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16 de março de 2014
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13:43

Em ritmo de tango, Tarso Genro é aclamado para disputar reeleição

Por
Sul 21
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Festa de aniversário do governador teve um presente surpresa, com forte carga emocional: um show com o músico Hique Gomez, o primeiro desde a morte de seu parceiro de Tangos e Tragédias, Nico Nicolaiewsky.
Festa de aniversário do governador teve um presente surpresa com forte carga emocional: um show com o músico Hique Gomez, o primeiro desde a morte de seu parceiro de Tangos e Tragédias, Nico Nicolaiewsky. (Fotos: Ramiro Furquim/Sul21)

Marco Weissheimer

Não era surpresa para ninguém que a festa de aniversário do governador Tarso Genro seria também um ato político em defesa da reeleição do atual governo. O que pouca gente sabia é que a festa seria marcada por um momento de alta carga emocional. Logo após o jantar que lotou as dependências da Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia, a secretária-geral do PT gaúcho, Eliane Silveira, anunciou um presente para Tarso Genro: um show com o músico Hique Gomez, o primeiro desde a morte de seu parceiro de Tangos e Tragédias, Nico Nicolaiewsky. Hique Gomez subiu ao palco com sua banda, vestindo um terno verde e claro e, visivelmente emocionado, falou:

“É uma honra estar aqui hoje brindando à saúde do governador Tarso Genro, a quem agradeço a atenção dada pela morte de meu companheiro, dedicando três dias de luto no Estado. É o primeiro show depois da morte do Nico. É um show para o governador em homenagem à memória do meu companheiro”.

Foi um show de aproximadamente 40 minutos, marcado pela mistura de estilos das culturas do sul da América do Sul e embalado, principalmente, pelo ritmo do tango. Moacir Scliar também foi homenageado com uma música inspirada no centauro do jardim, personagem de um dos principais livros do escritor gaúcho. “Me identifiquei com esse animal”, disse Hique Gomez ao anunciar a música em homenagem a Scliar. O tango também esteve presente na adaptação de um clássico dos Beatles, uma música para superar uma “lacuna” na carreira da banda inglesa: “os Beatles nunca gravaram um tango. Ninguém se deu conta disso”, brincou. Agora já tem uma versão capitaneada por um músico de Porto Alegre.

“Saiu a tragédia e ficou o tango”, resumiu um jornalista, apontando a qualidade e a elegância carregada de emoção na apresentação de Hique Gomez e seus músicos. Ao final do show, Tarso Genro subiu ao palco e deu um abraço demorado no músico e nos demais integrantes da banda. “Agora o governador vai cantar um tango”, brincou Hique, deixando o palco. O show eletrizou os dois pisos lotados da Casa do Gaúcho. O público participou, cantou junto, aplaudiu e tirou muitas fotos que eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Em seguida, foi exibido um vídeo de três minutos sobre a trajetória de vida de Tarso Genro, que começou a militar na política aos 14 anos. Aí iniciou a parte propriamente política da festa com a subida ao palco de alguns convidados e convidadas especiais: Olívio Dutra, Manuela D’Ávila (PCdoB), Maria do Rosário, Pepe Vargas, Miguel Rossetto, Paulo Paim, Ary Vanazzi, Luis Augusto Lara (PTB), Mari Perusso (PPL) e Coronel Bonetti (PR). O grupo expressa a composição de partidos que deve apoiar a campanha à reeleição do atual governo: PT, PCdoB, PTB, PPL e PR.

Ovacionado pelo público, Olívio Dutra fez uma saudação especial ao “militante, pensador e governador Tarso Genro".
Ovacionado pelo público, Olívio Dutra fez uma saudação especial ao “militante, pensador e governador Tarso Genro”.

Olívio: “Tenho certeza que o Tarso vai estar conosco nesta caminhada”

Ovacionado pelo público, Olívio Dutra fez uma saudação especial ao “militante, pensador e governador Tarso Genro. “A vida para nós é permanentemente um ato político e o companheiro Tarso é um ser político. Temos muita coisa pela frente em 2014. Queremos continuar governando o Rio Grande do Sul e governando o Brasil com a companheira Dilma. Tenho certeza que o Tarso vai estar conosco nesta caminhada”.

