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6 de julho de 2016
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22:26

Divergências sobre impeachment de Dilma e coligações motivam saída em massa do PSTU

Por
Sul 21
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PSTU
Foto: Diego Cruz/Divulgação PSTU

Da Redação

Centenas de militantes do PSTU deixaram o partido nesta semana devido a divergências teóricas, especialmente referentes à forma de lidar com o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e com coligações com o PSOL. Foram mais de 700 militantes, dos quais 27 são gaúchos, que romperam com a sigla e pretendem formar uma nova organização. A direção nacional do PSTU lançou nota em que afirma que a ruptura “se deu depois de meses de um debate interno, amplamente democrático, em que apareceram diferenças políticas, de programa e teoria”.

Segundo a direção, o setor que rompeu com o partido se coloca contra a política expressa na palavra de ordem de “Fora Dilma, Aécio, Temer, Cunha, fora todos eles!” e defende como palavra de ordem principal “Não ao impeachment”, embora afirmando oposição a Dilma e ao governo interino de Michel Temer. Os militantes defendiam que o partido participasse de atos da Frente Povo Sem Medo. “A  maioria do partido rechaçou esta posição por considerar que o ‘Não ao impeachment’ e a participação em atos da Frente Povo Sem Medo significava, na prática, a mesma postura política da campanha contra o suposto golpe, deflagrada pelo PT para tentar manter Dilma no governo. A Frente Povo Sem Medo, encabeçada pelo MTST e o PSOL, foi simplesmente a ala esquerda da campanha pelo ‘Fica Dilma'”, afirma a nota.

Para os dirigentes do PSTU, Dilma e o PT despertaram o ódio dos trabalhadores ao “traí-los miseravelmente” e atacarem seus direitos.  “Os trabalhadores queriam que o governo saísse, e esse sentimento era correto e justo. O governo Dilma não era ‘progressivo’ frente a uma alternativa burguesa qualquer, como Temer, por exemplo. Para os trabalhadores eram iguais. Portanto, não há que se defender um contra o outro e sim lutar contra os dois. Fora Dilma, Temer Cunha e Aécio! Fora todos eles!”, pedem.

 Esses “companheiros” que romperam com o partido, ainda, dão uma “importância às eleições burguesas maior do que elas deveriam ter para os revolucionários”, na avaliação da direção. “Defendem que precisamos estabelecer, sistematicamente, alianças e frentes com partidos como o PSOL, que é uma organização reformista, porque nos apresentarmos sozinhos seria nos isolarmos. Essa avaliação se apoia numa visão de que vivemos mundialmente um longo período em que não estará colocada a possibilidade de revoluções socialistas, mas apenas de revoluções democráticas e que, portanto, é imprescindível eleger deputados e participar do parlamento”, criticam.

Já os militantes que saíram do partido lançaram um manifesto chamado “É preciso arrancar alegria ao futuro“, em que afirmam que “a nova situação mundial abre importantes perspectivas aos socialistas. Mas é preciso saber atuar. Acreditamos que a postura dos revolucionários diante da reorganização da esquerda deve ser firme, porém, paciente. Porque o caminho da autoproclamação nos condenaria à marginalidade. Porque sabemos que o isolamento, a condição de minoria e a luta contra vento e maré durante tantas décadas deixaram em todos nós cicatrizes, reflexos sectários que devemos ter a coragem de superar”.

Em sua visão, a apresentação de um programa revolucionário não é o basante para construir uma organização marxista, mas sim é preciso que ele seja ouvido e aceito pelas massas. “Não superaremos a marginalidade com um programa ultraesquerdista, que os trabalhadores não estão dispostos a abraçar, ou que, às vezes, nem sequer compreendem”, apontam.

A interpretação a respeito da forma como ocorreu o impeachment de Dilma também distingue para os militantes que optaram por sair do partido. Ao contrário da direção, que considera que os trabalhadores queriam a saída da presidenta, os divergentes apontam que “se liderada pela oposição de direita, a derrubada de Dilma seria uma saída reacionária para a crise política; deseducaria os trabalhadores em sua tarefa de autoemancipação”, que foi o que ocorreu.

Eles afirmam que irão criar uma nova organização, que “resgate a grandeza e a integridade do projeto socialista; (…) que seja capaz de influenciar verdadeiramente os rumos da luta de classes no país, de inspirar confiança e esperança novamente”. O ato nacional de lançamento da organização está marcado para ocorrer no dia 23 de julho, na cidade de São Paulo.


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