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18 de junho de 2010
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15:22

Confira hoje Valkíria, de Wagner, e mais cinema

Por
Sul 21
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A Valkíria, de Richard Wagner (1813-1883)

Vinicius Wu

Na semana passada, falamos de Verdi. Como este é um veículo democrático, selecionamos para esta semana um compositor que pode ser considerado uma antítese de Verdi: Richard Wagner (1813-1883).

Wagner, compositor alemão, propunha a superação da ópera – estética então predominante – promovendo a fusão de todas as artes cênicas.  Suas composições geralmente apoiavam-se sobre uma idéia poética, simbólica, originária de alguma lenda germânica. O canto, a representação, os costumes, o cenário, a iluminação, os efeitos de cena compunham aquilo que Wagner denominou “drama musical”, sempre reservando um lugar destacado para a orquestra.

Na esteira da unificação alemã, Wagner apresentava-se como arauto da modernidade e do progresso. Sua “música do futuro”, uma espécie de junção de todas as artes cênicas, consubstanciada por lendas nacionais germânicas sintetizava o orgulho alemão, sempre ansioso por exaltar os valores do industrialismo, da ciência e da técnica que havia tornado possível a recente vitória nos campos de batalha.

Selecionamos aqui uma bela expressão do seu conceito de drama musical. Sob a regência de Pierre Boulez, um dos trechos mais famosos da ópera Die Walküre (A Valquíria). Francis Ford Coppola popularizou esta melodia (do trecho “Cavalgada das Valkírias”) em uma cena inesquecível de “Apocalipse Now”.

Hittler, anos mais tarde, iria apropriar-se do legado de Wagner, vinculando-o ao anti-semitismo e ao xenofobismo, mas esta é uma longa história que não será tratada aqui. Para além de suas idéias e opções políticas, o fato é que Wagner está entre os maiores compositores de todos os tempos. Sua obra abriu novas possibilidades estéticas e influenciou diversas gerações de músicos. Grandiosidade, eloqüência, sofisticação imponente, marcam sua obra. De Wagner, jamais espere simplicidade.

Cinema na contramão

Clarissa Pont

O casarão número 424 do SindBancários na General Câmara,  mais conhecida como Rua da Ladeira, abriga uma cinema que está “na contramão” do que se faz por aí, como explica a responsável pela programação da sala, Bia Barcellos. O ingresso ali é o mais barato da cidade e a aposta é no cinema de calçada, com programação quase exclusiva de filmes brasileiros ou latinoamericanos.

“Uma coisa curiosa é que as nossas sessões com maior sucesso de público são aquelas com viés político. A mostra Terra em Transe, a exibição de filmes como Cidadão Boilesen e Utopia e Barbárie, com temáticas sociais, são nossos maiores sucessos”, conta Bia.

O espaço, executado com recursos do SindBancários e da Lei Rouanet, por meio do patrocínio da Petrobras (que investiu R$ 300 mil) e do Banrisul (com R$ 250 mil), está equipado com modernos sistemas de som e imagem e conta com ambiente climatizado.

Operação Bandeirantes

Cidadão Boilesen, escrito e dirigido pelo jornalista Chaim Litewski, tem como fio condutor a biografia do executivo, que veio para o Brasil no fim dos anos 30 e fez fortuna no país. Anticomunista ferrenho, Boilesen não só teria estado à frente da “caixinha” dos empresários que financiaram a Operação Bandeirantes (Oban), como também teria participado pessoalmente das sessões de tortura na sede do DOI-Codi de São Paulo. O filme não está mais em cartaz na cidade, mas pode ser encontrado em DVD.

Ferreira Gullar e Dilma Roussef

Um dos documentaristas mais respeitados do país e dos que mais se dedicam à política – caso de “Os anos JK” (1980) e “Jango” (1984), dois sucessos inclusive de bilheteria -, Sílvio Tendler trabalhou durante quase duas décadas num ambicioso balanço dos sonhos e decepções de sua geração – aquela que nasceu logo depois da Segunda Guerra Mundial.

O resultado está em “Utopia e barbárie”, documentário que abre espaço para que Franklin Martins, atual porta-voz do governo Lula, e Dilma Roussef, por exemplo, contem suas versões da época. Ao mesmo tempo, ouve o poeta Ferreira Gullar, um dos mais notórios críticos do atual presidente e, nos anos 70, opositor da opção pela resistência armada ao regime militar. O filme teve sessão comentada com o diretor presente no CineBancários, em maio deste ano.

CineBancários

A partir deste final de semana, os leitores da coluna Cultura do Sul 21 podem concorrer a ingressos para os filmes em cartaz no CineBancários. Juliana da Silva Leiria, Marcelo Eduardo Franco, Cristiano Lopes, Augusto de Souza e Adir Tavares vão assistir “Caro Francis” na faixa. O filme de Nelson Hoineff é um revelador retrato do polêmico Paulo Francis, e segue em cartaz até o final de junho.

Mais cinema

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, ao traçar o perfil do cinema brasileiro, 80% dos porto-alegrenses gostariam de ir mais vezes ao cinema. O empecilho estaria justamente no preço. Por isso, com um ingresso mais barato (R$ 5,00 e R$ 2,50 para idosos, estudantes, jornalistas e bancários sindicalizados e funcionários do GHC), o cinema da Ladeira pretende incentivar o público a assistir filmes na telona.

Cineterapia

Toda última segunda-feira do mês, acontece na casa o Cineterapia, com clássicos do cinema e debates.  A mediação da conversa é por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja. No dia 28 de junho, às 20h, o filme será O Iluminado e o debatedor, Eneas de Souza, articulista de Sul 21. A entrada é franca e reservas de ingressos podem ser feitas pelo endereço [email protected].

Cinema fantástico

De 2 a 18 de julho, acontece a sexta edição do Fantaspoa. Serão exibidos 64 curtas e 74 longas-metragens, totalizando 138 obras na programação. São filmes “fantásticos”, de ficção-científica, horror e thrillers. A sessão de abertura do VI Fantaspoa será realizada às 19 horas no CineBancários, dia 2 de julho, com exibição do filme “É Preciso Amar a Morte”, com a presença do diretor alemão Andreas Schaap.

Nos final de semana dos dias 3 e 4 de julho, serão exibidos somente curtas-metragens, no CineBancários. Dos dias 6 a 9 de julho, o Fantaspoa ocupará as salas Cine Santander (O Fantástico Mundo Animado), Sala P.F. Gastal (Mostra de Documentários) e CineBancários (Mostra Luigi Cozzi, com filmes do diretor italiano que será homenageado nesta sexta edição do evento e fará palestras diárias).


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