Fernanda Canofre
Um boato começou a correr no início da madrugada de terça-feira (20), no Plenário da Assembleia Legislativa, que já avançava em 10 horas de sessão, colocando as bancadas em alerta. Segundo o rumor, divulgado por uma emissora de rádio, para garantir o apoio do PTB ao pacote de medidas apresentadas pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB), o governo teria oferecido à legenda a cadeira da Presidência da Assembleia Legislativa, em 2017. A história que corria pela casa dava conta ainda de que o deputado Ronaldo Santini seria quem assumiria a posição.
O nome do próximo presidente da Assembleia, no entanto, que assume após o mandato da atual presidente, Silvana Covatti (PP), já está definido há dois anos: deputado Edegar Pretto, do PT. Depois dele, o deputado do PDT, Marlon Santos é quem deve ocupar o cargo. A decisão faz parte de um acordo que vem sendo mantido pelas bancadas do Legislativo há 14 anos. Por regra, cada presidente da AL teria mandato de dois anos a cumprir, mas o acordo vigente desde 2002, definiu que a cada início de mandato, os líderes se reúnem e decidem o revezamento na presidência entre as 4 maiores bancadas da Casa. As bancadas menores têm participação garantida em outros postos importantes da presidência.
Segundo Edegar Pretto, assim que o boato começou a circular, o deputado Santini entrou em contato com ele para desmentir a história. “O PTB, segundo seus membros me falaram, não faz parte deste acordo, não faria, não concorda com nenhum tipo de questões que venha descumprir um acordo tão antigo nesta Casa”, afirma o petista.
O deputado, que deve assumir a presidência já no retorno do recesso, em janeiro, diz estar “convicto” de que o acordo será mantido. Uma equipe de transição já está em reunião com a equipe de Silvana Covatti para tratar da transferência de cargos. “Não é um favor que eles estão fazendo. Nós conquistamos nas urnas a possibilidade de estar neste acordo, já pela terceira vez vamos presidir a Casa. É democrático e, na minha opinião, não tem acordo mais democrático que este”, disse ainda Edegar.
O deputado Ronaldo Santini nega que tenha sido contatado pelo governo e disse desconhecer a origem do boato. Ele classificou o suposto acordo como algo “nojento”. “Esse rumor é uma irresponsabilidade de alguém que quer criar uma cizânia dentro da Casa, uma cizânia entre partidos de um acordo que já foi utilizado por todos dentro da Casa, eu mesmo fui vice-presidente graças a este acordo. Sem a menor condição de se confirmar, no que depender do PTB. O PTB é conhecido por honrar acordos”, declarou ele, nesta terça (20), durante o segundo dia de votações.
Os deputados da bancada do PT chegaram a se reunir para tratar da questão. Depois de contatar outras bancadas, que garantiram que a quebra de acordo não seria uma possibilidade, também passaram a descartar a hipótese. “Quebrar essa confiança que se construiu ao longo desses 15 anos, teria um custo muito elevado para o Parlamento. Poderia gerar uma instabilidade por um longo tempo ali, que eu acho que ninguém quer. Nenhuma bancada responsável aqui quer criar um ambiente de quebra de estabilidade, de desconfiança, de quebra de acordos”, explicou o deputado do partido, Tarcísio Zimmerman.
