Geral
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4 de dezembro de 2019
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18:42

Sindicato e artistas acusam direção da Trensurb de censurar apresentação na Estação Mercado

Por
Luís Gomes
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Sindicato e artistas acusam direção da Trensurb de censurar apresentação na Estação Mercado
Sindicato e artistas acusam direção da Trensurb de censurar apresentação na Estação Mercado
Apresentação do grupo cultural Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz foi transferida para o lado de fora da estação | Foto: Divulgação

Da Redação

O grupo cultural Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz alega ter tido uma apresentação censurada pela direção da Trensurb nesta terça-feira (3) na Estação Mercado, em Porto Alegre. Por volta das 16h30, artistas do grupo apresentavam o espetáculo “Quero Trem Seguro”, composto por esquetes que alertam sobre o risco de acidentes nos trens, quando foram abordados por três seguranças empresa.

De acordo com Paulo Flores, fundador da Terreira da Tribo, os seguranças informaram que a apresentação tinha sido proibida porque teria incomodado passageiros devido a uma suposta agressividade dos esquetes. Na sequência, os artistas transferiram o espetáculo para o lado de fora da estação.

Flores nega que a encenação, que faz parte de uma campanha de mídia do Sindimetrô-RS, seja agressiva, pois deixaria bem claro que se tratava de uma simulação teatral. Para ele, a intervenção da Trensurb faz parte de um ambiente de censura às artes. “A gente sente que isso vem acontecendo no Brasil desde 2016, ano do golpe, com censura às atividades artísticas, perseguição aos artistas, isso vem se tornando mais recorrente”, disse. “Parece que a gente está voltando o filme para um momento de retrocesso cultural muito grande”.

Luís Henrique Chagas, presidente do Sindimetrô-RS, destacou que já haviam sido realizadas oito apresentações anteriores do mesmo espetáculo e que não haviam recebido a informação sobre reclamações. Ele ponderou que é da natureza de campanhas de trânsito, por exemplo mostrar carros destruídos em acidentes. “Nunca vi a suspensão das campanhas, com a alegação de que eram agressivas”, opina. “Será que o motivo é estarmos mostrando o levantamento feito pela imprensa, que a cada dois meses acontece um descarrilamento na SuperVia [no Rio de Janeiro]? O Rio de Janeiro foi o primeiro a privatizar”.

Por meio de sua assessoria, a Trensurb informa que apresentações dentro de estações precisam ser autorizadas com antecedência. “Como a ação não estava autorizada, a segurança metroviária solicitou que o grupo realizasse a atividade fora das dependências da empresa”, diz a empresa em nota. “A Trensurb esclarece que, historicamente, abre seus espaços para a realização de ações educativas e culturais, porém essas atividades precisam ser avaliadas e autorizadas previamente pela empresa”.

Contudo, Chagas questiona este posicionamento. “Isso não faz sentido, pois diversas apresentações são realizadas nas estações”, disse. O sindicalista informou que vai solicitar por escrito os motivos da censura ao espetáculo.


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