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20 de novembro de 2020
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13:31

Leite promete apuração rigorosa do assassinato de João Alberto: ‘Cenas são incontestes de que houve excessos’

Por
Luís Gomes
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Leite promete apuração rigorosa do assassinato de João Alberto: ‘Cenas são incontestes de que houve excessos’
Leite promete apuração rigorosa do assassinato de João Alberto: ‘Cenas são incontestes de que houve excessos’
Governador se pronunciou sobre a morte de João Alberto ao lado da Chefe de Polícia, Nadine Anflor, e do comandante da BM, Coronel Mohr | Foto: Reprodução

Da Redação

O governador Eduardo Leite (PSDB) fez um pronunciamento na manhã desta sexta-feira (20) sobre o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, morto na noite de quinta-feira (19) por seguranças do supermercado Carrefour do bairro Passado D’Areia, na zona norte da Capital. As imagens de João Alberto sendo espancado circularam pelas redes sociais desde a noite de ontem, gerando comoção sobre o caso e pedidos de apuração do crime.

Leite iniciou o pronunciamento lembrando que hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. Destacou também que o governo criou, em 2019, o Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis, que irá inaugurar nos próximos dias uma delegacia especializada em combater crimes de intolerância.

“Infelizmente, nesse dia que nós deveríamos estar celebrando essas políticas públicas, nós todos nos deparamos com cenas que nos deixam todos indignados pelo excesso de violência e que levou a morte de um cidadão negro num supermercado aqui na Capital gaúcha”, disse.

Ao lado do comandante da Brigada Militar, Coronel Rodrigo Mohr Picon, e da Chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, Leite afirmou que todas as circunstâncias do crime serão apuradas para que os responsáveis sejam punidos. “Os inquéritos policiais estão sendo levados adiante com muito rigor, aqueles que se envolveram detidos e já apresentados também o inquérito por homicídio triplamente qualificado”, disse.

Nadine afirmou que duas pessoas já foram presas e outras duas pessoas estão sendo investigadas por ligação ao crime. Ela confirmou a informação de que os detidos foram autuados por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima. “As imagens são muito chocantes”, disse. Nadine também afirmou que o assassinato de João Alberto Silveira Freitas está sendo apurado como um caso de intolerância.

Leite destacou que um dos suspeitos de envolvimento é um policial militar temporário. “Um policial militar temporário tem a função substituir os PMs de carreira que trabalham na rua em funções administrativas e de videomonitoramento, são funções internas. Então, ele não está no vínculo com o Estado e deve estar respondendo um PAD (processo administrativo disciplinar) demissionário nos próximos dias, deve ser retirado da corporação e responder civilmente pelo crime”, afirmou o comandante da Brigada, Coronel Mohr.

O governador afirmou também que assegura à população de que os policiais militares recebem treinamento adequado para garantir segurança à população. “Lamentavelmente, a gente vê o envolvimento de um policial que tem que cumprir tarefas administrativas nessas cenas que nos deixam todos indignados. Todo o esforço do Estado na apuração e para que os responsáveis por este crime enfrentem a Justiça, tendo a oportunidade da defesa, mas as cenas são incontestes de que houve excessos que deverão ser apurados e dada a consequência para este crime”.

Ele destacou ainda que a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos também vai acompanhar o caso a partir do Grupo Técnico de Violência Racial. “A nossa solidariedades aos familiares e aos amigos da vítima, o João, e a certeza que damos a eles e a todo povo gaúcho de que a apuração será absolutamente rigorosa para que haja consequência deste ato lamentável”, disse o governador ao final do pronunciamento.

Vice-governador e Secretário Estadual da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior (PTB) afirmou, em postagem no Twitter, que o caso será apurado à exaustão. “Não podemos admitir ações dessa natureza. As imagens são horripilantes, a Segurança Pública de nosso Estado fará tudo para o seu total esclarecimento”, disse.

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) afirmou em postagem no Twitter que o episódio é inaceitável.

Os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições de Porto Alegre também se manifestaram sobre o caso.

“Estava no debate da Band e na saída soube do assassinato de um homem negro pela abordagem violenta dos seguranças do estacionamento do Carrefour. Sei que já há pedido de investigação sendo feito por parlamentares e pela bancada antirracista recém eleita. Mas as imagens dizem muito. O racismo que estrutura as relações de nossa sociedade precisa ser enfrentado de frente. As mulheres e homens brancos precisam assumir a sua responsabilidade na luta antirracista. Quantos Betos? Qual pessoa branca você viu ser vítima dessa violência?”, escreveu Manuela D’Ávila (PCdoB).

“Acabo de saber da morte de um homem negro por seguranças do Carrefour da zona norte aqui de Porto Alegre. Um absurdo! As cenas são chocantes. Justamente no dia Nacional de luta contra o racismo. Medidas rigorosas devem ser tomadas imediatamente!”, escreveu Sebastião Melo (MDB).


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