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4 de junho de 2010
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20:09

Israel intercepta mais um navio com missão humanitária

Por
Sul 21
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O Exército de Israel abordou, no meio da manhã deste sábado (5), o navio de bandeira irlandesa “Rachel Corrie” que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Segundo um porta-voz militar israelense, não há registro de vítimas. Inicialmente, as fontes israelense disseram que a abordagem militar aconteceu com “a complacência” da tripulação e dos passageiros da embarcação, o que pouco depois foi desmentido pelo “Free Gaza”, um dos grupos que organizou a expedição de caráter humanitário.

“Ninguém no navio concordou com a abordagem. Ninguém no navio queria homens armados à bordo”, informou a organização por meio de uma mensagem divulgada no Twitter, onde denuncia que o Exército de Israel não considerou “um ato de violência” abordar militarmente um navio civil em águas internacionais e mudar seu rumo em direção a um porto israelense.

A abordagem ocorreu depois que o navio irlandês ignorou quatro chamados feitos pelos dois navios militares de Israel, que o acompanhavam desde o início da manhã, para que atracasse no porto israelense de Ashdod, em vez de continuar para Gaza. Após a abordagem, o Exército israelense conduziu a embarcação para o porto de Ashdod, no norte da faixa palestina.

“Se não nos obedecerem, teremos de abordar o navio”, havia ameaçado pouco antes a porta-voz para a imprensa estrangeira do Exército israelense, Avital Leibovich, em declarações à BBC. A ameaça concretizou as advertências que Israel havia reiterado nos últimos dias, de que impediria com o uso da força a chegada do cargueiro “Rachel Corrie” a Gaza, caso da embarcação não desistir da intenção de romper o bloqueio israelense e chegar à faixa palestina.

Nesta sexta-feira a tripulação do navio já havia rejeitado a oferta feita por Israel, através da Irlanda, que atracasse em Ashdod e desembarcasse nesse porto israelense situado ao norte de Gaza a ajuda humanitária. Segundo “Free Gaza, o “Rachel Corrie” transporta 1,2 mil toneladas de ajuda humanitária. Com 20 pessoas a bordo, entre os passageiros está a prêmio Nobel da Paz norte-irlandesa Mairead Maguire e um antigo subsecretário-geral das Nações Unidas, o irlandês Denis Halliday.

Foto FreeGaza.org/Flickr

O governo israelense diz querer verificar a carga de ajuda, que inclui cimento, cadeiras de roda, equipamentos médicos, giz de cera e cadernos, antes de entregá-la a Gaza, confiscando mercadorias que alega poderem ser utilizados para fins militares, como material de construção e metal, por exemplo.

Rachel Corrie

O “Rachel Corrie” ficou para trás do comboio devido a problemas técnicos. O nome do navio irlandês é carregado de simbolismo. Rachel Corrie era uma ativista americana que em 2003 foi esmagada em Gaza por uma escavadeira militar israelense, quando exercia papel de “escudo humano” impedindo a demolição de casas palestinas.

O Exército israelense atacou na segunda-feira outros seis navios do comboio de ajuda humanitária, da qual faz parte o navio irlandês. Na abordagem, o Exército matou nove ativistas turcos – um deles com dupla nacionalidade turco-americana – que viajavam em uma das embarcações. No ataque, em águas internacionais, dezenas de ativistas ficaram feridos.

FreeGaza.org/Flickr

Turquia

Na sexta-feira, o governo da Turquia indicou que está estudando a possibilidade de reduzir relações com Israel devido ao incidente de segunda-feira. Manifestando seu descontentamento com a ação israelense, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, sugeriu que os israelenses desrespeitaram os preceitos de sua própria religião no ataque à frota.

“Estou me dirigindo a eles (israelenses) em sua própria língua. O Sexto Mandamento diz ‘Não Matarás’. Não entenderam?”, disse Erdogan em um discurso a simpatizantes de seu partido. “Eu vou falar de novo. Vou falar em inglês: ‘Thou Shall Not Kill’. Ainda não entenderam? Então vou dizer a vocês em sua própria língua. Vou dizer em hebreu ‘Lo Tirtzakh’.”

Matéria atualizada às 17h:

Israel afirmou que o navio foi desviado neste sábado por militares do país ao porto israelense de Ashdod. A comunicação com os ativistas foi cortada.

(Com Estadão, BBC Brasil, Agência Efe)


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