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1 de julho de 2010
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09:00

Ela se apresenta como terceira via

Por
Sul 21
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Rachel Duarte

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A candidata que figura em terceiro lugar nas últimas pesquisas de intenção de voto foi a única a participar do debate de presidenciáveis proposto pela Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul), nesta quarta-feira (30). Uma das principais vozes da Amazônia, por ter reduzido em 57% o desmatamento naquela região em apenas três anos, a senadora Marina Silva (PV) tenta afastar-se do título de ambientalista.

Sabatinada por mais de uma hora de forma exclusiva, ela aproveitou o seu tempo para se reafirmar enquanto candidata autônoma e prometeu surpreender nos debates televisivos durante a campanha. Sem revelar estratégias, ela acredita dar um salto expressivo nas pesquisas eleitorais quando a campanha começar, a partir do dia 6 de junho.

De acordo com a última pesquisa CNI/Ibope, Marina Silva tem 8% das intenções de voto no Sul, mesmo patamar do Nordeste. A sua média nacional é de 9% das preferências. No Sudeste, ela soma 10% e no Norte/Centro-Oeste, regiões agrupadas no levantamento, tem 11%. “Eu comecei com 3% das intenções de voto, porque o PV foi o último a se apresentar na disputa, mas hoje já estou perto dos 12%. Logo, não estou estagnada”, afirmou.

Sobre a ausência dos adversários José Serra (PSDB), confirmado até o meio da tarde, e Dilma Rousseff (PT), que já havia anunciado o não comparecimento, ela não opinou e aproveitou para fazer uma média com os prefeito presentes no evento. “Quanto aos demais candidatos eu não sei o porquê não estão aqui, mas eu quero participar de todos os debates que forem com regras igualitárias. Estive em todos os debates propostos até agora e venho aqui em defesa da autonomia dos municípios”, defendeu.

A postura de Marina neste período pré-campanha relacionada à sua história é supreendente. Deixou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conflitos com outros ministros e criticando a postura de alguns de seus colegas. Agora, adota uma posicionamento pacifico e conciliador. Ela foi titular do Meio Ambiente por três anos e deixou o governo em disputa com a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, sobre a qual teceu apenas um comentário indireto. “Não gosto do discurso que tem uma determinada candidatura por ai, de que a continuidade depende de um partido específico. Que obriga o eleitor a votar neste partido, com o risco de perder determinados benefícios já adquiridos pela sociedade”, argumentou.

A estratégia pode ter dois motivos, a popularidade de Lula e a necessidade de se apresentar como a terceira via. Desde o início do governo Lula, em 2003, ela enfrentou conflitos constantes com outros ministros, principalmente quando os interesses econômicos se contrapunham aos objetivos de preservação ambiental. “Me perguntavam porque combater o desmatamento na Amazônia? E eu dizia: pode afirmar que era uma decisão minha. Eu quero ser lembrada na história por ter sido a pessoa que desmontou 1,5 empresas criminosas e reduzi 2 bilhões de toneladas de CO2 no Brasil”, discursou recebendo aplausos dos prefeitos.

Quando criticou o governo federal, Marina foi sutil e apontou deficiência em duas áreas: Saúde e Educação. Ela salientou que a regulamentação da Emenda 29 foi uma “manobra para tardar a obrigação do repasse da União nos investimentos de saúde pública”. E, que apesar do País ter 100% das crianças no Ensino Fundamental, ainda restam 40 % que não chegam até a 8ª série. “Precisamos investir muito mais que os 5% do Produto Interno Bruto brasileiro em Educação. Temos um atraso de 30 anos em relação ao Chile, para vocês terem um exemplo”, disse.

Por vezes com um discurso libertador, se colocando como a candidata de origem humilde que pode ser a primeira mulher a governar o País, ela se assumiu durante toda a sabatina e na coletiva de imprensa, como aquela que veio quebrar o plebiscito. “Não serei aquela que vai roubar os votos de Dilma ou de Serra, até porque o voto não foi privatizado. Eu sou o voto da democracia”, salientou.

Sem pensar no posicionamento que adotará caso ela não esteja em um possível segundo turno, Marina disse que seguirá debatendo, viajando e sem entrar no mérito daqueles que estão temerosos pela demora na escolha do vice ou prometendo milagres que não fizeram em oito anos de governo.


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