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8 de abril de 2016
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12:55

Corrupção massiva em escala global divulgada pelos ‘Panama Papers’ revela essência do capitalismo

Por
Sul 21
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Corrupção massiva em escala global divulgada pelos ‘Panama Papers’ revela essência do capitalismo
Corrupção massiva em escala global divulgada pelos ‘Panama Papers’ revela essência do capitalismo

Do Diário Liberdade, via Agência Brasil

Líderes políticos, financeiros, midiáticos, um setor significativo do que podemos denominar “a elite mundial”, aparecem em grande número de esquemas de lavagem de dinheiro e evasão fiscal nos mais variados países, segundo foi divulgado neste domingo (03/04), pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, na sigla em inglês).

Ao que todo indica, estamos diante do maior vazamento de documentação confidencial já realizado, incluindo todo o tipo de informações sobre atividades de lavagem de dinheiro, mediante a evasão de impostos evitando sanções, garantindo e aumentando lucratividade financeira de pessoas milionárias por todo o mundo.

Carlos Latuff/Opera Mundi
Carlos Latuff/Opera Mundi

Entre as pessoas afetadas, foram contabilizados 72 ex-chefes de Estado, mas também presidentes e ministros em exercício com relações de “negócios” com empresas offshore (no estrangeiro) não declaradas. Também mega empresários, estrelas de cinema, famílias reais, jogadores de futebol, etc, bem como milhares de empresas de todo o mundo.

Na impossibilidade de ser ocultado, os meios de comunicação de cada país estão oferecendo a sua versão com uma lista parcial, politicamente orientada, de pessoas atingidas pelo filtro dos chamados “Papéis do Panamá” (Panama Papers).

Nós também nos referiremos a alguns casos politicamente relevantes, na perspectiva de quem, contrariamente aos meios burgueses, não foi cooptado nem depende dos grandes poderes do capital. Comecemos com os nomes de:

• Salman bin Abdulaziz Al Saud – rei da Arábia Saudita;
• Mauricio Macri — empresário-presidente da Argentina;
• Mounir Majidi —secretário e chefe dos negócios do rei de Marrocos;
• e o do pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron;

sem nos esquecermos de

• Petro Poroshenko — atual presidente da Ucrânia;

acrescentamos os não menos significativos:

• Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani — ex-primeiro-ministro do Qatar;
• Hamad bin Khalifa Al Thani, ex-emir do Qatar
• Khalifa bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, atual presidente dos Emirados Árabes Unidos.
• Juan Armando Hinojosa — “empreiteiro favorito” do presidente do México, Enrique Peña Nieto.

Colaboradores e parentes de chefes ou ex-chefes de Estado como: Paquistão; Guiné Equatorial; Egito;  Gana; China; Azerbaijão; Rússia; Síria; África do Sul; Islândia e Angola são parte da enorme lista. Não que julguemos ser esses casos menos graves do que outros, mas convém que os mais poderosos e influentes, aliados ou integrantes do núcleo duro do imperialismo, sejam colocados bem à vista.

A pesquisa massiva realizada por centenas de jornalistas do mundo expôs em pormenor o movimento de capitais e o funcionamento dos paraísos fiscais no período entre 1977 e 2015.

Não podemos deixar de nos referir às centenas de empresas do Estado espanhol envolvidas neste esquema massivo de corrupção, muitas das quais beneficiadas pela anistia fiscal promovida há poucos anos polo governo do Partido Popular. Além disso, destaca a presença da tia do monarca espanhol, Felipe de Bourbon, assim como o diretor de cinema e “ícone nacional” das artes espanholas Pedro Almodóvar.

Curiosamente, os meios espanhóis da burguesia estão evitando informar sobre o envolvimento da classe dirigente espanhola e apontam para outros líderes mundiais, nomeadamente para o russo Vladmir Putin, orientando a opinião pública para os “inimigos públicos” assim declarados polo imperialismo ocidental em que o Estado espanhol se enquadra.

No Brasil, são referidas seis grandes empresas e famílias envolvidas na chamada “Operação Lava-Jato”, que teriam negociado com a Mossack Fonseca: a construtora Odebrecht e as famílias Mendes Júnior, Schahin, Queiroz Galvão, Feffer (grupo Suzano) e Walter Faria (grupo Petrópolis).

Já no caso de Portugal, ressalta-se a presença do milionário Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, apontado como envolvido na investigação Lava Jato e com 14 empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas — nas áreas dos minérios, gás natural e exploração de petróleo.

Estados Unidos, Suíça e Alemanha são alguns dos destinos do dinheiro conduzido a contas nebulosas.

O caso dos Panama Papers só acabou de vir a público, mas já podemos lançar a pergunta determinante: será que dá para continuar a sustentar que a corrupção é só um assunto episódico e não essencial na dinâmica metabólica do sistema capitalista mundial?

Texto publicado originalmente em galego pelo Diário Liberdade


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