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8 de setembro de 2010
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22:50

PF liberta o quarto suspeito de desvio no Banrisul

Por
Sul 21
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Igor Natusch

Foi libertado, na tarde de hoje (8), o quarto suspeito de participação no desvio de verbas de marketing do Banrisul. Davi Antunes de Oliveira, apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema de corrupção, teve sua liberdade provisória concedida pela 6ª Vara Criminal de Porto Alegre. Segundo o Tribunal de Justiça do estado, a soltura foi concedida por já terem sido apreendidos todos os materiais pertinentes ao processo, de forma que o acusado não pode mais interferir nas investigações.

Davi Antunes de Oliveira foi preso na sexta-feira (3), e tinha consigo R$ 82 mil em espécie. A liberação de Oliveira ocorreu dois dias depois da soltura dos outros três acusados de participação no esquema: o superintendente de marketing do Banrisul, Walney Fehlberg, o representante da agência publicitária SLM, Gilson Storck, e um dos diretores da agência DCS, Armando D’Elia Neto.

Os quatro estariam envolvidos em um esquema de superfaturamento de campanhas publicitárias para a instituição bancária. Os trabalhos eram repassados pela DCS e pela SLM a empresas terceirizadas, por valores muito inferiores aos que o Banrisul pagava pelo material. Grandes somas de dinheiro, em espécie, foram encontradas pela PF em posse dos suspeitos. A Operação Mercari, que investiga o desvio de verbas no Banrisul, suspeita que crimes como evasão de divisas e lavagem de dinheiro foram cometidos por meio do esquema.

Os valores das licitações seriam combinados diretamente entre o marketing do Banrisul e as empresas de publicidade envolvidas no acordo. A superintendência de marketing do Banrisul escolheria sempre o orçamento de menor valor, já superfaturado, e o dinheiro excedente seria dividido entre os integrantes do esquema. Segundo a força-tarefa que investiga o caso, mais de R$ 10 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos.

Sobrenome conhecido

Não é a primeira vez que o sobrenome Antunes de Oliveira aparece ligado a irregularidades no Banrisul. Paulo Gerson Antunes de Oliveira, irmão de Davi e ex-assessor do PMDB gaúcho, foi acusado pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM), em 2007, de estar envolvido com  superfaturamento em materiais publicitários do Banrisul. Segundo acusações de Feijó, a empresa de Paulo Gerson, P&G Associados, teria sido contratada para redesenhar a logomarca do Banrisul, serviço pelo qual o banco teria desembolsado R$ 20 milhões. Na época, ficou  constatado que o nome de Paulo Gerson não constava mais entre os sócios da empresa. O Banrisul defendeu-se da acusação de superfaturamento, alegando, à época, que a logomarca teria sido redesenhada pela DCS por um valor de R$ 107 mil.

Além dos volumes em dinheiro, a Operação Mercari apreendeu documentos e computadores nas residências e escritórios dos acusados. Esse material será analisado pela força-tarefa em busca de informações que provem a participação dos quatro acusados no desvio. “Se encontrarmos alguma coisa em relação a campanhas eleitorais, isso certamente será comunicado ao procurador eleitoral”, afirmou Ildo Gasparetto, Superintendente da PF no Rio Grande do Sul.

Não há previsão para depoimentos, diz advogado

Ao serem interrogados na PF, os quatro acusados mantiveram silêncio, reservando o direito de pronunciarem-se apenas em juízo. Durante o dia de hoje (8), circulou a informação de que as datas para os depoimentos dos acusados à Justiça seriam divulgadas em breve. No entanto, o advogado de Gilson Storck, José Antônio Paganella Bosch, disse desconhecer a origem dessa informação. “Não tenho a menor ideia de quando meu cliente será chamado a depor”, disse Bosch. “Ainda há um grande volume de informações a serem analisadas pelo Ministério Público, e somente depois da análise de todas elas é que começará de fato a instrução. Isso deve levar ainda alguns dias para ser feito”, garantiu o advogado.

Ainda segue indefinida a posição do Banrisul quanto ao episódio. Existe a possibilidade do banco entrar com um processo contra a União, pedindo ressarcimento pelos danos que teriam sido causados à imagem da instituição com a divulgação de informações sobre o caso. O advogado contratado pelo Banrisul, Fábio Medina Osório, é o mesmo que defendeu a governadora Yeda Crusius (PSDB) no caso da fraude no Detran, em 2008. No momento, o banco suspendeu todas as campanhas publicitárias, ações de marketing e patrocínio a eventos, enquanto o gerente de execução, Renato Calveti, realiza auditoria interna nas contas de marketing do banco. O Banrisul estuda também a possibilidade de demissão imediata de seu superintendente de marketing, Walney Fehlberg, envolvido nas denúncias. O comando interino do setor está a cargo do profissional de carreira Ildo Musskopf.


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