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1 de junho de 2010
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18:35

Israel reconhece erros em ataque a navios de frota humanitária

Por
Sul 21
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Israel reconheceu nesta terça-feira (1º de junho) que falhou no uso das táticas, inteligência e armas, na abordagem aos navios com ajuda humanitária que ia para a faixa de Gaza, e acabou com a morte de ao menos nove pessoas.

A ação foi muita criticada internamente e foi chamada de “fiasco” pelos principais jornais israelenses. Um deles pedia que o ministro da Defesa, Ehud Barak, renunciasse.

Membros do governo pediram investigações sobre o caso, mas insistiram que os ativistas provocaram a situação. “Nós não esperávamos tanta resistência do grupo de ativistas enquanto investíamos contra os navios”, disse um marinheiro não-identificado a rádio do Exército israelense. “O resultado foi diferente do que imaginamos, mas resultado do comportamento inapropriado dos adversários que encontramos”.

O especialista britânico em guerra marinha, Jason Alderwick, culpou os soldados que invadiram os navios por falta de eficiência. “O sucesso é atingido com planejamento e boa inteligência. Desta vez eles não foram fortes, rápidos e em números suficientes para controlar o navio”, disse Alderwick. Alguns dos soldados usavam armas de paintball, para não ferir os ativistas, mas na situação elas se mostraram ineficientes. “Está claro que o equipamento para dispersar os ativistas foi insuficiente”, disse o chefe das Forças Armadas de Israel, Gabi Ashkenazi.

Ataque

Na madrugada da segunda-feira, a Marinha israelense atacou seis embarcações que levavam à faixa de Gaza mais de 700 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária, entre insumos médicos e casas pré-fabricadas. Ao menos nove pessoas morreram na ação, que foi repudiada por diversos países e pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O grupo tentava furar o bloqueio de Israel à entrega de mercadorias aos palestinos. De acordo com a imprensa turca o ataque ocorreu em águas internacionais, mas as forças de defesa de Israel mantêm que as embarcações tinham invadido seu território.

A pedido da Turquia –país de origem de quatro dos mortos na ação israelense, segundo fontes diplomáticas em Ancara– a Otan realiza nesta quinta-feira uma reunião de emergência para discutir o episódio. A Liga Árabe também convocou uma reunião para esta terça-feira, e a Jordânia e o Egito –os dois países árabes que mantêm acordos de paz com Israel– condenaram duramente a violência.

Brasil

O chanceler Celso Amorim afirmou ontem que o ataque israelense à flotilha que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza justifica a tomada uma ação por parte da ONU. “É um ato muito grave, estamos preocupados com isso, esperamos que a ONU adote alguma ação, e que Israel possa atender ao que for solicitado”, disse.

O governo brasileiro condenou nesta segunda-feira, em nota oficial, o ataque. A nota indica que o governo convocou o embaixador de Israel ao Itamaraty para que seja “manifestada a indignação do governo brasileiro com o incidente e a preocupação com a situação da cidadã brasileira”.

“O Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. O fato é agravado por ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais. O Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo”, diz o governo brasileiro no comunicado.


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