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22 de setembro de 2020
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13:08

Pesquisa do CPERS aponta que 98% dos professores da rede estadual estão trabalhando mais durante a pandemia

Por
Sul 21
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40% dos professores relataram que não possuem acesso à Internet com a velocidade e estabilidade adequadas. (Foto: Luiza Castro/Sul21)

Da Redação (*)

O CPERS  divulgou, na manhã desta terça-feira (22), as conclusões da análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) da última etapa da consulta Educação e Pandemia no RS, desenvolvida pelo sindicato junto à categoria. A pesquisa aponta que 98% dos professores e professoras estão trabalhando mais do que prevê o contrato de trabalho durante a pandemia. Além da sobrecarga – sem receber qualquer adicional – 40% dos professores que responderam a pesquisa relataram que não possuem acesso à Internet com a velocidade e estabilidade adequadas para realizar o trabalho à distância.

A pesquisa contou com 3,9 mil respondentes e 2.131 questionários considerados válidos (com CPF e preenchidos até o final) contemplando 872 escolas de 282 municípios.

As respostas também apontam o desgaste físico e psicológico, insônia, ansiedade, tristeza e incertezas, além dos salários atrasados, as cobranças constantes da Secretaria Estadual da Educação e a continuidade da retirada de direitos durante a pandemia. Uma queixa recorrente é a dificuldade de conciliar o aumento na carga de trabalho com o cuidado de filhos pequenos, o preparo das refeições, o trabalho doméstico e os cuidados com a saúde.

Apenas 4,26% dos educadores afirmaram que a quantidade de estudantes que conseguem participar plenamente do ensino remoto emergencial ultrapassa os 80%. Para 45,07%, 30% ou menos dos seus estudantes consegue participar plenamente.

Reprodução/Dieese

Outras dificuldades apontadas foram a falta de envolvimento/retorno dos alunos (78,8%), a necessidade de responder mães, pais e estudantes fora do horário de trabalho (75,8%), falta de estrutura e equipamentos (52,4%) e falta de orientação e instrução da mantenedora (51,3%).

Solicitados a darem uma nota de 0 a 10 para a organização, clareza e a qualidade das instruções enviadas pela mantenedora para a condução dos trabalhos, 63,5% dos participantes conferiram notas iguais ou menores a 5. Informações desencontradas, pouco prazo para a execução, planejamento incipiente, desrespeito à gestão democrática e determinações impositivas e descoladas da realidade das escolas foram algumas das críticas feitas à organização do governo do Estado.

Na avaliação do CPERS, “os dados evidenciam o descaso do Estado, sua falta de organização e sua inépcia em fornecer condições de trabalho adequadas ao período, além da franca violação dos contratos e a superexploração dos profissionais”. Ainda segundo o sindicato,  os equipamentos fornecidos até o momento pelo Estado são em número irrisório e de baixa qualidade, e o acesso patrocinado ao Google Classroom também tem se mostrado problemático, com baixa adesão e distante de contemplar as reais necessidades de ensino e aprendizagem.

Os números, por outro lado, disse a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, contrapõem a narrativa de setores que caluniam os profissionais da educação sugerindo que estes não querem voltar às aulas presenciais para “não trabalhar”. “Apesar da exclusão, apesar do cansaço, da ansiedade, do estresse, apesar do descaso do Estado, dos salários atrasados, do desrespeito e da falta de reconhecimento, nós preferimos viver. A educação escolhe a vida”, assinalou.

(*) Com informações do CPERS Sindicato.


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