Últimas Notícias > Geral > Areazero
|
14 de agosto de 2019
|
01:24

Ato em Porto Alegre: ‘Não seremos os últimos da nossa família a entrar na universidade pública’

Por
Sul 21
[email protected]
Ato unificado em defesa da educação reuniu milhares de manifestantes em Porto Alegre. Foto: Luiza Castro/Sul21

Annie Castro

No início da noite desta terça-feira (13), estudantes, integrantes de movimentos sociais, de centrais sindicais, artistas, representantes do setor audiovisual, de partidos políticos e trabalhadores participaram de um ato unificado no centro de Porto Alegre para denunciar e repudiar políticas do Governo de Jair Bolsonaro (PSL), como os cortes de verba nas universidades federais e na educação básica, o projeto Future-se, a reforma da Previdência e projetos de privatizações. O ato fez parte da mobilização nacional em defesa da educação pública e encerrou a tarde de manifestações na capital gaúcha.

O contingenciamento de verbas da educação pública foi o tema central do ato que reuniu milhares de manifestantes. Durante a concentração, na Esquina Democrática, representantes de diversas entidades denunciaram em falas nos carros de som e em gritos de ordem a política de ataque às universidades que vem sendo empregada pelo presidente Bolsonaro. “Não seremos a geração que vai permitir o desmonte da educação. Não seremos a geração que irá permitir que o governo fale que nós fazemos balbúrdia, quando nós produzimos 90% da pesquisa nacional. Estamos aqui para mostrar que não seremos os últimos da nossa família a entrar na universidade pública”, disse Ana Paula Santos, coordenadora geral do DCE Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e militante do coletivo Juntos.

O projeto Future-se, que pretende terceirizar o financiamento da educação pública e que foi lançado pelo Governo Bolsonaro há cerca de duas semanas, foi alvo de boa parte das críticas dos manifestantes. “A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria” era um dos gritos entoados por quem participou da mobilização.

Mobilização percorreu ruas do centro. Foto: Luiza Castro/Sul21

Também na Esquina Democrática, representantes sindicais se voltaram contra ações do presidente que beneficiam políticos e empresários. O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Guiomar Vidor, afirmou que Bolsonaro desenvolve uma “política que quer acabar com a educação pública, com o direito à aposentadoria, com o direito dos trabalhadores e, acima de tudo, com a democracia”.

Vidor também lembrou a derrota de Mauricio Macri nas primárias argentinas e lembrou a necessidade de uma luta unificada: “A Argentina, nossa vizinha, já está dando resposta ao neoliberalismo. Agora aqui, no nosso país, os estudantes, os educadores, os trabalhadores, as trabalhadoras e o povo brasileiro vão intensificar essa luta. Uma luta que tem que ser cada vez mais ampla, a luta cotidiana por nossos direitos, mas acima de tudo a luta política para derrotarmos esse governo”.

A situação na Argentina também foi mencionada pelo presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo, que comparou o governo Macri ao de Bolsonaro. “O mercado está em paz no Brasil, mas o mercado está nervoso na Argentina porque a esquerda unida deu sinais que vai botar para correr aquele governo Macri, que fez a mesma coisa na Argentina: vendeu empresas, tirou direitos, privatizou”, disse. Para Nespolo, o dia de hoje foi mais um dia de “resistência e de unidade”. “O povo trabalhador, os estudantes, os desempregados de norte a sul do Brasil, em portas de fábricas, nas universidades, denunciando o corte da educação, os programas de privatização do ensino, o desemprego, a reforma da previdência social e o fim da aposentadoria.

O presidente da CUT-RS também criticou a venda do patrimônio público em diferentes instâncias de poder. “O Brasil está à venda, o Rio Grande do Sul está à venda. O mercado, aqui no Brasil, fica nervoso quando vê essa multidão na rua, quando percebe que o Lula pode sair da cadeia, quando a gente se agrupa numa frente ampla junto com os estudantes, junto com os camponeses para fazer a resistência e recuperar nosso futuro”, disse.

Foto: Luiza Castro/Sul21

Após a concentração, os manifestantes seguiram em caminhada unificada pela Avenida Júlio de Castilhos, pelo Túnel da Conceição e pela Osvaldo Aranha. Durante a marcha, frases como “tira a tesoura da mão e investe na educação”, “não vou trabalhar até morrer” e “a juventude chegou forte, esse é o tsumani que vai barrar os cortes” eram entoadas pelos manifestantes. Durante o trajeto, motoristas que passavam buzinavam e moradores de prédios do entorno piscavam a luz em apoio ao protesto.

De forma inédita em Porto Alegre, a manifestação acabou na Faculdade de Educação (Faced) da UFRGS. No carro de som, uma representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) explicou que a decisão foi uma forma de apoiar a UFRGS, maior universidade pública do Estado. “Sabemos que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul valorizam a educação. Queremos mostrar que nos importamos com a universidade pública”, disse.

Foto: Luiza Castro/Sul21

Veja mais fotos da mobilização:

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21]
Foto: Luiza Castro/Sul21

Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora