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26 de agosto de 2020
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18:16

Estudantes protestam contra possível nomeação de 3º colocado para reitor da UFRGS

Por
Luís Gomes
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Estudantes realizaram ato durante parada de semáforo nas proximidades do campus central da UFRGS | Foto: José Carlos Daves/Divulgação

Da Redação

Representantes de diversas entidades de estudantes, técnicos-administrativos e professores que compõem o movimento Eu Defendo a UFRGS realizaram na manhã desta quarta-feira (26) diversas ações em protesto contra a possível indicação do professor Carlos André Bulhões Mendes para ser o novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apesar de ter sido o terceiro colocado na consulta interna realizada em julho — que teve como vencedor o atual reitor Rui Oppermann –, o nome de Bulhões ganhou força publicamente há cerca de dez dias, quando o deputado federal Bibo Nunes (PSL) passou a articular sua nomeação junto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O professor também é ligado ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).

Pela legislação nacional, é uma prerrogativa do presidente da República indicar o reitor das universidades federais brasileiras, mas é de praxe que o mais votado nas consultas internas seja o indicado.

Em defesa dessa lógica, manifestantes estenderam faixas e cartazes nos campi do Vale, da Saúde e do Centro na manhã desta quarta-feira (26). Na vizinhança do campus central, eles também realizaram uma mobilização durante a parada do semáforo com a exposição de faixas e cartazes contrários à “intervenção na universidade” e com o mote da campanha “Não queremos Bulhões”. Após a ação, também foi realizado um ato simbólico diante da reitoria contra a nomeação do terceiro colocado nas eleições internas, que contou com a participação de cerca de 100 pessoas.

“A gente fez essa mobilização simbólica, porque estamos resguardando os nossos militantes, respeitando o distanciamento social e a quarentena ainda. Teve uma série de falas, de professores e estudantes das mais diferentes correntes do movimento estudantil, defendendo a autonomia universitária, que é o que garante que a universidade produza conhecimento e pesquisa científica de maneira que atenda o interesse comum e não só o interesse de quem está bancando um projeto que representa um viés ideológico de destruição da universidade pública, de desrespeito com os estudantes, com os professores e com o funcionalismo público”, afirma Laura Barreras, integrante do Levante Popular da Juventude e direção da União Estadual dos Estudantes (UEE-RS), entidades que fazem para do movimento Eu Defendo a UFRGS.

Na mesma linha, a representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) no RS, Gabriela Silveira, avalia que seria um “absurdo” a indicação de um candidato que recebeu menos de 2 mil votos em um universidade de mais de 15 mil pessoas que participaram da consulta interna da UFRGS. “Eles não podem interferir dessa maneira na autonomia da maior e melhor do Estado. Nenhuma universidade, claro, merece ou deve ter sua autonomia desrespeitada, sua democracia desrespeitada, mas a UFRGS, que é um patrimônio do nosso Estado, precisa servir de exemplo. Foi anunciado um corte de 18% no orçamento da educação para 2021, isso significa R$ 30 milhões a menos nos cofres da da UFRGS, então nós achamos que a preocupação desses deputados com a universidade deveria ser com que não haja cortes no orçamentos”, diz.

Laura destaca ainda que o movimento seguirá mobilizado ao menos até o dia 20 de setembro, data limite para a indicação do novo reitor. “Se o cenário se cumprir com a indicação do Carlos Bulhões à reitoria da UFRGS, a mobilização vai continuar, acredito, durante toda a gestão, inclusive, porque é um projeto que não representa os interesses de uma universidade pública”, diz.

Estudantes realizaram ato durante parada de semáforo nas proximidades do campus central da UFRGS | Foto: José Carlos Daves/Divulgação

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