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12 de agosto de 2010
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09:00

Pequenos partidos apostam nas mulheres

Por
Sul 21
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Candidatos: Dóris Schlatter (PV), Maximiliano Andrade (PMN), Marliane Santos (PSol) e Vera Rosane (PSTU)

Rachel Duarte


Os candidatos a vice-governador dos cinco pequenos partidos e também do PSol foram convidados a responder um questionário previamente estabelecido pelo Sul21 para concluir esta etapa da série Eleições 2010. As entrevistas foram respondidas pelo PSol, PV, PMN e PSTU. As siglas PCB e PTC não responderam dentro do prazo estabelecido para a publicação da matéria. O que chama  a atenção é a presença de mulheres como vice nestas candidaturas. Ao lado de Júlio Flores no PSTU, a funcionária pública federal Vera Rosane diz que foi escolhida pela sua luta contra o preconceito racial e de gênero. A integrante do Cepers/Sindicato Marliane Santos está ao lado de Pedro Ruas na disputa pelo PSol ao Piratini e Dóris Schlatter foi escolhida para substituir Luis Carlos Evangelista na chapa do PV, com a campanha a pleno vapor.

Dóris Schlatter – Partido Verde

Formada em Direito pela Unisinos, funcionária pública licenciada da Polícia Civil, onde atua como escrivã de polícia. Ministra aulas de Direito Civil na Acadepol há 10 anos. Trabalha também na ONG Cruz Vermelha, dando aulas sobre pronto-socorrismo. Está no PV há sete anos, é militante da causa feminista dentro do partido  e é candidata pela primeira vez.

Sul21 – Como foi a sua indicação para vice na coligação? Por quê?

Dóris Schlatter – Tive uma educação rígida por ser de família de descendência europeia. Aprendi que a palavra tem mais valor que uma assinatura. E na política nós vemos brigas por cargos, desrespeito às ideologias e desorganização na estrutura do Estado. Por isso, eu nunca quis participar de nada partidariamente. Mas, diante do exemplo de pessoa que a Marina (candidata do PV à Presidência da República) é, como mulher batalhadora, e do projeto que ela representa, me motivei.

Eu sempre fui convidada a concorrer e nunca aceitei. Este ano, me motivei em razão de ser a candidata Marina Silva. Temos mais contato virtual, não tenho proximidade com ela, mas queremos mais mulheres na política e na defesa dos direitos humanos e o do meio ambiente. E as mulheres naturalmente mantêm estes valores.

Ser mulher pode ser considerado um diferencial?

Homens e mulheres estão em pé de igualdade, mas acredito no jogo de cintura das mulheres. Parecem ser mais comprometidas com as causas sociais. E, no meu caso, tenho capacidade de mobilização. Realizo atividades com grupos, executo palestras e circulo no meio de muitas pessoas. Isso é importante para a mobilização da campanha.

A senhora substituiu o primeiro nome indicado na candidatura do PV, o senhor Luis Carlos Evangelista. Isso não prejudicou a candidatura, já que terá menos tempo para a senhora se tornar conhecida?

Eu integro a Executiva do partido e conheço também o Evangelista, que é ambientalista – o principal mote da nossa campanha. Eu inicialmente propus ao PV para concorrer ao Senado e na época não tinha candidato a vice. Então,  fiz a indicação do Evangelista e todos concordaram.  Só que, na votação para a escolha do candidato ao Senado, perdi por oito a seis, e como o Evangelista teve problemas para conciliar a vida pessoal com a campanha, eu assumi, porque  sou funcionária pública licenciada e estou em condições de viajar e me dedicar.

Qual a sua contribuição na campanha?

A valorização do funcionalismo público e da mulher em diversos âmbitos da sociedade. Principalmente nas áreas da Segurança e Educação.

Qual a importância de um vice no governo?

Dar suporte e tranquilidade para o nosso governador: Montserrat Martins. Para que ele possa governar com tranquilidade e não como esse modelo atual (governo Yeda Crusius – PSDB), que foi para a mídia por diversas vezes por não conseguir ter uma gestão com o seu vice.

A senhora está preparada, caso sua candidatura seja eleita, para trabalhar junto com o candidato a governador Montserrat Martins?

Ele como médico e eu, como atuante no ensino, temos contribuições importantes, pois a Educação e a Saúde estão defasadas. Os servidores não são ouvidos e temos altos índices de desvalorização dos quadros e são áreas essenciais que temos experiências para agir como tem que ser: de forma integrada.

Quais são as prioridades da sua candidatura?

Dar suporte para os deputados poderem priorizar a campanha e ampliar o número de eleitores no partido. Queremos diminuir a distância do governo com as pessoas que realmente precisam do Estado. Dar o devido suporte para a população e aproximá-las da política para não cair no descrédito. Pois, na política, há pessoas imbuídas em melhorar a situação da população.

A senhora representa uma candidatura de oposição, quais as principais críticas ao modelo atual de gestão do Estado?

