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28 de maio de 2010
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17:55

Obama sepulta doutrina Bush, mas investe em guerra

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Sul 21
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O governo Obama divulgou nesta quinta-feira (27) nova doutrina de segurança nacional, que une o envolvimento diplomático e a disciplina econômica ao poderio militar, como forma de ampliar a presença dos EUA no mundo. Rompendo formalmente com o unilateralismo da era Bush, a estratégia do presidente Barack Obama prevê a expansão de parcerias para além dos aliados tradicionais dos EUA.

A chamada “doutrina Obama” parecia ser uma ruptura drástica com a abordagem de George W. Bush. No entanto, na prática, o cenário aparenta ser outro. O Senado americano aprovou nesta semana projeto de orçamento 2010 que adiciona cerca de 60 bilhões de dólares para financiar a guerra no Afeganistão, a retirada do Iraque e a ajuda ao Haiti para a sua reconstrução depois do terremoto de janeiro.

O texto, aprovado por 67 votos a 28, visa às demandas para financiar o envio de 30.000 soldados adicionais ao Afeganistão. Também prevê um pacote de mais de 33,4 bilhões de dólares para o Departamento de Defesa. Para a reconstrução do Haiti, apenas 2,8 bilhões de dólares.

Segundo a nova estratégia de Segurança Nacional, a luta não é mais contra o terrorismo islâmico, como se definia no governo Bush. Obama determina de forma mais exata o adversário dos EUA: a Al-Qaeda e seus aliados. “Nosso inimigo não é o terrorismo, porque o terrorismo é uma tática”, disse John Brennan, conselheiro da Casa Branca. “E nós não descrevemos nossos inimigos como islâmicos ou jihadistas.”

No relatório, a Casa Branca reconhece a emergência de outras potências e as limitações dos EUA, “endurecidos pela guerra” e “punidos por uma crise econômica devastadora”. Essa também é uma diferença marcante em relação a Bush, que não admitia a emergência de novas potências. “Precisamos encarar o mundo como ele é”, afirma Obama na introdução do relatório.

O documento, de 52 páginas, vai, a partir de agora, estabelecer as prioridades do governo e comunicá-las ao Congresso, aos americanos e aos estrangeiros. No relatório, Obama volta a prometer que fechará a prisão em Guantánamo, mas não especifica quando ou como.

Apesar de não apresentar menção a ataques preventivos, propostos por Bush, Obama não exclui a possibilidade de atacar inimigos. “O uso da força às vezes é necessário, mas vamos esgotar as possibilidades antes de recorrer à guerra, e cuidadosamente pesar os riscos e custos da ação, comparada à inação”, diz o relatório. Se for necessário agir, “vamos buscar amplo apoio internacional, trabalhando com instituições como a Otan e o Conselho de Segurança da ONU”.


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