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26 de maio de 2010
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17:24

Governo não tem condição de garantir 7,7%, afirma Mantega

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Sul 21
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Clarissa Pont

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar nesta quarta-feira (26) que, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decida sancionar o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, seu Ministério proporá um novo corte de despesas no Orçamento. Para manter o equilíbrio fiscal do País.

Segundo Mantega, é preciso ser cauteloso com o aumento dos gastos, para que o País não perca a situação privilegiada de ter contas sólidas. Ele afirmou que não há como conceder um aumento de 7,7% para os aposentados. “Para conceder esse reajuste teríamos de fazer novos cortes no Orçamento, mas essa é uma decisão que será tomada pelo presidente Lula”, explicou.

Mantega disse que, caso o presidente vete o aumento, o governo terá de editar uma medida provisória para restabelecer o reajuste de 6,14% que está sendo pago desde janeiro. Segundo ele, sem essa medida provisória, o reajuste cairia para 3,5%, que era a correção prevista. “Por isso, é inevitável dar um abono para voltar aos 6,14%, mas isso está indefinido”, disse Mantega.

O anúncio do ministro coincide com visita do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn. Mantega e Strauss-Kahn assinaram nesta quarta-feira (26) um convênio para criação, em Brasília, de um centro de treinamento do FMI. O centro vai treinar funcionários do governo dos países da América Latina nas áreas de política macroeconômica, financeira, bancária, setor externo e estatística.

FMI

Mantega disse também que sugeriu ao FMI que inclua o yuan (moeda chinesa) e o Real como possibilidade de moedas de conversão para o Direito Especial de Saque (DES) da instituição. O Direito Especial de Saque funciona entre os bancos centrais e pode ser trocado por moeda, com o aval do FMI.

Segundo o ministro, hoje apenas quatro moedas podem ser convertidas: o dólar, o iene, libra e o euro. “Nós achamos que já nos habilitamos como uma moeda de valor”, afirmou o ministro. Mantega disse que a sugestão do Brasil não significa reduzir a importância do dólar no mercado, mas sim aumentar as opções de recursos no DES.

Strauss-Kahn disse que o DES pode ter um papel maior, dentro das reservas internacionais dos países, mas não no curto prazo. Ele disse que o dólar continuará sendo a moeda preponderante, em função do tamanho da economia dos Estados Unidos.

De qualquer forma, o diretor-gerente do Fundo elogiou a política econômica brasileira e disse que ela deveria ser seguida por outros países. O governo brasileiro adotou a política fiscal adequada para lidar com os efeitos da crise mundial, garantiu.

Segundo ele, ainda não há um superaquecimento da economia brasileira, mas o governo deve ser cauteloso na hora de administrar o forte crescimento atual. Ao ser perguntado sobre as críticas de analistas em relação ao aumento dos gastos públicos, o diretor-gerente afirmou: “Não vemos tensão vindo do lado fiscal”.

Mantega aproveitou o encontro com o representante do Fundo para ressaltar os bons resultados da economia e assegurar que o crescimento de 2010 é sustentável. O ministro disse que o Produto Interno Bruto (PIB) deve subir entre 2% e 2,5% no primeiro trimestre do ano, mas que esse ritmo deve cair nos próximos meses em função da retirada de incentivos fiscais implementados durante a crise, como desonerações tributárias.

Com Agência Estado


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