil em espécie em 27.08.2014. Onyx Lorenzoni (DEM) teria recebido R$ 200 mil em espécie em 12.09.2014. Jerônimo Goergen (PP) teria recebido R$ 100 mil em 12.09.2014. Paulo Ferreira teria recebido R$ 200 mil por meio de pagamento de nova avulsa em 02.10.2014.

Em nota, o deputado Jerônimo Goergen diz que recebeu R$ 850 mil em doações oficiais da JBS na última campanha e nega ter recebido o repasse ilegal de R$ 100 mil. “Não faria sentido aceitar tal pagamento pelo relacionamento correto que sempre mantive com a empresa. É preciso destacar que minha aproximação com o grupo empresarial se deu através do ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, a quem assessorei no Ministério da Agricultura e que, posteriormente, veio ser diretor da JBS. O apoio formal e oficial se deu através dessa relação e pelo trabalho correto que sempre realizei em defesa do setor agropecuário”, diz a nota, que ainda aponta que os sigilos bancário, fiscal e telefônico do deputado estão abertos.

A reportagem não conseguiu o contato com os deputados Onyx e Moreira, nem com o ex-deputado Ferreira.


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