Da Redação
De um palhaço com a faixa presidencial a trabalhadoras domésticas indo para a Disney, a primeira noite de desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro — grupo de acesso — e São Paulo teve críticas e ironias destinadas ao governo de Jair Bolsonaro.
No Rio de Janeiro, a Acadêmicos de Vigário Geral, primeiro escola a desfilar no grupo de acesso, fechou o seu desfile com um palhaço “Bozo” vestindo faixa presidencial e “fazendo arminha” com as mãos. A escola tinha como o enredo “O conto do vigário” e falou sobre golpes e trapaças na história do Brasil.
O carnaval mal começou e a Acadêmicos do Vigário Geral já saiu assim na Sapucaí 👌🏽#CarnavalDoForaBolsonaro pic.twitter.com/WDWosDmbKk
— Carina Vitral (@carinavitral) February 22, 2020
Já em São Paulo, a Tom Maior desfilou com um enredo saudando herois negros da história que trouxe, também no último carro, uma enorme imagem de Marielle Franco, segurando uma máscara de Flandres – instrumento de tortura usado contra negros na escravidão – sobre os dizeres “as minorias são maiorias”. A escola também exaltou personalidades como Wilson Simonal, Elza Soares, Carolina Maria de Jesus, Mano Brown, Madame Satã, Machado de Assis, Pixinguinha, entre outros.
Mais imagens do Carro alegórico da Marielle Franco. #TomMaior #Globeleza #Carnaval2020 pic.twitter.com/t3tdMQp5NY
— Pop Net (@sitepopnet) February 22, 2020
Em alguns momentos, durante a frase “lutar, é preciso lutar por igualdade”, a bateria parou e os ritmistas e outros integrantes levantaram o braço com o punho fechado. O gesto simboliza resistência e solidariedade em movimentos como o “black power” surgido EUA. A escola de samba também levou a violência da polícia contra os negros em uma das alas.
A Mancha Verde também alfinetou o governo federal ao trazer foliões fantasiados de trabalhadoras domésticas com passaporte, em alusão às declarações do ministro da Economia Paulo Guedes, que afirmou que as profissionais têm ido muito à Disney. Outra ala, chamada “primavera feminista”, ironizou a “obrigatoriedade” de meninas vestirem rosa e meninos vestirem azul, slogan criado por Damares Alves, ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos do governo de Bolsonaro. A escola teve como enredo “Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem”, crítica a erros cometidos por líderes mundiais em nome de Jesus.