Geral
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11 de dezembro de 2020
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20:42

Servidoras denunciam há um ano assédio moral e sexual no TRF4

Por
Sul 21
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TRF4. Foto: Arquivo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo

Da Redação

Tramita internamente no Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4), há cerca de um ano, um processo administrativo por assédio moral e sexual, movido por três servidoras que serão ouvidas em sindicância na próxima terça-feira (15). Na mesma data, o Sintrajufe RS, que vem acompanhando as mulheres ao longo desses meses, convocou uma mobilização, prevista para acontecer em frente à instituição, às 14h.

De acordo com a assessoria jurídica contratada pelo Sintrajufe para orientar as servidoras, as denúncias foram feitas no final de 2019, mas só na semana passada a administração do tribunal nomeou a comissão de sindicância que deverá apurar os fatos. A comissão teria sido nomeada pelo presidente do TRF4, desembargador Victor Luis dos Santos Laus, após determinação do Ministério Público Federal. O MPF entrou em ação depois que as servidoras ingressaram com uma representação junto ao órgão.

Inicialmente, as denúncias de assédio moral e sexual chegaram a ser arquivadas pelo tribunal, sem que nenhuma das partes fosse ouvida. Só no final de setembro de 2020, em decisão a recurso interposto pelas servidoras, o Conselho de Administração do TRF4 determinou a abertura de sindicância contra o denunciado, reformando a decisão anterior do presidente.

O TRF4 confirma que as servidoras pediram, por intermédio do sindicato, o afastamento do suspeito, mas afirma que “a medida é prevista apenas nas hipóteses de PAD, na forma do artigo 147 da Lei 8112/90”. O mencionado artigo indica que a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o afastamento do servidor do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração, como medida cautelar e a fim de que ele não venha a influir na apuração da irregularidade.

Nos últimos dias, uma decisão do presidente em exercício, Luís Alberto d’Azevedo Aurvalle, alterou a composição da comissão. Procurado pela reportagem, o TRF4 informou que a mudança na comissão ocorreu a pedido de um dos integrantes, por razões de ordem pessoal, agravadas pelo atual estado de pandemia de covid-19.

O Sintrajufe denuncia também a morosidade do TRF4 em formar uma Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e do Assédio Sexual, prevista pelo próprio tribunal, mas que só teria sido constituída para trabalhar após um ano de sua publicação e, novamente, sob pressão do Ministério Público Federal. O tribunal diz que as comissões “estão sendo instituídas na medida do possível, considerando as demandas do Tribunal e as dificuldades enfrentadas em virtude da pandemia de covid-19” e nega a interferência de órgãos externos.


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