Justiça do Equador decreta prisão de Correa; ‘Farsa e perseguição’, diz ex-presidente

Por
Luís Gomes
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Justiça do Equador decreta prisão de Correa; ‘Farsa e perseguição’, diz ex-presidente
Justiça do Equador decreta prisão de Correa; ‘Farsa e perseguição’, diz ex-presidente
Rafael Correa concede entrevista ao Sul21 durante parada da Caravana de Lula pelo RS em Santana do Livramento | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação*

Em resposta a um pedido de prisão preventiva do ex-presidente do país contra Rafael Correa feito Procuradoria-Geral do Equador nesta terça-feira (3), por suposta participação em um caso de tentativa de sequestro do ex-deputado equatoriano Fernando Balda em 2012, na Colômbia, a juíza Daniela Camacho aceitou ordenou a detenção preventiva e pediu à Interpol o alerta vermelho e a extradição do ex-mandatário por não cumprir a ordem de comparecimento.

O pedido de prisão foi feito durante uma audiência na Corte Nacional de Justiça (CNJ), em Quito, para a revisão de medidas cautelares que tinham sido aplicadas a Correa. Para a Procuradoria, o ex-presidente, que vive há um ano na Bélgica, país de origem da sua mulher, deveria ter comparecido na segunda-feira (2) à CNJ em Quito, mas foi ao Consulado do Equador na Bélgica para cumprir a medida cautelar que lhe tinha sido imposta após ser acusado formalmente de envolvimento no crime em 18 de junho.

O ex-mandatário considera que sua conduta está amparada por convenções internacionais e pelas próprias leis equatorianas, que protegem os direitos dos equatorianos residentes no exterior. Correa, que governou o Equador entre 2007 e 2017, já tinha comparecido anteriormente ao consulado para participar, por videoconferência, de uma audiência da fase preliminar da investigação.

O advogado dele, Caupolicán Ochoa, que tinha pedido que ele pudesse se apresentar em Bruxelas, lamentou a decisão da juíza e assegurou que não existia uma “petição estrita do promotor” do Estado com respeito à prisão preventiva, porque o promotor-geral Paúl Pérez ainda não assumiu suas funções oficialmente. “Temos visto um cenário em que se violaram todas as garantias de caráter institucional”, insistiu Ochoa ao afirmar que vão apelar da decisão de Camacho.

Por sua vez, o ex-presidente afirma que não existem provas contra ele e denuncia que é objeto de uma perseguição política e midiática. Nas redes sociais, o ex-mandatário postou uma carta na qual prova o comparecimento à embaixada do Equador em Bruxelas.

Em entrevista ao Sul21 em março deste ano, Correa comparou a sua situação com a do ex-presidente Lula e com a da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, também alvo de uma ofensiva judicial, considerando que trata-se de uma estratégia regional influenciada pelos Estados Unidos para desmoralizar lideranças de esquerda que governaram o continente a partir da primeira década do século XXI.

“É claro que aqui há a mão de um país hegemônico. O que está acontecendo no Equador é o livreto do que está ocorrendo no Brasil e daquilo que estão fazendo na Argentina. A Lula, acusam de ter um apartamento que nunca teve. A Cristina, de ser traidora da pátria, que é um crime que só existe em caso de guerra. O processo, a estratégia, a comunicação, é o mesmo livro. É claro que é uma estratégia regional e manejada extrarregionalmente”, disse.

O ex-deputado opositor Fernando Balda o acusa de ter ordenado seu sequestro durante sua estadia em Bogotá, em 2012. Três agentes de Inteligência e um ex-comandante da polícia já foram detidos pelo suposto envolvimento no caso, enquanto está pendente outra ordem de detenção contra o ex-chefe da Secretaria Nacional de Inteligência, que está em Espanha e cuja extradição foi pedida pelo Equador.

*Com informações da Agência Brasil e do Página 12


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