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6 de junho de 2010
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09:00

A campanha está na rua

Por
Sul 21
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Marco Aurelio Weissheimer

A campanha eleitoral começa oficialmente nesta terça-feira (6) em todo o país. A partir de hoje está liberada a distribuição de material de propaganda política nas ruas, assim como a realização de carreatas, passeatas, debates e atos públicos. A primeira grande manifestação de rua da campanha eleitoral no Rio Grande do Sul está marcada para a manhã desta terça, no centro de Porto Alegre. A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, e o candidato do partido ao governo do Estado, Tarso Genro, participam de um ato público, a partir das 10h30min, na Esquina Democrática, que será seguido de uma caminhada até o Mercado Público, onde ocorrerá um almoço com militantes e simpatizantes das candidaturas.

Em entrevista coletiva no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por ocasião do registro de sua candidatura, Tarso Genro destacou a presença da candidata do partido à presidência da República na abertura oficial da campanha no Rio Grande do Sul. “Teremos já no primeiro dia de campanha a presença da nossa candidata à presidência da República aqui em Porto Alegre. A vinda da Dilma é fundamental porque queremos que o Rio Grande volte a ficar de frente para o país para poder crescer no ritmo do Brasil”, afirmou. Tarso esteve no TRE acompanhado de seu vice, Beto Grill (PSB), e dos candidatos ao Senado Federal, Paulo Paim (PT) e Abigail Pereira (PCdoB). O nome oficial da coligação que apresenta essas candidaturas é Unidade Popular pelo Rio Grande, que reúne PT, PSB, PCdoB, PR (Partido Republicano) e PPL (Partido Pátria Livre).

Primeiro debate

Ainda na manhã de terça, ocorrerá o primeiro debate entre candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Yeda Crusius (PSDB), José Fogaça (PMDB), Tarso Genro (PT) e Pedro Ruas (PSOL) estarão na rádio Gaúcha às 8h10min para o debate que será mediado pelo jornalista André Machado. O debate, que terá duração de duas horas, também será transmitido ao vivo pela TV COM. Será o primeiro confronto das candidaturas e servirá para indicar as linhas gerais da estratégia dos partidos. Desperta particular curiosidade qual será a relação entre a governadora Yeda e o candidato José Fogaça. O PMDB ainda é o principal partido da base de sustentação política de Yeda e foi fundamental no apoio ao governo tucano em momentos críticos como a CPI do Detran e o processo de impeachment na Assembléia Legislativa.

Na eleição de 2006 a situação era inversa. Naquela ocasião, o PMDB tinha o governador (Germano Rigotto) e o PSDB, apesar de participar ativamente do governo, apresentou Yeda Crusius como candidata de oposição.

Outra diferença diz respeito à situação dos governadores nas pesquisas. Em 2006, nesta época do ano, Germano Rigotto aparecia em primeiro lugar nas pesquisas (28,1% segundo pesquisa do jornal Correio do povo, publicada dia 15 de julho de 2006). Agora, a governadora Yeda Crusius vem aparecendo em terceiro lugar nas pesquisas com índices que oscilam entre 9 e 10%. Apesar dessas diferenças, PMDB e PSDB devem reeditar o jogo do morde e assopra na campanha, com Fogaça apresentando-se como uma alternativa de oposição ao governo que seu partido integra desde o início.

O PT, por sua vez, inicia essa campanha em situação melhor do que a de 2006, ao menos do ponto de vista dos indicadores das pesquisas eleitorais. Na pesquisa de julho de 2006 citada acima, o então candidato do partido ao governo do Estado, Olívio Dutra, aparecia com 20,8% no levantamento estimulado. Agora, as primeiras pesquisas realizadas sobre a sucessão estadual colocam Tarso Genro acima da casa dos 30%. Já no caso da disputa presidencial, assim como acontece agora com Serra, o candidato do PSDB em 2006, Geraldo Alckmin, aparecia em primeiro lugar em julho de 2006, com 34,7% das intenções de voto, contra 29% de Lula (sempre considerando a pesquisa do Correio do Povo). A terceira força, na época, era a senadora Heloísa Helena (PSOL), com 9,9% das intenções de voto. Hoje, esse papel é ocupado pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PV), que apresenta, no Rio Grande do Sul, índices semelhantes ao que Heloísa Helena apresentava neste mesmo período.

Posição do PMDB

Quatro anos depois, repete-se a novela sobre a posição do PMDB gaúcho na disputa presidencial. Apesar de, este ano, o partido ter o vice-candidato à presidência da República na chapa de Dilma Rousseff, integrantes do PMDB do Rio Grande do Sul estão dispostos a apoiar Serra.

Em 2006, o mesmo dilema aparecia. No dia 14 de julho daquele ano, duas versões circulavam sobre esse tema. O deputado federal Eliseu Padilha chegou a anunciar o apoio do partido à candidatura do tucano Geraldo Alckmin. O senador Pedro Simon apressou-se em desmentir Padilha, garantindo que o PMDB gaúcho não havia fechado nem fecharia com a candidatura Alckmin ou com a candidatura Lula. “Qualquer outra informação é invenção do Padilha”, disse Simon na época. Pois, agora, mais uma vez, não sabe ao certo quais peemedebistas estarão com Dilma e quais ficarão com Serra. O ato marcado para esta terça-feira no centro de Porto Alegre pode ajudar a começar a desvendar esse mistério. Haverá algum peemedebista nele?

Se há algumas semelhanças em relação a 2006, o cenário político neste julho de 2010 é bem distinto. Naquela ocasião, o governador Germano Rigotto era apontado como favorito à reeleição. Sem apresentar grandes feitos, seu governo tampouco tinha a sombra de grandes escândalos e denúncias.

Uma situação bem distinta da vivida pela governadora Yeda Crusius que entra na campanha eleitoral com uma pesada carga de denúncias de corrupção nas costas. Yeda e o PSDB apostam que 2010 será o ano da virada e que há chances reais de reeleição. Esse quadro exigirá de PMDB e PSDB novos discursos para tentar seduzir os eleitores. O PMDB já ensaiou repetir, com Fogaça, o conceito da pacificação que elegeu Germano Rigotto. Já Yeda insistirá com o “novo jeito de governar” prometido à população gaúcha em 2006? Todas essas questões começarão a ser esclarecidas a partir de hoje.


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