Hylda Cavalcanti
Da RBA
A reunião do diretório nacional do PDT, além de votar deliberações internas do partido e oficializar o apoio à presidenta Dilma Rousseff e contra o impeachment, fechou questão também no sentido de lançar candidato próprio nas eleições de 2018 e para trabalhar pela saída do atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo. A reunião foi marcada por elogios a recém-filiados, como o ex-ministro Ciro Gomes, e sugestões de apoio dos dirigentes a uma futura aliança a ser delineada para a sucessão de Dilma numa chapa PT-PDT.
Ciro Gomes, ao discursar, disse que sua transferência do PROS para o PDT não implicou necessariamente no interesse particular de se candidatar à presidência da República, conforme tem sido destacado pela mídia. Ele acentuou que está à disposição da legenda para o que for necessário. “Estou pronto para desempenhar qualquer tarefa que o PDT entender que eu esteja à altura de enfrentar”, afirmou Gomes.
Já o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, afirmou, pouco antes do início da reunião, ao falar com os jornalistas, que vários dirigentes do PT com quem conversou demonstram boa receptividade em relação ao nome de Ciro Gomes para 2018. “A possibilidade de o PT não ter candidato para suceder a presidente Dilma Rousseff tem sido admitida por integrantes da base aliada e até mesmo do PT, e Ciro é um bom nome. Muita coisa pode acontecer até lá”, afirmou – evitando entrar em maiores detalhes sobre o assunto.
Lupi disse que o PDT tem uma “bancada estelar” que cuida do partido e das suas decisões país afora, composta por nomes como os falecidos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, e o ex-governador Leonel Brizola. E assegurou ter certeza de que “os três continuam trabalhando de onde se encontram pelos rumos do trabalhismo no país”.
“Temos contato espiritual com esta Executiva e tenho certeza que eles estão aqui agora, participando da reunião e nos ajudando nesta jornada”, acrescentou.
Legalidade e democracia
O senador Afonso Mota (PDT-RS) salientou que Brizola – que se estivesse vivo completaria nesta sexta-feira 94 anos – trabalharia contra qualquer processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, motivo pelo qual a legenda precisa seguir o mesmo caminho. “O Brizola lutou com armas pela legalidade e pela democracia no Brasil. Vamos lutar com nossos microfones nas ruas e no Congresso para impedir essa tentativa de golpe”, ressaltou.
A estudante Rafaela Alexandrino, que viajou do Ceará até Brasília para participar da reunião, elogiou a militância do partido, as ideias trabalhistas defendidas ao longo de décadas pelos pedetistas e afirmou que se mobilizará para ajudar seu conterrâneo, Ciro Gomes, a chegar à presidência. Também o ex-vereador Netinho de Paula, de São Paulo, ao cumprimentar os militantes, disse que vai trabalhar ao lado do partido “para ajudar o Ciro (Gomes) e fazer do PDT um tapete para atropelar os incompetentes”.
Durante toda a manhã, os discursos foram mesclados por palavras de guerra da legenda e manifestações emocionadas ao fundador do PDT, Leonel Brizola, com depoimentos sobre lembranças de contatos e encontros das pessoas com o líder falecido em 2004, durante sua vida.
Dentre as palavras de ordem, foram gritadas várias vezes frases como “Socialista PDT é pra lutar, é pra vencer”, “Brizola, guerreiro, do povo brasileiro”, “Dilma, volta para casa” (chamando o PDT, antiga legenda da presidenta, de sua ‘casa’) e “Brasil pra frente, Ciro presidente”.
Na continuidade do encontro nesta tarde, o diretório nacional pretende avaliar questões mais fechadas da sigla, como filiações, situação dos municípios e resoluções a serem tomadas com vistas às eleições deste ano.