Este governo se preocupou bem mais com brigas internas e movimentar as pessoas dentro do governo. Isso refletiu insegurança sobre o futuro do RS. Os dois primeiros anos foram tumultuados em razão dos escândalos. No nosso entendimento, se o nosso governador ganhasse, isso não ocorreria.

O Partido Verde não tem representatividade no Legislativo gaúcho, isso deixa a sigla mais distante da opinião pública. A aposta será utilizar a imagem da candidata Marina Silva (PV) como uma estratégia para fazer o partido crescer aqui?

Apostamos sim. Vamos fazer uma campanha mais institucional no Estado em reforço do programa nacional. Nossa rotina de viagens ao interior está forte, já que em Porto Alegre as pessoas já estão mais preparadas para o PV e nos conhecem. Mostraremos que temos propostas sérias e ligadas ao projeto nacional da Marina. Estamos apostando nos jovens, para resgatá-los. A juventude está muito desacreditada e estamos tendo retorno positivo já. Os nossos candidatos na proporcional também estão recebendo suporte para levar nossas ideias pelo interior. Buscamos fazer o partido, eleger na proporcional e ajudar a Marina.

Maximiliano de Andrade – Partido da Mobilização Nacional (PMN)

Empresário. Entrou na política em 1990, no PDSB. Pela falta de espaço para concorrer,  saiu do PSDB e foi para o governo de Germano Rigotto (PMDB), em 2004, trabalhar como coordenador político. Em 2006, foi convidado a construir o PSDC de José Maria Imael no Rio Grande do Sul. Com dificuldades para compatibilizar os interesses da sigla no Estado e no País, desligou-se da política. Em 2007, retornou às atividades no Executivo. Desta vez, no Ministério do Turismo do Governo Lula. Em 2009, viu uma oportunidade de ser deputado federal pelo PMN. Mas, a pedido da sigla ele foi convidado a compor chapa ao governo gaúcho com Carlos Schneider.

Sul21 – Como foi a sua indicação para vice na coligação?

A minha indicação foi dada na Convenção Nacional, em São Paulo. Quanto à coligação, nós não temos, pois estamos indo para esta eleição sozinhos: “chapa única”. A escolha foi da  Executiva Nacional que achou os nomes mais indicados para concorrer o Governo do Estado do Rio Grande do Sul: o Carlos Schneider e eu, Maximiliano Andrade.

Qual a sua contribuição na campanha?

Acho que minha importância na campanha junto com meu governador é ajudar a reorganizar o Estado como um todo. Tanto nas áreas mais necessitadas como saúde, educação, segurança, e também, olhando para nosso campo. O agronegócio e o turismo rural integram nossas preocupações. Ao mesmo tempo queremos ajudar a estruturar e fixar de vez a bandeira do PMN no Rio Grande do Sul.

Qual a importância de um vice no Governo?

O vice-governador tem que estar em plena sintonia com seu governador para que na ausência dele possa dar continuidade aos trabalhos. Também faz parte da tarefa dar apoio e suporte em todos os momentos.

O senhor está preparado, caso sua candidatura seja eleita, para trabalhar junto com o candidato a governador Carlos Schneider?

A partir do momento que aceitei o convite para ser candidato a vice me senti plenamente apto a exercer esta tão importante função. Desde já, para mim, é um prazer em ser vice de Carlos Schneider, pois tenho a absoluta certeza que temos uma grande afinidade e compromisso com o povo gaúcho. Vamos resolver os problemas do Estado.

Quais são as prioridades da sua coligação?

As prioridades do PMN no Rio Grande do Sul são: resolver a carga tributária, o agronegócio, o turismo rural, bem como me referi na pergunta anterior saúde, segurança, educação e tantos outros problemas a serem resolvidos.

O senhor representa uma candidatura de oposição, quais as principais críticas ao modelo atual de gestão do Estado?

Nós, do PMN, não estamos nesta campanha para criticar o atual governo ou anteriores. Quem tem que dizer se está certo ou errado é o povo gaúcho. Quanto a nós, se eleitos, vamos melhorar o que está bom e modificar o que está ruim.

Vera Rosane Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU)

Servidora pública federal, graduada em Ciências Sociais pela PUCRS, doutoranda em Educação na UFRGS e liderança do movimento negro. Integrante do Movimento Negro Unificado e do Quilombo e Classe com Luta. Atua também como militante do Movimento Luta Mulher. É uma das fundadoras do PSTU.

Como foi a sua indicação para vice na coligação? Por quê?

Fui escolhida na conferência do partido por já ter sido candidata a vice-governadora em 2002. Como representei bem, me indicaram novamente.

Qual a sua contribuição na campanha?

Por ser militante de gênero e raça estou voltada a esta perspectiva. Vou organizar as mulheres para o combate aos preconceitos.

Qual a importância de um vice no governo?

Na concepção do partido, o vice discute conjuntamente com toda a estrutura do governo. Discutimos e decidimos coletivamente e está de acordo com os interesses da população. A orientação das ações é sobre os interesses da coletividade.

A senhora está preparada, caso sua candidatura seja eleita, para trabalhar junto com o candidato a governador do seu partido?

Nós temos plena afinidade em todos os debates. Temos coerência quanto aos candidatos a vice, governador e qualquer outro membro do partido.

Quais são as prioridades da sua candidatura?

Primeiro de tudo é organização dos trabalhadores para construção de um plano de obras públicas, criação de escola, hospitais. Queremos viabilizar uma qualidade de vida boa para a população, que é diferente da que estamos vivenciando hoje.

A senhora representa uma candidatura de oposição, quais as principais críticas ao modelo atual de gestão do Estado?

Como temos o princípio da organização dos trabalhadores e damos voz a eles, isso já é o oposto do modelo atual, porque esta é a principal lacuna que ele tem. Uma vez que os trabalhadores é que constroem a riqueza do país e do estado, eles não podem ficar de fora da decisão do destino dos recursos.

Marliane Santos  – Partido  Socialismo e Liberdade (PSol)

Professora de séries iniciais, atualmente trabalha como auxiliar administrativa numa escola de Porto Alegre. Natural de Rosário do Sul (RS), começou a militar no movimento estudantil quando ainda era aluna do Magistério. Marliane  foi uma das fundadoras do PSol. No CPERS/Sindicato, é diretora geral.

Como foi a sua indicação para vice na coligação? Por quê?

Eu milito há muito tempo. Ajudei a fundar, junto com Heloísa Helena e Luciana Genro, o PSOL quando o PT abandonou as bandeiras das lutas dos trabalhadores. Minha indicação é resultado da minha trajetória militante como mulher, negra e liderança do principal movimento em defesa da educação, que, junto ao PSOL, denunciou os escândalos de corrupção do Governo Yeda.

A senhora é ligada ao Cpers. Isto não é inconstitucional?

Inconstitucional? Claro que não. Muitas batalhas foram travadas para que hoje os trabalhadores possam votar e sejam votados. Nós do PSOL temos orgulho que nossas candidaturas representem as demandas dos movimentos sociais. Assim, nossas bandeiras são construídas a partir das demandas reais da sociedade.

Qual a sua contribuição na campanha?

Eu participo diariamente de atividades para que as nossas propostas cheguem ao maior número de pessoas. Construindo o PSOL, não só em época de campanha, como uma alternativa para uma sociedade mais justa, humana e igualitária.

Qual a importância de um vice no governo?

Nós do PSOL sempre trabalhamos em conjunto. Foi dessa forma que construímos nosso programa de governo e será dessa mesma forma, atuando coletivamente, que governaremos o Rio Grande.

O governo atual teve problemas de relacionamento entre a governadora e o vice. Dê seu ponto de vista.

Enquanto os partidos continuarem fazendo alianças sem afinidade programática, por tempo de TV e por futuros cargos, problemas assim vão seguir acontecendo. Infelizmente, essa é a marca dessa eleição. Temos visto partidos que sempre divergiram agora coligados, a exemplo do PT apoiando a candidatura da Roseana Sarney no Maranhão. Além disso, aqui no Estado – nas palavras do Ministério Público – há uma quadrilha instalada no Palácio Piratini, cujo próprio vice-governador foi pivô das denúncias. Não vejo isso como problema de relacionamento, mas um grande problema de corrupção.

A senhora está preparada, caso sua candidatura seja eleita, para trabalhar junto com o candidato a governador Pedro Ruas?

Eu e o Pedro Ruas sempre trabalhamos bem juntos e com certeza faremos uma ótima equipe de governo. O PSOL vai governar com e para o povo, essa fórmula não tem como dar errada.

Quais são as prioridades da sua candidatura?

Nós, do PSOL, defendemos apenas coligações programáticas e nessas eleições decidimos por uma chapa sem outros partidos. Os eixos centrais do nosso programa são o combate à corrupção e questionamento da dívida do Estado com a união. A partir disso poderemos desenvolver as áreas que são nossas prioridades como saúde, educação, emprego e segurança.

A senhora representa uma candidatura de oposição, quais as principais críticas ao modelo de gestão do Estado?

O modelo de gestão do Governo Yeda se caracterizou por escândalos de corrupção que desviaram dinheiro público para os bolsos de alguns corruptos. Além disso, sucateou a educação colocando alunos para estudar em escolas de lata e questionando o piso nacional dos professores. Infelizmente, a educação não foi a única área de interesse social que o governo Yeda abandonou. Há entre os jovens uma epidemia de crack, a saúde pública está precária, o desemprego é iminente, no campo a prioridade é o agronegócio em detrimento da agricultura familiar. A falta de políticas públicas que combatam a desigualdade social prova que esse governo não esteve a serviço da maioria dos gaúchos. Para nós, do PSOL, esse foi o pior governo que o Rio Grande do Sul já teve.


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