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24 de agosto de 2019
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14:15

Novo presidente da Adufrgs defende pacto contra transformação da educação em negócio

Por
Luís Gomes
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Lúcio Olímpio de Carvalho Vieira discursa após tomar posse como novo presidente da Adufrgs | Foto: Luiza Dorneles

Luís Eduardo Gomes

Ao tomar posse na noite de sexta-feira (24) como novo presidente do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS-Sindical), Lúcio Olímpio de Carvalho Vieira defendeu a necessidade de todos os setores progressistas e democratas se unirem na defesa das instituições públicas de ensino superior e contra a transformação da educação em negócio.

Para Vieira, o principal desafio de sua gestão, que se estenderá até 2022, é mostrar para a sociedade a importância estratégica que universidades e institutos federais têm para o desenvolvimento estratégico do País. “Essas instituições devem fazer parte da solução dos problemas e nunca se constituírem no problema, como vem apontando o Ministério da Educação ultimamente”, disse.

O novo presidente da Adufrgs argumentou que esse é um desafio que passa pela soma de forças de todos os setores progressistas e democráticos que atuem por essa pauta, independentemente de partido. “Nós precisamos reunir todas as forças para fazer o enfrentamento com esses que querem transformar a educação em um negócio. A educação não pode ser um negócio, tem que fazer parte de um projeto de desenvolvimento de um país para sua emancipação e para sua inclusão social”, afirmou.

Vieira, que é professor do campus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), o Future-se é o projeto pelo qual o governo Bolsonaro pretende levar a cabo a transformação do ensino superior público em negócio. “E isso nós somos contra. Tenho certeza que a tendência das universidades e dos institutos federais é rejeitar esse projeto”, disse.

Por outro lado, argumentou que não basta ser contra o Future-se, é preciso apresentar respostas para os problemas educacionais do País. Ele apontou, por exemplo, que a educação pública oferece menos vagas de ensino superior do que a rede privada.

“Nós temos que efetivamente fazer um debate nacional sobre o papel dessas universidades, sobre o papel que os institutos federais têm e sobre os mecanismos de financiamento disso. As empresas privadas que queiram ajudar nessa construção sempre serão bem-vindas. Já se faz isso hoje. Portanto, não há nenhuma contrariedade. O que não se pode é transferir a gestão das universidades e dos institutos para uma empresa privada que vai tentar gerir isso tudo segundo a ótica do lucro. Não pode ser assim. Então, esse é um debate que nós temos que fazer com a sociedade agora”, disse.

Durante a cerimônia de posse, que também marcou o encerramento do mandato do professor Paulo Machado Mors, o Presidente do Proifes — a federação nacional de professores do ensino superior –, Nilton Brandão, afirmou que o trabalho dos sindicatos nesse momento é inglório. “Não temos nenhuma perspectiva de negociação. O nosso trabalho é para mitigar danos”, avaliou. No entanto, ele afirmou que é preciso acolher aqueles setores que foram coniventes com a situação atual e agora estão acordando para somar forças às lutas, sendo a mobilização contra o Future-se uma delas. “Este projeto Future-se, da forma como está colocado, não passará, porque nós não deixaremos”, disse.

Também presente no evento, o presidente da Central Única do Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo, afirmou que essa união de forças entre os segmentos da classe trabalhadora também é necessária para “encurtar o ciclo de destruição que o Brasil está vivenciado”.

Nova diretoria da Adufrgs tomou posse na noite de sexta-feira (23) | Foto: Luiza Dorneles

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