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29 de junho de 2010
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17:45

Candidatos apresentam propostas e evitam o debate

Por
Sul 21
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Sabatina no 30º Congresso de Municípios do RS não empolga prefeitos

Rachel Duarte

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Os principais interessados nas respostas sobre “O que os municípios esperam dos futuros governantes?” deveriam ser os prefeitos. Porém, ao término do primeiro debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, o que se ouviu foram depoimentos tímidos e imprecisos. Boa parte dos 337 gestores municipais que responderam previamente ao questionamento, proposto pela Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul), estiveram no evento organizado pela entidade, nesta terça-feira (29).

Houve aqueles que perderam o interesse no debate, como o prefeito de Pejuçara, Leonir Perlin (PMDB), que passou boa parte do evento em outro ambiente. O desinteresse dos que não ficaram no auditório do Centro de Eventos do Plaza São Rafael pode ter sido a própria postura dos candidatos. A espécie de entrevista entre dois dos três nomes esperados foi pragmática e branda.

Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB) não se confrontaram e evitaram críticas diretas. A governadora Yeda Crusius (PSDB) não compareceu ao debate, por cautela com a legislação eleitoral, já que ainda está ligada à função de gestora pública, segundo a assessoria da candidata.

Apesar do receio, para o prefeito de Bom Jesus, José Paulo de Almeida (PMDB), ambos os candidatos mostraram abertura para governar com os municípios. Já o prefeito de Boa Vista do Cadeado, João Paulo Beltrão dos Santos (PMDB), concordou com a compreensão dos candidatos quanto às suas responsabilidades, mas afirmou que a experiência de Tarso Genro na esfera nacional seria importante para ampliação de recursos para o Estado.

Não houve favoritismo, mas os comentários de bastidores apontavam uma preferência pelo candidato petista. “Ele é muito mais qualificado”, “’Como ele tem argumentos e embasa o que está falando”, “O Fogaça não está dizendo nada concreto”, era o que se escutava nos cochichos da plateia.

O formato do debate foi de perguntas e repostas individuais e algumas comuns para ambos responderem sobre o mesmo tema. No início e ao final da entrevista, os candidatos tiveram cinco minutos para uma exposição livre. O clima até lembrava os debates eleitorais televisivos, não fosse a isenção de posicionamentos mais críticos sobre as diferenças de política que cada candidato representa. Mas, foi possível perceber as divergências entre Tarso e Fogaça nos momentos de respostas em comum.

Apesar da pesquisa da Famurs, que norteou as questões do debate, ter apontado a área de infra-estrutura como prioritária para os prefeitos, foi na Educação que os questionamentos se repetiram. Os candidatos respondiam em comum e ambos sinalizaram uma necessidade de ampliação dos recursos destas áreas. Porém, a diferença foi na metodologia.

Educação

Para Tarso é prioritário expandir o ensino técnico e a qualificação no ensino médio e ensino superior, como prevê o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). “É uma visão sistêmica para a formação continuada. O cidadão se forma de forma progressiva, pois o Fundeb amplia os recursos que já eram repassados para ensino fundamental para os Estados ampliarem as vagas do ensino médio”, explicou o ex-ministro da Educação.

Ele também ressaltou a importância de “rever o sistema do ensino superior público”, por meio de um convênio entre todas as universidades públicas do Estado e a recuperação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

Já Fogaça acredita que o melhor seria um fundo em nível estadual, o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) que prevê recurso para aplicação exclusiva na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público e na valorização de seu magistério. “Hoje não temos déficit de vagas no ensino fundamental de Porto Alegre. O que pode existir é uma incompatibilidade de interesse geográfico das famílias e o lugar das escolas, mas há vagas”, disse o ex-prefeito de Porto Alegre.

Segurança

O principal ponto que demonstrou distanciamento entre as propostas dos candidatos ao governo do Estado foi a Segurança Pública. Enquanto José Fogaça (PMDB) defendeu o aumento do efetivo dos policiais, por meio de um equilíbrio financeiro do Estado, Tarso Genro (PT) salientou a orientação nacional que está mudando a concepção sobre o trabalho de enfrentamento da criminalidade. “A Lei aprovada no Congresso e que instituiu o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania) propõe a integração das forças policias, dos municípios, do Estado e da União”, disse Tarso.

Ele enumerou exemplos das cidades que puderam investir na qualificação dos profissionais da Segurança com os recursos oriundos do Pronasci. “O Rio Grande do Sul já recebeu R$ 167 milhões desde que surgiu o programa. E não é só nesta área que o Estado não utiliza recursos federais. Precisamos colocar o RS no mesmo ritmo de crescimento do País”, disse o ex-ministro da Justiça.

Fogaça também defendeu o modelo do Programa Vizinhança Segura, implantado na sua gestão de prefeito em Porto Alegre, ainda em 2005 e que prevê uma aproximação da Guarda Municipal da comunidade nos espaços públicos.

A posição de neutralidade foi mantida pelos dois candidatos diante do assédio dos jornalistas ao final da sabatina. Se já é uma adequação dos candidatos quanto à postura dos eleitores gaúchos de rejeitar disputas ofensivas e de ataques pessoais, ainda é cedo para afirmar. O período que antecede a campanha eleitoral prevê este tipo de comportamento mais comedido. Agora, é esperar o calendário eleitoral para ver como será o tom da campanha este ano, até porque, ambos os candidatos lamentaram a ausência da adversária Yeda Crusius.

O único recado antecipado de Tarso foi que ele “renunciaria estabelecer uma identidade com um projeto de modelo neoliberal, que não teve nenhum crescimento para o país.” E Fogaça garantiu fazer um debate elevado assim que comparações entre as gestões começarem a aparecer.


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