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10 de setembro de 2010
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20:44

PMDB e PDT convocam prefeitos para a briga pelo segundo turno

Por
Sul 21
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PMDB e PDT convocam prefeitos para a briga pelo segundo turno
PMDB e PDT convocam prefeitos para a briga pelo segundo turno
Nabor Goulart/Freelancer
Prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais e vereadores de todo o Estado reuniram-se no Clube Caixeiros Viajantes, na Capital | Foto: Nabor Goulart/Freelancer

Igor Natusch

A campanha de José Fogaça (PMDB) ao Piratini está preocupada com a baixa mobilização das prefeituras pertencentes à coligação Juntos Pelo Rio Grande. Em um momento considerado decisivo para a campanha, no qual a grande briga da coligação é garantir a presença no segundo turno contra Tarso Genro (PT), a leitura é de que uma melhora nas pesquisas passa necessariamente por uma mobilização extra nas microrregiões do estado. Para aquecer a campanha e encorajar as bases, PMDB e PDT promoveram, na manhã desta sexta-feira (10), um ato no clube Caixeiros Viajantes, em Porto Alegre. A convocação, embora amistosa, era clara: os prefeitos da coligação devem se afastar temporariamente de seus cargos, dedicando-se em tempo integral à corrida pelo Piratini.

O desentendimento entre as lideranças gaúchas do PMDB e PDT e as bases regionais era assunto corrente nos bastidores do encontro. De um lado, pessoas ligadas ao comitê de campanha queixavam-se da falta de esforços em prol de Fogaça nas microrregiões do estado. “A gente vai ao interior, vê um monte de cartazes dos candidatos regionais, e quase nada do Fogaça. Aí fica difícil”, reclamava uma pessoa próxima do núcleo da candidatura. Os prefeitos, por sua vez, acusam os caciques peemedebistas de darem pouca atenção às regiões mais distantes do estado. “Pedimos várias vezes adesivos do (candidato ao senado, Germano) Rigotto (PMDB), e até agora não mandaram nada”, queixava-se a assessora de um dos prefeitos presentes no evento. Um dos prefeitos foi ainda mais incisivo. “Querem que a gente vá para a rua, mas não aparecem quando a gente convida. Nos deixam sozinhos com toda a responsabilidade da campanha”, criticou.

Para superar essas desavenças e animar todos a vestirem de vez a camisa de Fogaça, montou-se o cenário para uma grande festa. Lideranças do PMDB de Porto Alegre, como o secretário-geral do PMDB da capital, André Carús, e o deputado Luiz Fernando Záchia, recepcionavam calorosamente os recém-chegados. Duas equipes de filmagem, uma do lado de fora e outra no corredor de entrada do clube, gravavam depoimentos para uso nos próximos programas de TV da coligação. Um homem pilchado ficou parado, próximo à entrada, carregando bandeiras de Fogaça e do PDT.

Com tanto esforço, o clima no encontro tornou-se festivo, causando até aglomeração de pessoas na entrada do salão onde ocorreu o evento. A chegada de José Fogaça, ao lado do senador Pedro Simon e do deputado Mendes Ribeiro Filho, coordenador da campanha, aconteceu às 11h10, provocando gritos de apoio e uma grande movimentação de bandeiras. Pompeo de Mattos (PDT), vice na chapa de Fogaça, chegou cerca de dez minutos depois. Germano Rigotto, candidato peemedebista ao senado, foi o mais atrasado, chegando pouco antes das 12h, quando o evento já tinha começado.

Bolzan: “Situação é incômoda”

“A posição em que estamos é incômoda, não corresponde ao tamanho e à história do partido”, declarou sem rodeios o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Jr. Para incediar a militância trabalhista, ele não economizou palavras. “Nós, do PDT, não temos o direito de nos omitir, de ficar em casa. É hora de mostrar garra e pegada, de lutar para virar essa eleição. Todos que puderem tirar férias ou mesmo se licenciar de suas prefeituras devem fazê-lo”, conclamou. Bolzan deu o exemplo, ao pedir férias da prefeitura de Osório para dedicar-se integralmente à campanha.

O presidente estadual do PMDB, senador Pedro Simon, manteve um tom semelhante em seu discurso. “Hoje é o dia da arrancada real de nossa campanha. O resultado das eleições está aqui, nessa sala”, disse. “Se vocês (prefeitos) decidirem que vamos ganhar, então a eleição estará decidida. Convoco cada prefeito do PMDB a assumir o comando da campanha em sua região”, insistiu Simon.

“Vamos acordar a nossa gente, que está hipnotizada pela onda de Lula e não enxerga a situação do nosso estado”, conclamou o deputado Pompeo de Mattos (PDT), vice na chapa de Fogaça. E reforçou os pedidos para que os prefeitos se dediquem mais ativamente à campanha estadual. “Um trabalhista, um verdadeiro brizolista, não vai se negar a ceder 15 dias de seu trabalho e de seu prestígio a uma causa tão importante”, insistiu o deputado.

