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26 de outubro de 2014
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22:23

A eleição vista desde a Itália

Por
Sul 21
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A eleição vista desde a Itália
A eleição vista desde a Itália

Maria Wagner

Também os jornais italianos acompanharam a eleição no Brasil. La Repubblica publicou extensa matéria de análise neste domingo (26). Focou no desempenho de Dilma Rousseff nas urnas, lembrando os feitos de seu governo e as denúncias que envolvem seu partido, o PT, na corrupção descoberta na Petrobras.

A matéria começa contando que Dilma votou em Porto Alegre, o estado mais ao Sul do Brasil e que, exibindo o comprovante de seu voto, pediu aos eleitores que confiassem nela para um segundo mandato. Depois, o autor conta que ela passou pelo primeiro turno com 41,9% dos votos e tem um “legado considerável”, como resultado conjunto dos 12 anos de PT no governo do País, primeiro com dois mandatos de Lula e depois com o dela. “Segundo dados divulgados em setembro pela ONU a extrema pobreza foi reduzida em até 75% e o índice de desnutrição caiu pela graças ao programa Bolsa Família, que beneficiou 56 milhões de pessoas. A taxa de desocupação o governo de Dilma atingiu outro marco histórico – 5% – e no mandato dela também foram criados 21 milhões de postos de trabalho”.

Mas o crescimento econômico que levou o Brasil ao olimpo entre as potências emergentes perdeu força: se em 2010 o crescimento era de 7,5%, durante a gestão Rousseff ficou em 2,3% no ano 2013 e, segundo previsões, deve ser de apenas 0,9% em 2014. “A inflação próxima de 5% mergulhou a classe média na crise, e a raiva por causa dos serviços públicos insuficientes e por causa da corrupção da classe política ganhou forma nas grandes manifestações de protesto em junho, um ano antes da antes da Copa do Mundo”, acrescenta o autor do texto. Ele afirma que “a descoberta de uma rede de corrupção interna na Petrobras, indústria petrolífera do País do qual o Estado é o acionista majoritário, dificultou a situação de Dilma Rousseff”.

A campanha eleitoral foi duríssima, recheada de constantes acusações mútuas em uma espécie de guerra jornalística. O imenso eleitorado é agora separado em dois campos opostos, com uma clara e visível divisão nas redes sociais, mas também nas ruas e nos cafés. O “social-democrata Aécio Neves” – na definição do autor da matéria – promete manter e aperfeiçoar os programas sociais desenvolvidos por Dilma Rousseff, mas também promete equilibrar as contas públicas e fazer uma reforma tributária que favoreça os setores produtivos. Mas, “acima de tudo, ele se apresenta como uma força de mudança depois dos 12 anos de poder do PT. Passando pelo primeiro turno com 33,5% de votos, agora Neves também ganhou o apoio da ambientalista Marina Silva, que ficou em terceiro lugar com 21%”. Marina, lembra o autor da matéria, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e figura como símbolo dos dissidentes do Partido dos Trabalhadores.

O jornalista conta que Dilma Rousseff foi aos debates sustentando que Aécio Neves tem em mente uma cura econômica “brutal” o que reduzirá os postos de trabalho e pesará sobre a população mais pobre do País. Diante da forma como a campanha evoluiu, ele acredita que “qualquer um que vença neste domingo não terá que enfrentar somente desafios econômicos, tendo que, também, reconciliar a Nação depois de uma campanha eleitoral que produziu tensão e divisões no interior da sociedade”.


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