Jornais argentinos destacam disparada do dólar e encerramento de campanhas

Por
Luís Gomes
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Argentinos fazem fila nas casas de câmbio de Buenos Aires nesta sexta-feira | Foto: Luiza Castro/Sul21

Luís Eduardo Gomes
De Buenos Aires

A menos de 48 horas da abertura dos colégios eleitorais, os jornais argentinos destacam nesta sexta-feira (25) a reta final da campanha presidencial e a turbulência na moeda americana, que está atingindo recordes, apesar da tentativa do governo de frear o crescimento do dólar. O que a reportagem do Sul21 viu nas ruas do centro de Buenos Aires durante a tarde de quinta-feira (24) e a manhã desta sexta foi uma verdadeira corrida às casa de câmbio, oficiais e paralelas. Em uma delas, na Calle Florida, no centro da capital, não haviam mais dólares disponíveis no meio da tarde de ontem. A expectativa é que o dólar dispare ainda mais a partir de segunda-feira (28).

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Capa do La Nación de 25 de outubro | Foto: Reprodução

O conservador La Nación traz como matéria principal da edição desta sexta-feira o novo recorde alcançado pelo dólar no fechamento da bolsa de valores na quinta (24). Com uma alta de 1,55%, a moeda americana encerrou o dia sendo vendida ao público a R$ 63,34 pesos. O novo recorde para um fechamento só não foi maior porque o Banco Central argentino vendeu US$ 883 milhões de dólares em reservas, o que ajudou a conter a alta. A moeda americana chegou a bater na casa dos 70 pesos nos últimos dias.

O La Nación destaca também em sua capa que o presidente Maurício Macri e o favorito Alberto Fernández, que encabeça a chapa de Cristina Kichner, encerraram suas campanhas oficialmente na quinta-feira cercados por multidões no interior do país. Em Córdoba, diante de 100 mil pessoas, segundo organizadores, e 60 mil, segundo a polícia, Macri disse: “Não vamos ficar calados, em silêncio, vendo como nos roubam o futuro. Muitas vezes já suportamos o dedo, o púlpito e a soberba. Chega dessa forma de governar. É momento para ir adiante, não para tropeçar outra vez na mesma pedra”.

Já Fernández e Cristina realizaram seu ato final no balneário de Mar Del Plata, cercados por 35 mil pessoas, segundo os organizadores. “Vamos tirar do lugar em que ficaram os cinco milhões de pobres que Macri nos deixou. Que nunca mais a pátria caia nas mãos do neoliberalismo, nunca mais essas políticas! (…) Não estamos encerrando uma campanha, estamos encerrando um ciclo histórico”, destacou o La Nación da fala de Fernández.

Capa do Página 12 de 25 de outubro | Foto: Reprodução

Os últimos comícios dos dois candidatos mais fortes à presidência também foram o principal destaque do Página 12, jornal oposicionista ao governo Macri. “O dia e a noite”, foi a manchete, uma referência ao comício diurno de Fernández e noturno de Macri, mas que também é uma mensagem simbólica sobre o posicionamento do jornal diante do pleito.

“Votemos para dar a volta em uma página desonrosa”, destacou o jornal do discurso de Fernández. O Página 12 também salientou que os discursos de encerramento da Frente de Todos lembraram o trabalho feito por Néstor Kirchner, de quem Fernández foi chefe de gabinete. “Alberto foi o chefe de Gabinete do governo que devolveu a dignidade aos argentinos, que desenvolveu o país”, destaca o jornal da fala de Cristina Kirchner. Por outro lado, destacou que Macri encerrou sua campanha em frente a um shopping center e que pediu ajuda a Deus para conseguir uma virada — as pesquisas apontam que Fernández terá mais de 50% dos válidos no pleito de domingo, o que encerraria a disputa já em primeiro turno.

A respeito do dólar, o Página 12 disse: “O dólar arde, as reservas se queimam”. O destaque vai para o fato de que, apenas entre segunda e quinta desta semana, as reservas em moeda americana no País foram reduzidas em US$ 2,187 bilhões. “A má gestão da autoridade monetária faz acender todas as luzes de alerta entre os investidores. Neste ritmo, as reservas disponíveis chegarão a zero no final do ano. Isso significa que a próxima gestão ficará atada de pés e mãos para fazer política, cambial, monetária e financeira”, diz o artigo do jornal.

Dólar vem disparando nos últimos dias que antecedem as eleições | Foto: Luiza Castro/Sul21

A equipe do Sul21 viajou a Buenos Aires para a cobertura das eleições presidenciais graças a um financiamento coletivo dos nossos leitores.


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