Geral
|
26 de janeiro de 2020
|
16:48

MST divulga carta ao povo brasileiro: ‘Estamos de pé e dispostos a contribuir no legítimo levante das massas’

Por
Luís Gomes
[email protected]
MST divulga carta ao povo brasileiro: ‘Estamos de pé e dispostos a contribuir no legítimo levante das massas’
MST divulga carta ao povo brasileiro: ‘Estamos de pé e dispostos a contribuir no legítimo levante das massas’
Encontro dos trabalhadores sem terra ressaltou necessidade de organizar o povo para a construção de outro modelo de sociedade | Foto: Matheus Teixeira/MST

Da RBA

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou, neste sábado (25), uma Carta Ao Povo Brasileiro, escrita após encontro realizado em Sarzedo (MG), em que destaca os ataques de Jair Bolsonaro (sem partido) à soberania nacional, denuncia o projeto de entregar a Amazônia e outros biomas à exploração ruralista e, sobretudo, reafirma sua missão com a reforma agrária, contra a retirada de direitos do povo brasileiro e em defesa do meio ambiente.

A carta aponta que a proposta de regularização fundiária do governo federal “quer entregar 70 milhões de hectares de terras públicas, especialmente na Amazônia, a quem desmatou, destruiu, sonegou impostos e assassinou povos”.

“Bolsonaro legitima a ação dos jagunços do agronegócio, autoriza o extermínio, desmata a floresta e destrói a biodiversidade. Tudo para expandir a fronteira agrícola, a mineração e o lucro das empresas transnacionais. Defender a Amazônia é defender o Brasil, os povos, seus territórios, a vida e o meio ambiente.”

No texto, o MST reforça seu posicionamento ao lado da “luta justa do povo por sua libertação e por uma vida sem a lógica perversa da acumulação do agronegócio e da mineração” e seu compromisso “com a terra, com a vida, garantindo alimentação saudável para todo o povo”.

Leia a íntegra da Carta Ao Povo Brasileiro, do MST:

Desde as terras inconfidentes e rebeldes das Minas Gerais, e solidários com as famílias das vítimas da Vale em Mariana e Brumadinho, a Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, reunida em janeiro de 2020, reafirma seu compromisso com a organização popular, a luta por Reforma Agrária e a transformação social.

Testemunhamos aqui nestas terras a agressão do capital aos bens da natureza e as condições de vida do povo, gerando a morte de pessoas, rios, plantas e toda biodiversidade, como pedágio à sanha de seu lucro incontrolável. Aqui estamos para afirmar a luta justa do povo por sua libertação e por uma vida sem a lógica perversa da acumulação do agronegócio e da mineração.

O capital, sob profunda crise, impõe aos povos do mundo desemprego, fome, retirada de direitos sociais, precarização do trabalho, violência, extermínio, privatizações, destruição do meio ambiente, expropriações, saque dos bens naturais e dos recursos estratégicos. Promove guerras de todo tipo e ameaça a existência humana, seja por seu projeto destrutivo à natureza, mas também por sua agenda ultraliberal que acentua a desigualdade social e aumenta os privilégios da classe dominante.

Este projeto de morte é neofascista, odeia a democracia e a participação popular. Produz governos de extrema direita e Estados serviçais aos interesses dos mais ricos. Promove golpes, desestabiliza economias e incita o caos social.

No Brasil, o governo Bolsonaro entrega o país aos interesses dos Estados Unidos, nossas terras aos estrangeiros e quebra a economia nacional em detrimento do capital. Atenta contra a soberania dos povos e sobre os bens naturais existentes. Bolsonaro é um gerente do projeto de poder das elites, age sob a tutela militar, em conluio com uma parte significativa do judiciário e do congresso, governa com as milícias e com os corruptos.

Impõe o medo, despreza a Constituição e pratica o terrorismo de Estado contra os povos, especialmente indígenas, negros, mulheres e LGBTs.

No campo, promove a regularização do crime de grilagem e quer entregar 70 milhões de hectares de terras públicas, especialmente na Amazônia, a quem desmatou, destruiu, sonegou impostos e assassinou povos. Pretende premiar quem se autodeclara dono de terras roubadas dos brasileiros e brasileiras.

Bolsonaro legitima a ação dos jagunços do agronegócio, autoriza o extermínio, desmata a floresta e destrói a biodiversidade. Tudo para expandir a fronteira agrícola, a mineração e o lucro das empresas transnacionais. Defender a Amazônia é defender o Brasil, os povos, seus territórios, a vida e o meio ambiente.

Nosso dever é atuar sobre as contradições deste projeto das elites, pois eles não têm solução para os principais problemas que afetam o povo brasileiro. Devemos nos mobilizar diante do desmonte dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Diante da generalização da violência, das perseguições e assassinatos de lutadores e lutadoras. Devemos nos indignar perante o envenenamento em massa do povo através da comida e da água, promovido pelo agronegócio.

Nos comprometemos a ocupar os latifúndios do campo e das cidades. Lutar pelos direitos sociais e não permitir retrocessos nas conquistas. Estamos de pé e dispostos a contribuir no legítimo levante das massas populares.

Reafirmamos nosso compromisso com a terra, com a vida, garantindo alimentação saudável para todo o povo. Defendemos um Projeto Popular para o Brasil. Seguiremos lutando em defesa da Soberania Nacional e Popular.

Nos solidarizamos com todos os trabalhadores e trabalhadoras em luta do mundo. Rechaçamos os golpes e intervenções. Defendemos a legitima soberania dos povos.

Estaremos nas ruas com as mulheres, com a juventude, com os educadores, as educadoras e com a classe trabalhadora. Conclamamos o povo brasileiro à travar as batalhas necessárias, manter a luta permanente e construir uma sociedade justa e igualitária. Uma sociedade socialista!

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

Coordenação Nacional do MST

Sarzedo (MG), 25 de janeiro de 2020


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora