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23 de julho de 2010
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09:00

Tamanho não é documento

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Sul 21
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Partidos pequenos persistem na disputa à presidência e ao governo do Estado

Lorena Paim

Partido nanico. O termo pode ser encarado como pejorativo, mas é usado comumente para denominar as agremiações políticas muito pequenas, que têm pouca representação na Câmara de Deputados. Mesmo sem chances de vitória, essas legendas voltam à carga em 2010, apresentando nomes tanto na disputa a presidente da República quanto a governador do Estado. José Maria Eymael, do PSDC, por exemplo, buscou a presidência tanto em 2006 quanto busca agora em 2010. O PSol e o PCO, da mesma forma. No Rio Grande do Sul, PSol e PV concorrem novamente, embora com candidatos diferentes das últimas eleições gerais. Ainda almejam o Piratini em outubro próximo o PRP, o PMN, o PRTB, o PCB e o PSTU, entre os pequenos.

Como a legislação eleitoral brasileira permite a livre associação, é comum a atuação dos chamados nanicos – e sobre muitos deles a população só ouve falar em época de eleição. A pequena representação parlamentar lhes dá direito a espaço no horário eleitoral gratuito no rádio e TV e a uma cota do Fundo Partidário, administrado pela Justiça Eleitoral.

Aos que criticam a pouca expressão dos pequenos partidos no cenário nacional, o cientista político Rodrigo Gonzalez, da UFRGS, cita o caso do Partido dos Trabalhadores (PT), que, na época de seu surgimento não passava de um nanico, e hoje detém nada menos que a presidência do País.

O que deve ficar claro, diz o também cientista político Tarson Núñez, é que não apenas o tamanho da agremiação deve pesar quando se analisa a questão. “Costumamos chamar de nanicos, ou legenda de aluguel ou partidos cartorários aqueles sem linha política definida, dispostos a apoiar quem for mais conveniente. Já aqueles, como o PSol e PSTU, nós chamamos de pequenos, pois eles se diferenciam por ter consistência ideológica e programática”, analisa. Dentro do jogo democrático, acredita ele, a pluralidade de opiniões é desejável e, portanto, todos devem ter o direito de se manifestar. “O fator negativo é que os nanicos ocupam um espaço maior do que deveriam e atrapalham o debate na hora em que todos devem apresentar uma proposta para o Rio Grande do Sul”. Bruno Lima Rocha, também cientista político, faz uma ressalva semelhante ao comentar as características das agremiações. “O PCO não pode ser chamado de nanico, pois tem base trotskista”, exemplifica.

Como as regras atuais sobre os partidos são flexíveis, permitem o aparecimento de algumas curiosidades na cena política. O Prona, com  escassos 30 segundos na TV, levou o autor do bordão “meu nome é Eneas” a se tornar o deputado federal mais votado de São Paulo. Para o professor Tarson Núñez, a grande solução para melhorar a estrutura partidária é a educação do eleitor que, a partir de uma postura mais crítica, poderá fazer com que os partidos menos consistentes percam espaço.


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