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7 de setembro de 2010
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00:30

Banrisul: três acusados são soltos, um segue na prisão

Por
Sul 21
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Mateus Bandeira, presidente do Banrisul, anuncia novo superintendente de marketing do BancoIgor Natusch

Três dos quatro presos durante as investigações do desvio de verbas de marketing do Banrisul tiveram sua liberdade provisória confirmada por volta das 16h de hoje (6). O superintendente de marketing do banco, Walney Fehlberg, o diretor da agência DCS, Armando D’Elia Neto, e o representante da agência publicitária SLM, Gilson Storck, estavam detidos na sede da Polícia Federal em Porto Alegre. Os quatro foram ouvidos pela PF durante a manhã, enquanto seus advogados encaminhavam os pedidos de soltura. O quarto preso pela Operação Mercari, Davi Antunes de Oliveira, segue detido e foi encaminhado na noite de hoje (6) para o Presídio Central de Porto Alegre.

Os quatro são acusados de desviar verbas do Banrisul, destinadas a campanhas publicitárias da instituição. Os valores pagos pelas ações estariam superfaturados, em um esquema que teria custado mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos. Grandes somas de dinheiro foram encontradas em posse dos acusados. Segundo o superintendente da PF, Ildo Gasparetto, o dinheiro em espécie reforça as suspeitas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Liberdade provisória

O advogado de Gilson Storck, João Antônio Paganella Bosch, comemorou a soltura de seu cliente. “Não havia sentido na manutenção da prisão, já que não existem razões legais que a justificassem”, afirmou. Com a soltura, a preocupação da defesa passa a ser explicar a origem do dinheiro encontrado na residência de Storck – cerca de R$ 88 mil, em espécie. “Vamos mostrar de forma clara a origem do dinheiro”, garante o advogado. Segundo Bosch, os valores apreendidos correspondem a devoluções de gastos do cartão de crédito, além de verbas oriundas do pro labore e de lucros da SLM.

“Um homem com o salário (cerca de R$ 20 mil por mês) e as atribuições do meu cliente acaba acumulando algum dinheiro em casa. Pode parecer um valor alto para quem ganha salário mínimo, mas não é exorbitante para alguém com essa renda mensal”, garante o advogado de Storck. “Mostraremos extratos do cartão de crédito e dados da contabilidade para deixar clara a origem legal de todo o dinheiro”. Parte dos valores encontrados pela Polícia Federal estaria destinado à compra de um imóvel, segundo o advogado de Storck.

“A prisão foi decretada pelo plantonista da noite de quinta-feira (02)”, declarou Aury Lopes Jr., advogado que defende os interesses de Armando D’Elia Neto e da DCS. “Encaminhamos o pedido de liberdade na sexta-feira (03), e a juíza titular da Vara pediu um prazo para analisar a documentação. Graças a isso, meu cliente ficou detido por alguns dias, sem que houvesse necessidade nenhuma de mantê-lo sob custódia”. Para Aury, a prisão de D’Elia Neto era injustificada, já que todas as provas haviam sido colhidas e não havia riscos ao prosseguimento do processo.

Aflição

Segundo o advogado de Gilson Storck, o acusado está “aflito” com as acusações e ficou abatido com o período passado na prisão. “É uma reação normal para quem nunca tinha sido detido antes, seria até estranho se ele reagisse de outro modo”, diz José Antônio Paganella Bosch. “Mas meu cliente está mais tranquilo, satisfeito de voltar a cuidar da sua empresa”. Aury Lopes Jr. reforçou as colocações de seu colega, dizendo que Armando D’Elia Neto está “abalado”. “Uma prisão como essa é muito grave na vida de uma pessoa bem-sucedida como ele, ainda mais com a grande repercussão do caso na imprensa”, diz o advogado.

A Polícia Federal divulgou hoje (6) imagens de um maço de notas encontrado na casa de Walney Fehlberg, superintendente de marketing do Banrisul. O volume estava escondido em um vaso de plantas, e continha R$ 10 mil envoltos em um papel com a inscrição “TESOURARIA DCS, 07 jul 2010″. Para a PF, essa evidência demonstra a ligação escusa entre Fehlberg e a DCS, além de associar os volumes encontrados na casa do superintendente com os valores semelhantes nas residências dos dois públicitários.

Novo superintendente

Preocupado com a repercussão negativa do caso, o Banrisul está tomando uma série de medidas para preservar sua imagem. As ações do Banco estão centradas nas esferas jurídica e administrativa. O presidente do Banrisul, Mateus Bandeira, confirmou hoje (6) o nome de Ildo Musskopf para assumir interinamente a superintendência de marketing do Banco. Musskopf assume o lugar de Walney Fehlberg, preso pela Operação Mercari na última quinta (02). O novo superintendente é profissional de carreira, tendo atuado como gerente-geral da agência Parcão e também como gerente da Agência Central do Banco. Foi confirmado também o novo gerente de execução de auditorias da instituição, que será Renato Calveti.

O Banrisul está estudando ainda a possibilidade de uma ação indenizatória contra a União, pedindo ressarcimento pelos supostos danos à sua imagem, causados pelas informações divulgadas pela Polícia Federal. O advogado contratado para cuidar dos interesses do Banrisul é Fábio Medina Osório, o mesmo que defendeu a governadora Yeda Crusius (PSDB) no caso da fraude no DETRAN. “Questionamos o caráter espalhafatoso da divulgação de informações da Operação Mercari”, declarou o advogado. Medina orientou a direção do Banrisul a buscar uma consultoria externa para medir os danos, “presentes e futuros”, decorrentes da divulgação de dados da investigação.


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