Pompeo de Mattos também criticou a posição de lideranças locais que se distanciam da campanha majoritária estadual. “Distribuir colinha só com o número do candidato a deputado não dá”, alfinetou, reclamando de candidatos na eleição proporcional que não estariam abraçando a causa de Fogaça. “Temos que recolher esses panfletos e colocar o 15 (número de Fogaça) e o 151 (número de Rigotto) neles”, exclamou, entre aplausos.

Simon: “Desvirtuaram o que eu disse”

Pedro Simon aproveitou para explicar-se sobre as declarações dadas no começo da semana, quando deu a entender que votaria em Dilma Rousseff (PT) na eleição presidencial. “Desvirtuaram o que eu disse. O que é importante é mostrar que, para os prefeitos e para o Rio Grande, o Fogaça é um governador melhor do que Tarso, mesmo que a Dilma seja eleita”, defendeu. E alfinetou o candidato Tarso Genro (PT): “Fogaça pode não ter intimidade com Dilma, mas também não vai ter inimizades com ela. Tarso não é da mesma corrente de Dilma, ele inclusive vetou a candidatura dela à presidência”, atacou.

O senador também desmentiu as notícias que associam o novo posicionamento da campanha à participação mais ativa do secretário-geral do PMDB, Eliseu Padilha. “O Padilha está conosco desde o começo da campanha, não tem problema nenhum com ele. São notícias que surgem para nos desmobilizar. Que onda é essa?”, reclamou.

José Fogaça também comentou a posição de imparcialidade ativa adotada pelo PMDB gaúcho na corrida presidencial. “O PDT está ao lado de Dilma (Rousseff, candidata do PT à presidência), parte da militância do PMDB está com (o candidato do PSDB, José) Serra. Nossa posição de neutralidade é uma demonstração de respeito a essas divergências”, garantiu. “O que nos importa não é se o Presidente A ou o Presidente B vai vencer, e sim a eleição do RS. Temos que mostrar que o Tarso (Genro, candidato do PT ao Piratini) não é a Dilma, que nossa proposta é melhor para defender os interesses do Rio Grande”.

Fantasmas de 2006

Durante o evento, foram muito lembrados os acontecimentos eleitorais de 2002, quando o então candidato a governador Germano Rigotto (PMDB) tinha menos de 10% nas pesquisas e conseguiu ganhar os dois turnos da eleição, e, em 2006, quando o mesmo Rigotto era dado como presença certa no segundo turno e acabou cedendo espaço, na reta final, para Yeda Crusius (PSDB). “Em 2006, cometemos um erro, e começamos a pensar no segundo turno cedo demais. Está na hora de a gente acertar”, exortou Pedro Simon.

O próprio Germano Rigotto, hoje candidato ao Senado, lembrou do assunto. “Em 2002, viramos a eleição com muita união e mobilização. Já em 2006, achamos que podíamos decidir tudo no segundo turno, e nem conseguimos chegar até lá”, recordou. “Agora é hora de assumirmos um compromisso, deixar de lado as pesquisas e as divergências, e acreditar no poder de nossa mobilização”.

Na tentativa de contemplar parte das reclamações dos prefeitos, Germano Rigotto adotou um tom conciliador. “Sabemos que há um chamamento forte pela nossa presença”, admitiu. “Vamos nos dividir para cobrir o máximo de municípios nessa reta final. A eleição está na nossa mão, mas os prefeitos precisam se mobilizar em suas regiões, mesmo que a gente não possa estar presente”, pediu.

Ao solicitar que os prefeitos afastem-se temporariamente de seus mandatos e se dediquem à sua campanha, Fogaça deu seu próprio exemplo. “Eu dei o meu mandato na prefeitura de Porto Alegre em nome de todos vocês, em nome do nosso sonho. Se eu tivesse 10 mandatos, daria todos eles”, discursou. “Esse instrumento fantástico, que é a nossa coligação, vai nos garantir no segundo turno. Coloquem a gente lá e deixem o resto para nós”, empolgou-se.

Bandeiraço e reuniões

Depois do ato, Fogaça e Rigotto acompanharam os prefeitos e vices em uma breve caminhada até o Parcão, que logo se transformou em um bandeiraço com cerca de 100 participantes. Pedro Simon, Romildo Bolzan Jr. e Mendes Ribeiro Filho, por sua vez, permaneceram no Caixeiros Viajantes. Foram participar de reunião com Eliseu Padilha e coordenadores regionais da campanha de Fogaça. A pauta: estratégias para tirar a mobilização do discurso e transformá-la em prática nessas últimas semanas de corrida pelo Piratini.


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