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2 de setembro de 2010
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14:00

Tarso recebe apoio de especialistas para universalizar a Educação

Por
Sul 21
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Rachel Duarte

O Desafio da Universalização com Qualidade Social. Este foi o mote de um diálogo entre especialistas e a rede escolar de Porto Alegre e Região Metropolitana, na noite desta quarta-feira (1º/09). O evento integrou uma das ações de campanha do candidato ao governo gaúcho, Tarso Genro (PT) e contou com a contribuição do professor licenciado da Unicamp e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, e da Doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná Acácia Kuenzer.  O evento ocorreu no auditório Elizabeth Lee do Colégio Americano.

Os maiores beneficiados com a reflexão sobre o tema –  os estudantes – também fizeram parte do diálogo. Os jovens das principais entidades estudantis do estado e alunos de algumas escolas convidadas assistiram aos palestrantes. Os que subiram ao palco fizeram questão de agradecer ao candidato pelo ProUni, uma iniciativa que garante bolsas nas universidades particulares para jovens de baixa renda, criado pelo candidato do  PT, quando foi ministro da Educação. Por esta razão, foi entregue pelo presidente da Uges (União Gaúcha de Estudantes), Tales Silva, um “diploma de doutor honoris causa” ao ex-ministro da Educação, Tarso Genro.

“Tanto se discute que a educação é prioridade e quando tem alguém que faz um política como é o ProUni, que também estimula o jovem a ingressar em uma universidade, é justo fazer esta homenagem”, disse. Tales exemplificou com o caso da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), dizendo que é preciso mudar a posição sobre ela: “A visão de que a Uergs é um fardo, que é preciso se livrar dela, reflete o pensamento que há sobre Educação”. Tales critica: ” Com esse descaso, faltam laboratórios, computadores, valorização dos profissionais. E isso a gente vê no Ensino Médio também. Às vezes é junho e ainda não tem professor de currículo na rede estadual”.

Excedendo-se no tempo de fala, ao contrário do habitual, Tarso fez uma exposição sobre sua nomeação ao cargo de ministro da Educação e seus desafios. Ele assumiu a pasta em 2004, após a saída do então titular Cristóvam Buarque. Disse que houve uma mudança de foco, dirigido para a criação de diretrizes que promovessem o diálogo e uma visão sistêmica. “Promovemos debate com a academia e com a sociedade. E, partir daí, fizemos umas alianças internas que nos ajudaram a impulsionar a educação brasileira”, disse.

Outra educação é possível?

Apresentando a problemática da educação no Brasil, a professora Acácia Kuenzer salientou que a centralidade dos conteúdos definidos a partir da cultura dominante precisa ser substituída por uma efetiva relação entre conteúdo e método. “A autoridade do professor que expõe a sua síntese particular deve ser substituída por situações de aprendizagem em que o aluno se relacione produtivamente com o conhecimento e com as formas de produzi-lo, de modo individual e coletivo, articulando as diversas áreas do conhecimento”, salientou.

Ela disse ainda que este princípio educativo já se faz presente em bom número de escolas burguesas, que preparam as “elites empreendedoras” para os poucos e bem remunerados postos de trabalho ainda existentes. “O nosso desafio é desenvolver um projeto competente, segundo o novo princípio educativo do trabalho, para os trabalhadores e excluídos, não para ajustá-los às demandas da acumulação flexível, mas para torná-los aptos para destruir as condições de exclusão e construir uma sociedade em que todos possam usufruir dos benefícios da produção social, segundo seu desejo e suas necessidades”, falou a doutora, depositando sua confiança em Tarso Genro para contribuir com esta tarefa no RS.

Já o presidente do IPEA, Márcio Pochmann, apresentou o cenário demográfico do Rio Grande do Sul. Segundo ele, os demais estados que integram a região Sul do país (Santa Catarina e Paraná) estão tendo mais êxito nas políticas educacionais. “Em 1992, o Rio Grande do Sul tinha a menor taxa de analfabetismo e a melhor média de escolaridade entre os estados do Sul. Hoje a média dos gaúchos e de 7,7 anos, dos paranaenses, 7,9 e dos catarinenses, 8 anos. Ento, os indicativos eram maiores 18 anos atrás e hoje o Rio Grande do Sul é o terceiro entre os três”, explicou.

Pochmann mostrou que, ao contrário do Rio Grande do Sul, o Brasil avançou em Educação, na última década, o que não ocorria desde 1940. “O Brasil ficou um século sem tornar a escola o tema central da república brasileira. O governo Lula conseguiu ampliar de forma muito rápida o ensino médio, mas estamos longe do ideal que é a universalização. Mas já é importante os 24% de alunos, entre 18 e 24 anos, que tem acesso ao ensino superior no país, pois antes era apenas 5% da população que tinham”, contextualizou.


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