Da Redação*
No final da tarde deste sábado, o presidente Chile, Sebastián Piñera, anunciou a suspensão do aumento das passagens de metrô da capital Santiago. O aumento das tarifas de 800 pesos para 830 pesos (1,13 dólares para 1,17 dólares), anunciado há duas semanas, foi o estopim para uma série de protestos que tomaram a capital nos últimos dias contra o aumento no custo de vida do país e que haviam motivado a declaração do Estado de Emergência por Piñera no fim da noite de sexta-feira (18). Com a medida, o Exército chileno foi colocado nas ruas, mas novos protestos foram realizados neste sábado.
🔴 [AHORA] Presidente Piñera: “Vamos a suspender el alza de los pasajes del Metro” #EstadoEmergencia https://t.co/PS8t8UYopl pic.twitter.com/sTOT9ryh5Z
— CNN Chile (@CNNChile) October 19, 2019
Durante toda a sexta, estudantes secundaristas promoveram protestos contra o aumento na tarifa. Inicialmente, as ações se concentraram em pular as catracas das estações e em bloquear vias públicas. No entanto, durante a noite, em meio a panelaços pela cidade, foram registrados incêndios em 19 estações de metrô, saques em supermercados e lojas e ataques a agências bancárias.
A escada externa de emergência do edifício central da companhia elétrica Enel, próximo ao Cerro Santa Lucía, um dos principais pontos turísticos da capital chilena, foi incendiada. O fogo foi controlado pelos bombeiros, mas as chamas chegaram até o 12º andar da escada de emergência e afetou escritórios da companhia no primeiro andar do prédio. O Corpo de Bombeiros de Santiago afirmou que o incêndio no edifício da companhia elétrica foi intencional. No entanto, ainda não há provas de que o fogo tenha relação com os protestos.
No fim da noite, o presidente Sebastián Piñera interrompeu compromissos pessoais e voltou para o palácio presidencial de La Moneda, onde decretou o estado de emergência após se reunir com os ministros da Defesa, lberto Espina, e do Interior Andrés Chadwick. Designado para chefiar do estado de emergência, o general Javier Iturriaga descartou a possibilidade de decretar toque de recolher.
O metrô da capital chilena e da região metropolitana está fechado durante todo o fim de semana. A companhia alegou falta de segurança para os trabalhadores. Durante a tarde de sábado, foram registrados novos protestos e panelaços em Santiago e em diversos pontos do Chile. A população protesta contra o aumento do custo de vida.
Após o decreto de estado de emergência de Piñera, forças de segurança reprimiram manifestações que aconteciam em várias áreas de Santiago como Plaza Maipú, Puente Alto e Plaza Baquedano. De acordo com o governo, cerca de 6 mil carabineros foram deslocados até a capital para “resguardar 50 pontos críticos” do Metrô.
Na manhã de sábado, a coalizão de esquerda Frente Ampla, que faz oposição ao governo de Piñera, realizou uma reunião para discutir a postura da legenda frente aos protestos. Segundo a porta-voz da FA e ex-candidata à presidência, Beatriz Sánchez, “o governo renunciou à democracia” e as manifestações marcam “uma linha divisória” no país. “Nós, como Frente Ampla, dizemos claramente que estamos com o povo”, afirmou Sánchez. Segundo a opositora, “a tarifa do Metrô é só a ponta do iceberg que tem a ver com abusos muito mais profundos e que datam de muito tempo atrás”.
*Com informações da Agência Brasil e do Opera Mundi