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18 de março de 2016
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17:38

Manifestantes querem passar imagem cívica, de defesa da Constituição

Por
Sul 21
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Manifestantes querem passar imagem cívica, de defesa da Constituição
Manifestantes querem passar imagem cívica, de defesa da Constituição
Ato pela democracia terá concentração a partir das 15h. FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
Ato pela democracia terá concentração a partir das 15h. FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

Hylda Cavalcanti

Da RBA

As manifestações que estão programadas para esta sexta-feira (18), em Brasília e em todo o país, estão sendo organizadas com muita cautela, segundo afirmaram vários organizadores ouvidos na manhã desta sexta pela RBA. O objetivo é passar uma mensagem cívica, que não apenas defenda o governo e proteste contra o impeachment, mas também que marque a defesa dos preceitos constitucionais e Estado democrático de direito.

“A bandeira do Brasil é de todos e da mesma forma que foram para as ruas nos últimos dias com elas, nós também vamos com nossas camisas vermelhas e a bandeira do nosso país nas costas, com muito orgulho”, afirmou o sindicalista Robson Araújo, que está desde cedo se organizando com grupos que pretendem sair em ônibus, de várias cidades satélites para a sede do Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios (estão se programando para chegarem ao local por volta das 15h). O ato de Brasília será transmitido pela TV Comunitária-DF, canal 12 da NET.

“Pretendemos fazer uma passeata linda e nosso ato nada tem a ver com a violência desse povo feroz, da direita, que usa a agressão para desabafar por não ter conseguido vencer a eleição de 2014. Sabemos que temos uma presidenta que não tem motivos para ser afastada, um ex-presidente que não tem provas contra ele e confiamos em nossa forma para combater todas estas afrontas aos direitos individuais e à Constituição”, disse a bancária Aline Santiago, que desde cedo já estava em frente ao Congresso para se organizar para a manifestação.

Movimentos sociais, de religião afro, estudantes, comerciários, agricultores rurais da região do entorno do Distrito Federal e servidores públicos – todos estão reunidos em caravanas rumo à Esplanada para fazerem o outro lado das manifestações populares realizadas no último domingo.

Estão programados para participar do movimento a Frente Brasil Popular (formada por 60 entidades, como CUT, UNE, CTB, movimentos sociais), intelectuais de esquerda e cidadãos que não fazem parte destes movimentos, mas confirmaram presença ao lado das famílias e de amigos “contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos sociais”, como assegurou a técnica judiciária Luciana Valência.

“O negócio é ir para a rua, defender a Constituição. Não temos outro nome para dar a esse tipo de coisa, senão chamar de golpe. E não podemos deixar que outro golpe aconteça neste país, depois de tudo que já passamos”, disse o coordenador do grupo Fora do Eixo, Pablo Capilé, que assistiu ontem à posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ministério da Casa Civil, no Palácio do Planalto, ao fazer referência ao período de ditadura civil-militar.

Zabumbas e atabaques

“Os atabaques irão soar tal qual na terra de Zumbi dos Palmares chamando o povo para a luta em defesa da democracia. O povo nego não foge à luta”, publicou em sua página no Facebook o fotógrafo Luiz Alves, militante do movimento negro.

Alves acrescentou, ainda, que  “o povo do Axé estará nas ruas contra o golpe”. “Não participamos de golpes, não participando de atos orquestrados por fundamentalistas que nos atacam, invadem e queimam nossas casas” (ressaltou, ao mencionar o fato de, em 2015, vários templos terem sido alvo de incêndios criminosos no Distrito Federal por grupos racistas e homofóbicos, em episódios que estão sendo investigados pela polícia).

“Construímos uma Constituição que fala em dignidade humana e em estado democrático de direito neste país. Quantos homens e mulheres sofreram neste país para que essa constituição fosse criada e cumprida? E vemos agora uma série de falas infantilescas que mostram falta de argumentos e falta de previsibilidade constitucional para o afastamento de uma presidenta eleita”, afirmou há pouco, do plenário da Câmara, a deputada Erika Kokay (PT-DF).

De acordo com Erika, “é bom que todos vão mesmo às ruas, de todas as correntes e para fazer todos os protestos, tanto a oposição como os que defendem o governo. Porque foi a luta por esta Constituição que está aí, que permitiu o direito aos brasileiros de se manifestarem. Hoje é a nossa vez de nos manifestarmos também”.

Isolamento dos grupos

Apesar do acompanhamento a ser feito pela Polícia Militar, com reforço das Forças de Segurança durante toda a mobilização em Brasília, a preocupação está sendo no sentido de separar os dois grupos, uma vez que mesmo tendo sido este dia destinado para as manifestações de solidariedade ao governo no trecho entre o início da Esplanada dos Ministérios até o Palácio do Planalto e a Praça dos Três poderes, vários integrantes de entidades como o Movimento Brasil Livre (MBL), de oposição, também prometem ir para as ruas para voltar a protestar pela saída da presidenta do cargo.

“Pretendemos isolar os grupos, como fizemos no domingo. Hoje a preferência é dos movimentos sociais que solicitaram antecipadamente a prioridade de uso da Esplanada, da mesma forma como fizeram outros momentos no domingo passado. Os que quiserem fazer a outra manifestação deverão se concentrar do trecho entre a Rodoviária e a Torre de TV”, explicou o tenente da PM André Montenegro,

Também o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que foi nomeado ontem presidente da comissão que vai apreciar o processo de impeachment, pediu cautela e cuidado à população e disse que o momento é muito grave. Rosso destacou que jamais pensou que o Brasil estaria em um momento como este. Ele alertou para o fato de que, “para além da crise política, o Brasil corre o risco de caminhar para uma crise institucional”. “Nossas instituições estão em jogo, nossa democracia está em jogo”, acrescentou.


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