Representante do Partido da República, o coronel Bonetti disse que seu partido se sentia honrado em trabalhar para alcançar os mesmos objetivos que o atual governo busca. Entusiasmado e também aniversariante, o senador Paulo Paim deixou as mediações de lado e falou abertamente da candidatura de Tarso à reeleição: “Vai ser muito viajar pelo Rio Grande do Sul falando das conquistas do governo Tarso e do governo Dilma. É Dilma lá e Tarso aqui”, bradou. Na mesma linha, Mari Perusso garantiu: “estaremos ao seu lado para reeleger esse projeto e seguir fazendo um Rio Grande para todos”.

Luís Augusto Lara, do PTB, revelou uma conversa recente que teve com o ex-senador Sério Zambiasi e anunciou qual seria o presente para o aniversariante. “Conversei com o Zambiasi e ele falou o seguinte: diz pro Tarso que o presente que o PTB vai dar para ele é o mesmo que o Rio Grande do Sul vai dar em outubro, a reeleição do atual projeto”. O presidente do PT gaúcho, Ary Vanazzi, seguiu na mesma toada: “O presente que queremos lhe dar, governador, é reeleger o nosso projeto no dia 7 de outubro”.

Falando em nome próprio e do PCdoB, Manuela D’Ávila saudou o aniversariante, defendeu a reeleição do atual projeto que governa o Estado e lembrou a qualidade do trabalho desenvolvido por Tarso Genro no governo federal, destacando em especial dois projetos, o Prouni e o Pronasci, “duas revoluções que o Brasil viveu e que foram coordenadas pelo senhor”.

Em sua fala, Tarso Genro valorizou aliados e defendeu importância dos partidos e da política para a democracia.
Em sua fala, Tarso Genro valorizou aliados e defendeu importância dos partidos e da política para a democracia.

 Defesa dos partidos e da política

Principal atração da noite, o governador Tarso Genro iniciou sua fala chamando para o seu lado os representantes de todos os partidos que estavam ali presentes. E fez uma defesa enfática da importância da política e dos partidos: “Vivemos uma época em que a grande manipulação neoliberal operada pela mídia quer reduzir a política à impostura e quer desmoralizar os partidos, submetendo o Estado ao controle do capital especulativo. Por isso, a obrigação de qualquer militante de esquerda ou progressista hoje é defender a política e os partidos”.

Tarso falou sobre os 67 anos completados, lembrando que iniciou sua trajetória política aos 14 anos. “O tempo passa muito rápido. Mas essa pressa do tempo também é pontuada por grandes momentos e são esses momentos que nos constroem como políticos e seres humanos”. Um desses momentos, apontou, é governar o Rio Grande do Sul. Antecipando aqueles que devem ser os eixos estruturantes de sua campanha à reeleição, Tarso relacionou três pontos que considera fundamentais em 2014:

1. “Estamos construindo as condições de unidade, com os partidos que estão presentes aqui hoje para que o nosso projeto continue. Precisamos examinar o nosso programa de governo, ver o que conseguimos cumprir e identificar aquilo que precisamos aperfeiçoar”.

2. “Vamos reafirmar um compromisso total com a ética e de nenhuma tolerância com a corrupção”.

3. “É fundamental também que vinculemos o nosso projeto ao projeto nacional representado pelo governo da presidenta Dilma”.

Tarso: “Ainda tenho muita energia e muita juventude para dar e continuar lutando junto com todos vocês"
Tarso: “Ainda tenho muita energia e muita juventude para dar e continuar lutando junto com todos vocês”

No mesmo dia em que o PMDB escolheu o ex-prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, como candidato ao Piratini, Tarso Genro aproveitou para se referir aos adversários históricos do PT no Estado. Ao se referir as dificuldades que Dilma vem enfrentando com o PMDB em nível nacional, Tarso afirmou: “nós conhecemos bem esse partido aqui. Eles participaram dos dois governos anteriores ao nosso e entregaram um Estado quebrado e enfraquecido em suas funções públicas”.

Por fim, Tarso falou em reafirmar um compromisso com a utopia, apontada por ele não como um horizonte onde vai se chegar de fato, mas sim como um rumo para a caminhada. E garantiu: “ainda tenho muita energia e muita juventude para dar e continuar lutando junto com todos vocês”. Se alguém ainda tinha alguma dúvida quanto à candidatura do governador à reeleição, deixou a Casa do Gaúcho com essa dúvida dirimida.


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