“Nossa posição editorial e política é inegociável”. Desta forma, a presidente da Telesur, Patricia Villegas, comentou, em entrevista à emissora nesta terça-feira (29/03), a decisão tomada pelo governo do presidente argentino, Mauricio Macri, de retirar o canal multiestatal da grade de programação no país e se desvincular do projeto. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, também se manifestou e comparou os fatos com o ocorrido durante a última ditadura argentina (1966-1973).
Telesur
Criada em 2005, Telesur tem como acionistas os Estados da Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua e Uruguai
De acordo com Villegas, o responsável pelos meios de comunicação públicos argentinos, Hernán Lombardi, a questionou, por telefone, sobre a possibilidade de seu país inserir conteúdos na programação da emissora. “A resposta foi não. Nem vocês, nem ninguém. Os conteúdos da Telesur são definidos por seus trabalhadores e pelo devir histórico dos acontecimentos”, respondeu a jornalista.
Apesar de uma pequena comissão ter se reunido na Argentina com a representante do canal no país, Villegas ressalta que a única comunicação feita diretamente foi a chamada telefônica. Ela demonstrou surpresa pelo fato de o anúncio de retirada do país tenha sido feito em um domingo de páscoa e logo após a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao país.
Ela disse esperar que se abra um espaço para a batalha de ideias no país sul-americano e lembrou o fato de que aos povos da região pagaram um preço alto para que a informação fosse considerada um direito e afirmou ainda ser preciso seguir lutando para que a notícia não siga sendo tratada como uma mercadoria.
Lombardi, por sua vez, justificou a decisão de seu governo com o argumento de que “nosso país não tinha nenhuma ingerência nos conteúdos nem em seu gerenciamento. Esta determinação está em linha com o que temos proposto para os meios públicos em termos de pluralismo e austeridade”.
Veja a entrevista de Villegas (em espanhol)
https://youtu.be/AyWEWYvwN4k
Nicolás Maduro
Em declarações concedidas à emissora VTV (Venezolana de Televisión), Maduro disse que “os que estão tentando fazer com que a Telesur desapareça são os mesmos que desapareceram com 30 mil jovens na Argentina”, referindo-se à ditadura que deixou milhares de pessoas desaparecidas.