Da Redação
Um mundo com maior concentração de capital em grandes grupos econômicos e com uma presença ainda mais forte da China nas cadeias globais de valor. Um Brasil ainda mais enfraquecido pela desindustrialização, pela perda de capacidade tecnológica e com um cenário de muitas incertezas para 2021 com o fim de medidas que ajudaram a atenuar a recessão em 2020. É assim que o economista Marcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resume alguns dos principais impactos da pandemia no sistema econômico internacional e na economia brasileira.
No quarto episódio do Conversas Cidadãs, programa produzido em parceria pelo Sul21 e pelo Instituto Goethe Porto Alegre, conversamos com o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre o que mudou na economia um ano depois do início da pandemia. Além disso, ele esboça alguns cenários para 2021, que, no caso do Brasil, não são muitos animadores. No plano internacional, ele chama a atenção para o fortalecimento de grandes grupos econômicos e para o enfraquecimento dos pequenos negócios.
No plano interno, uma das principais consequências da pandemia foi acelerar o processo de desmonte do parque industrial brasileiro, com perda de capacidade produtiva e tecnológica. O Brasil, aponta Pochmann, está voltando a um cenário anterior ao da década de 1930, voltando a ser um país com uma economia voltada para a exportação de bens primários. Isso tem reflexos inclusive na capacidade de enfrentamento da pandemia em função da dependência que o país passa a ter em relação a outros países para ter acesso a insumos importantes para a produção de medicamentos.
Com o fim do auxílio emergencial que ajudou a diminuir os impactos da recessão e do desemprego em 2021, o cenário para a economia brasileira este ano não é dos mais animadores, aponta Pochmann. Segundo ele, a economia brasileira deverá ter cerca de 8% de recursos a menos em 2021, comparado com o que ocorreu no ano passado. Isso, alerta, pode comprometer qualquer possibilidade de recuperação da pandemia, prolongando a recessão, ampliando o desemprego e a pobreza.
