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1 de março de 2016
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20:45

Igreja se preocupava mais com reputação do que em ajudar vítimas de abusos, diz cardeal

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Sul 21
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Igreja se preocupava mais com reputação do que em ajudar vítimas de abusos, diz cardeal
Igreja se preocupava mais com reputação do que em ajudar vítimas de abusos, diz cardeal
Segundo George Pell, havia 'instinto de proteger a instituição'  | Foto: Divulgação
Segundo George Pell, havia ‘instinto de proteger a instituição’ | Foto: Divulgação

Do Opera Mundi

O cardeal australiano George Pell declarou nesta segunda-feira (29) que, diante de acusações de pedofilia, a Igreja Católica possuía um “instinto de proteger a instituição” e uma “predisposição a não acreditar” nas denúncias das crianças. Ele falou à Real Comissão para Respostas Institucionais ao Abuso Sexual de Crianças, grupo australiano que investiga casos de pedofilia no país, inclusive dentro da Igreja Católica.

“Não estou aqui para defender o indefensável, a Igreja cometeu erros enormes e está trabalhando para repará-los, mas em muitos muitos lugares, certamente na Austrália, a Igreja estragou as coisas e decepcionou as pessoas”, afirmou. Ele classificou como “catastrófico para as vítimas e para a Igreja” o modo com que as denúncias na cidade de Ballarat, foco da Comissão, foram conduzidas.

“Naquela altura, o instinto era mais de proteger a instituição, a comunidade da Igreja, da vergonha”, disse o cardeal. Ao ser perguntado, Pell disse que não tinha conhecimento se havia abusos sexuais em Ballarat. Ted Dowlan, padre na cidade, foi preso por ter violentado 31 garotos.

O cardeal Pell é tesoureiro do Vaticano e dirige a Secretaria de Economia da Santa Sé, o que o coloca na posição considerada a terceira mais alta na hierarquia católica. Ele afirmou que durante a década de 1970, quando começou a se deparar com denúncias de abuso sexual, esteve “muito fortemente inclinado” a acreditar na versão dos padres.

Por condições de saúde, o cardeal, que estava em Roma, não viajou a Sidney e falou com a Comissão por meio de uma videoconferência. Antes do interrogatório, que durou cerca de quatro horas, Pell fez um juramento com a Bíblia de que falaria a verdade. Ele voltará a falar com a Comissão nos próximos três dias.

Um grupo de 15 vítimas ou familiares de pessoas que sofreram abusos por membros da Igreja Católica na Austrália foi a Roma e assistiu ao interrogatório na mesma sala em que o cardeal se encontrava. Segundo eles, a intenção era submeter Pell à pressão que teria caso tivesse ido à Austrália.

“Eu acredito que as falhas foram esmagadoramente pessoais em vez de estruturais”, disse Pell. Ele afirmou que, nos últimos 20 anos, “muitos poucos países” avançaram tanto quanto a Igreja Católica australiana na condução de denúncias de pedofilia.


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