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21 de novembro de 2019
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19:36

Governo federal estuda permuta para trocar área do Fêmina por novo hospital junto ao Conceição

Por
Luís Gomes
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Hospital Fêmina é voltado especificamente para a saúde da mulher | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O governo federal está estudando a possibilidade de fazer uma permuta com a iniciativa privada que trocaria a área do Hospital Fêmina, em Porto Alegre, pela construção de um novo hospital voltado para a saúde da mulher junto ao Grupo Hospitalar Conceição.

Secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabardo afirma que a pasta autorizou na última terça-feira (19) a realização de estudos no âmbito do Programa de Parcerias e Privatizações do governo com o objetivo de verificar quais seriam as melhores alternativas para o futuro do Fêmina. “Não foi autorizado derrubar, nem vender ou coisa nenhuma. O que foi autorizado foi simplesmente iniciar estudos”, diz.

Uma das propostas que está em análise é de transferência das atividades do Fêmina para um novo hospital a ser construído junto ao Conceição, na zona norte de Porto Alegre. “Está sendo construído lá um hospital do câncer, então poderia se fazer uma parceria em que se abrisse mão do hospital Fêmina e, em contrapartida, se renovasse esses leitos, todo o atendimento que é feito no Fêmina, lá no Conceição”, afirma.

Gabardo diz que não há possibilidade de redução de leitos e de atendimento. “Claro que não, não vai acontecer nada com o Fêmina antes de nós termos a garantia do atendimento que vai ocorrer junto ao Conceição, todos os leitos, todo o atendimento de paciente, será transferido antes da entrega do prédio. Se essa for a alternativa aprovada. Como te falei, o que foi aprovado agora é iniciar os estudos”.

A ideia está sendo debatida porque a área do Fêmina, no bairro Rio Branco, é valorizada e existiriam empresas interessadas em assumir a construção de um novo hospital em troca da exploração dessa área. Gabardo defende ainda que um novo hospital junto ao Conceição poderia racionalizar a operação. Por exemplo, poderia compartilhar laboratórios, área de imagem, de radiologia, serviço de nutrição, entre outros. “O custo do hospital ficaria menor, porque a gente racionalizaria os gastos. Mas não vai haver reduções. Se isso ocorrer, simplesmente vai ser transferido para outra área”, diz.

Rosa Helena Cavalheiro Mendes, coordenadora do Conselho Gestor do Hospital Fêmina e coordenadora-adjunta do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, avalia que a comunidade de usuários não vê com bons olhos essa possibilidade. Ela explica: “Porque nós vamos perder um hospital de referência que trata a mulher de toda a cidade, que trata a saúde das mulheres em todos os sentidos, não só em partos. Para nós é preocupante porque o Conceição é longe. Nós temos o Partenon, a Lomba do Pinheiro, a Restinga, que foi prometida uma maternidade e não foi construída, e as pessoas vão ter que ir lá para o outro lado da cidade”.

Para ela, o ideal é que existisse um processo de descentralização da saúde em Porto Alegre, mas que, enquanto isso não acontece, é melhor ter um hospital em uma região mais centralizada da cidade do que na zona norte. “Ele atenderia bem a região da Maria da Conceição, mas e o resto da cidade? A centralização para nós seria melhor”, diz.

Rosa também teme, apesar das negativas do secretário Gabardo, que a transferência do Fêmina para uma área junto ao Conceição possa, sim, afetar o atendimento. “Sempre que constroem alguma coisa no Conceição, a gente sabe que vai diminuir a quantidade de leitos”, afirma.

Para o Sindisaúde-RS, sindicato que representa trabalhadores de nível médio do Fêmina, a manifestação do secretário Gabardo não “deixa clara qual a pretensão do governo federal acerca do Hospital Fêmina”. Em nota conjunta com a Aserghc (Associação dos Servidores do GHC), o sindicato espera um posicionamento mais claro do Executivo a respeito dos planos para a instituição, mas destaca que sempre irá se posicionar de forma contrária a qualquer possibilidade de privatização ou redução dos serviços públicos.


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