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21 de janeiro de 2020
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13:26

Davos: causadores da crise ambiental prometem ‘salvar o planeta’

Por
Sul 21
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Davos: causadores da crise ambiental prometem ‘salvar o planeta’
Davos: causadores da crise ambiental prometem ‘salvar o planeta’
Chegada de Trump ao Fórum Econômico Mundial, onde deve negar, mais uma vez, urgência do combate às mudanças climáticas. (Flickr/World Economic Forum)

Rede Brasil Atual

Líderes políticos e empresariais estão reunidos em Davos, na Suíça, até a próxima sexta-feira (24), para a 50ª edição do Fórum Econômico Mundial (FEM) que, nesta edição, deve discutir formas de combate ao aquecimento global e às catástrofes climáticas ambientais decorrentes, principalmente, da emissão de gases do efeito estufa provenientes da queima de petróleo e carvão. Segundo relatório produzido pelo centro de estudos que organiza o encontro, os eventos climáticos, a perda de diversidade dos ecossistemas, a incapacidade das empresas em mitigar os danos ao meio ambiente e incidentes como vazamentos de petróleo e contaminação radiativa estão entre os principais riscos globais que devem “afetar os negócios” na próxima década.

O encontro vai reunir mais de 50 chefes de estado e de governo, incluindo o presidente norte-americano Donald Trump, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. Mas quem deve dar o tom das discussões é a jovem ambientalista sueca Greta Thunberg, que participa do encontro nesta terça-feira (21). Ela esteve em Davos no ano passado, para denunciar ao mundo que “nossa casa está pegando fogo”. Neste ano, ela vai defender o fim da “loucura” dos combustíveis fósseis.

Entre os temas prioritários deste ano estão “como salvar o planeta”, “economias mais justas” e “futuros mais saudáveis”. No discurso de abertura, nesta segunda-feira (20), o fundador do FEM, Klaus Schwab, defendeu um modelo de “capitalismo das partes interessadas”, em oposição ao “capitalismo dos acionistas”, em voga nas últimas décadas. O suposto idealismo, na verdade, revela certo nível de pragmatismo.

“Primeiro veio o efeito Greta Thunberg: ela nos recordou que o sistema econômico atual constitui uma traição às gerações futura pelo dano ambiental que provoca. Em segundo lugar, os ‘millenials’ e a ‘geração Z’ já não querem trabalhar, investir ou comprar em empresas que não atuem com base em valores mais amplos. Por último, cada vez mais os executivos e investidores compreendem que o sucesso deles no longo prazo também depende do êxito de seus clientes, empregados e fornecedores”, afirmou Schwab.

“Não queremos atingir o momento crítico da irreversibilidade das mudanças climáticas. Não queremos que as próximas gerações herdem um mundo que está se tornando cada vez mais hostil e menos habitável – pense nos incêndios na Austrália””, disse o fundador do fórum de Davos, em entrevista na semana passada.

Ele também escreveu carta – em co-autoria com os presidentes do Bank of America e da gigante holandesa Royal DSM – endereçada aos participantes do encontro, em que defendeu que as empresas se comprometam a zerar suas emissões líquidas de gases do efeito estufa até 2050.

Esse tipo de proposta encontra resistência entre os céticos das mudanças climáticas, como Donald Trump, que também deve falar aos participantes do FEM nesta terça-feira (21). Ele retirou os Estados Unidos, o maior emissor global de poluentes, do Acordo de Paris, que também prevê metas de redução da emissão de gases do efeito-estufa.

Um eventual encontro entre ele e Greta é esperado em Davos mas, segundo a jovem ativista, uma conversa entre os dois seria “perda de tempo”, já que o mandatário norte-americano tem ignorado as avaliações de cientistas e especialistas. Sobre as visões antagônicas representadas por Greta e Trump, Schwab afirmou que “ambas as vozes são necessárias”.

Brasil à venda

O presidente Jair Bolsonaro alegou “questões de segurança” para cancelar a sua participação no FEM. No ano passado, sua passagem por Davos foi marcada por cenas constrangedoras, quando falou por apenas cerca de seis minutos à plateia de investidores internacionais, ou quando foi flagrado almoçando em um “bandejão” de um supermercado local, em vez de promover encontros bilaterais com outros líderes mundiais.

Incumbido de representar o Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve alardear os supostos benefícios da sua agenda reformista, em especial a aprovação da “reforma” da Previdência, que restringiu o acesso às aposentadorias, com a instituição da idade mínima de 65 para homens e 62 para mulheres, reduzindo também os valores dos benefícios. Ele deve propagandear sua agenda de privatizações de estatais e também deve anunciar a abertura à participação de estrangeiros em licitações e concorrências públicas no Brasil.

A aprovação da reforma da Previdência também foi um dos motivos que fez o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisar para 2,2% a estimativa de crescimento brasileiro em 2020, durante a abertura do FEM. Em outubro, a expectativa de crescimento para o país, segundo o FMI, era de 2,0%. O cenário econômico global, no entanto, é mais turbulento, com redução do crescimento previsto de 3,4% para 3,3%.


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