Jaqueline Silveira
Em entrevista coletiva no final da tarde desta quarta-feira (23), a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) se disse surpresa diante da inclusão do seu nome em uma das planilhas apreendidas pela 23ª fase da Operação Lava Jato e divulgadas pelo Jornalista Fernando Rodrigues. De acordo com um dos documentos, ela teria recebido uma doação de R$ 300 mil da empreiteira Odebrecht para a campanha à prefeitura de Porto Alegre em 2012.
A deputada se manifestou após analisar os documentos divulgadas. Em uma das planilhas, conforme ela, constam R$ 300 mil e em outra, valor diferentes, além de uma terceira, a única com data – 6 de setembro de 2012, que apontaria que nenhuma doação ao PCdoB foi feita pela empreiteira. “Os dados são díspares. Não existe essa doação, só trabalho com doações lícitas”, argumentou Manuela. Pelos documentos analisados, a deputada avaliou que seu nome foi incluído nas planilhas em que não há data como uma previsão da empreiteira para doação, já que no início ela estava liderando as pesquisas. Mas que, depois de sua “queda vertiginosa”, a doação não se concretizou. “Sei disso tanto quanto vocês (imprensa). Sou a maior interessada em esclarecer os fatos”, afirmou a deputada.
Manuela garantiu, ainda, que nem o diretório nacional do PCdoB repassou qualquer doação ao órgão estadual proveniente da Odebrecht. Ela acrescentou que já pediu a seu advogado para ter acesso a esses documentos, que integram o processo da operação Lava Jato, e que está à disposição para ir a Curitiba prestar esclarecimentos ao juiz federal Sérgio Moro, encarregado do caso. A deputada também afirmou que até hoje passa “por constrangimentos” por não ter conseguido quitar todas as dívidas da campanha de 2012, que somam R$ 819 mil, entre os comitês financeiros do candidato e do partido. “Parece evidente que, se tivesse recebido os valores que constam na lista, o resultado de minha prestação de contas não seria tão negativo”, frisou ela.
Por fim, ela ironizou o fato de os autores dos documentos apreendidos lhe darem o codinome de “avião” nas planilhas. “Talvez, essas pessoas nunca tenham me visto em uma disputa eleitoral pesada, como a da prefeitura em 2012, em que saí destruída e não servia nem para avião de carga”.