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26 de fevereiro de 2020
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21:41

Viradouro é a grande campeã do Carnaval 2020 no Rio de Janeiro

Por
Sul 21
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Viradouro é a grande campeã do Carnaval 2020 no Rio de Janeiro
Viradouro é a grande campeã do Carnaval 2020 no Rio de Janeiro
Muito amor por esta escola, levamos o título depois de muitos anos. A festa não tem hora para acabar em Niterói”, disse o presidente da escola, Marcelinho Calil. Foto: Dhavid Normando/Riotur

Da RBA

A Unidos do Viradouro, escola de samba de Niterói, é a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro 2020. A disputa foi muito acirrada e com reviravoltas. A apuração terminou com empate com a Grande Rio, na pontuação.

A escola foi premiada por seu enredo que trouxe a história de lavadeiras escravizadas no século 19 – e levou o título por ter melhor pontuação no quesito evolução, o segundo no critério de desempate, já que no primeiro, harmonia, também houve igualdade nas notas válidas. Estácio de Sá e União da Ilha do Governador foram as rebaixadas.

“Estamos de alma lavada. Essa escola merecia”, disse Tarcísio Zanon, carnavalesco da escola. “Muito amor por esta escola, levamos o título depois de muitos anos. A festa não tem hora para acabar em Niterói”, completou o presidente da escola, Marcelinho Calil. É a segunda vez que a Viradouro é a campeã do Carnaval do Rio – venceu também em 1997.

A força da mulher negra foi o tema do samba que mostrou lavadeiras de Itapuã, na Bahia. Mulheres escravizadas que vendiam comida e lavavam roupas na lagoa do Abaeté, em Salvador. Com o dinheiro, compravam a liberdade de outras mulheres escravizadas.

Carnaval politizado

Faltando apenas um quesito para o fim da votação, Viradouro, Grande Rio e Beija-Flor estavam empatadas em pontos. Seguindo o critério de desempate, em que valem mais os últimos quesitos, Viradouro já passou do penúltimo (evolução) para a última (harmonia) votação como campeã. Foi uma disputa muito emocionante para as três escolas.

No primeiro quesito, fantasia, o favoritismo de Viradouro, Mocidade, Grande Rio e Beija-Flor de Nilópolis começou a se concretizar. A disputa foi acirrada e com reviravoltas. União da Ilha do Governador e Unidos da Tijuca começaram penalizados com 0,1 ponto, por atraso no desfile e excesso do uso de tripés, respectivamente.

Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel e Beija-Flor se destacara no samba-enredo, com votação perfeita.

O teor crítico do samba da Mangueira foi um dos grandes destaques deste carnaval. A agremiação trouxe uma visão moderna de Jesus Cristo, como mulher, negro, índio e periféricos. A vida de Cristo ainda teve uma votação impecável no quesito enredo.

Intitulado A Verdade vos fará Livre, o samba da Mangueira fez críticas à repressão policial, ao genocídio da população negra periférica, entre outros temas relevantes.

presidente, Jair Bolsonaro (sem partido) também foi criticado na letra do samba, o que despertou críticas do próprio e de bolsonaristas radicais de extrema-direita. “Cristo levando batida policial. Faz uma vinculação comigo (…) desacatando religiões”, escreveu o presidente.

Já a Mocidade fez uma grande homenagem a uma das maiores sambistas e cantoras da história do Brasil Elza Soares. O samba “Elza deusa Soares” levantou a torcida. “É sua voz que amordaça a opressão”, cantavam mulheres do carro de som, entonando um samba que exaltou a luta feminista de Elza. No quesito enredo, que analisa como a história foi contada na avenida, a Mocidade também teve uma votação expressiva.


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