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19 de julho de 2014
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16:44

Snowden afirma que não teme Guantánamo

Por
Sul 21
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Ex-funcionário da NSA diz que não teme Guantánamo

Maria Wagner

Edward Snowden concedeu nova entrevista ao jornal britânico Guardian. Agora, o ex-funcionário da National Security Agency (NSA) fala sobre sua situação atual na Rússia, seu futuro e as consequências que seu possível retorno aos Estados Unidos poderia ter. Garante que não sente medo. “Se eu terminasse acorrentado em Guantánamo, poderia viver com isso”, afirma.

Ele acrescenta que se sente mais satisfeito na Rússia do que seria em algum outro país onde tivesse que contar com um “processo injusto”. E faz questão de salientar que “sou muito feliz por ter recebido asilo aqui”, onde descobriu imediatamente que também é vigiado. E? Nada demais. Sabe que isso é normal para qualquer pessoa que esteja na posição em que se encontra.

Perguntado sobre o ânimo com que enfrentaria as consequências que o ameaçam se voltar aos Estados Unidos, Snowden diz acreditar que um julgamento em sua terra natal teria, no mínimo, uma grande dificuldade: encontrar 12 jurados para os quais a revelação do programa de espionagem da NSA não seria de interesse público. Além disso, mesmo que não queira especular sobre o veredito de um júri, tem certeza de que um processo desse tipo colocaria o programa de vigilância sob pesado questionamento. Nada conveniente para quem deseja levá-lo ao tribunal.

A entrevista foi gravada em Moscou, pelo chefe de redação do Guardian, Alan Rusbridger, e pelo correspondente Ewen MacAskill. Os dois jornalistas puderam notar que Snowden parece mais sereno e objetivo agora se comparado com um ano atrás, quando escancarou o programa de espionagem da NSA – em agosto de 2013 – e contava com a possibilidade de ser imediatamente preso.

Quanto à especulação que volta e meia ressurge, afirmando que é espião russo, Snowden afirma que é absurda. “Loucura.” Aliás, segundo ele, se o governo dos Estados Unidos tivesse um mínimo sinal que comprovasse qualquer tipo de cooperação dele com a Rússia essa certeza pousaria imediatamente em forma de manchete de capa no New York Times.

Sempre crítico, Snowden qualifica como irresponsável o comportamento de alguns funcionários do serviço secreto dos Estados Unidos. Conta que os analistas mais jovens trabalham sobrecarregados, são exigidos além de sua capacidade. E isso afeta o trabalho deles. Por exemplo: funcionários com idade entre 18 e 20 anos de idade passam adiante, entre eles, as fotos de pessoas nuas que descobrem na espionagem. “Momentos extremamente íntimos”, segundo ele, são gravados e guardados. A partir daí é possível imaginar, diz Snowden, o tamanho do estrago que o oportunismo de Estado poderia causar, usando dados absolutamente privados, o que iria configurar violento desrespeito aos direitos básicos do ser humano.


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