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26 de maio de 2021
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21:26

Professores reclamam de máscaras contra a covid-19 distribuídas pelo governo do Estado

Por
Sul 21
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No começo de maio, a secretária da Educação visitou escola em Porto Alegre usando máscara de qualidade muito superior àquelas dadas aos professores. Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Luciano Velleda

Há cerca de um mês, quando o governador Eduardo Leite (PSDB) mudou todas as regiões do Rio Grande do Sul da bandeira preta para a vermelha com a finalidade de driblar a Justiça e retomar as aulas presencias, a comunidade escolar já reclamava das difíceis condições que enfrentaria na reabertura das escolas. Entre questões de ventilação e higienização, as máscaras eram um dos principais problemas apontados por professores e funcionários de escola, junto com a vacinação. A reclamação se referia à baixa qualidade dos equipamentos distribuídos pelo governo estadual na rede pública.

“Tem escolas com janela emperrada, com basculantes que não são apropriadas para a circulação do ar. O governo nos entregou máscaras de péssima qualidade e tapete sanitizante, como se isso bastasse pra evitar o contágio. O governo simplesmente nos joga, junto com os alunos, pra dentro das salas de aula”, afirmou, na ocasião, Helenir Aguiar Schürer, presidenta do Cpers.

Um mês depois, a insatisfação permanece a mesma. Nas redes sociais, professores criticam a qualidade das máscaras de pano oferecidas pelo governo Leite. No dia 6 de maio, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) enviou ofício à secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, solicitando a distribuição de máscaras do modelo PFF2 ou N95 para professores e funcionários de escola.

“Segundo estudos, as máscaras PFF2/N95 são consideradas as mais seguras, por garantir uma maior vedação do rosto, conseguindo filtrar de maneira eficaz as partículas do vírus que, normalmente, se espalham pelo ar, quando há tosses ou espirros”, justificou a deputada no documento.

Cerca de 20 dias depois, a parlamentar ainda não recebeu resposta oficial da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Em contato com a reportagem do Sul21, a Seduc confirmou, nesta quarta-feira (26), não haver novidade com relação à demanda dos educadores pelo recebimento de máscaras melhores.

“É um descaso com a comunidade escolar depois da pressão pela volta às aulas e todo o discurso das medidas sanitárias”, critica Luciana Genro. “Quando se vê as máscaras, que é o principal instrumento de prevenção, são máscaras frouxas de pano que não adiantam, o resultado é muito diferente de uma máscara de qualidade.”

Luciana acredita que o único caminho para o governo rever sua posição é a pressão constante dos professores, Cpers e parlamentares. A deputada até considera não ser uma PFF2, desde que sejam máscaras de melhor qualidade.

Usar máscara boa foi a opção da secretária Raquel Teixeira, quando visitou duas escolas estaduais em Porto Alegre, no começo de maio. Na ocasião, ela esteve na Escola Duque de Caxias, localizada no bairro Azenha, e na Escola Gomes Carneiro, na Zona Norte, para conferir os preparativos nos primeiro dias de retorno das aulas presenciais.

“Nós queremos mostrar para a sociedade que a escola pode ser um ambiente controlado”, disse a secretária, destacando os protocolos sanitários, o uso de máscaras e o distanciamento.

Opções de proteção 

A reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda, pondera que por não haver recomendação oficial de nenhum órgão sobre o uso de máscara PFF2 para a comunidade escolar, pode haver dificuldade da compra via licitação. Todavia, diz ser importante informar os professores e funcionários de escola de que o modelo é a opção mais segura, tem baixo preço e uma produção nacional suficiente.

“É a melhor opção, mas outras opções são bem razoáveis também. O bom da PFF2 é que ela realmente protege a pessoa que usa. Então, numa situação como numa escola, que tem uma certa aglomeração e contato com muitas pessoas, muitas vezes em ambiente fechado e, principalmente, em transporte público, ela é a melhor opção”, explica.

Se não for possível usar uma PFF2, a reitora da UFCSPA sugere como opção a máscara cirúrgica, com o devido cuidar em ajustar bem no rosto para não deixar passar o ar. Se o ajuste for difícil, a dica é colocar uma de pano por cima da cirúrgica. “Essa seria uma segunda opção bem boa”, diz.

A terceira opção, explica Lucia, é uma máscara de pano tripla, igualmente bem ajustada no rosto. “De todas as variáveis da máscara, a mais importante é essa, não deixar escapar o ar, não ficar espaço entre o rosto e a máscara que permita a passagem do vírus.” 


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