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19 de julho de 2019
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20:14

Entusiastas do agronegócio criticam Atlas que denunciou na Europa uso abusivo de agrotóxicos

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Sul 21
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Entusiastas do agronegócio criticam Atlas que denunciou na Europa uso abusivo de agrotóxicos
Entusiastas do agronegócio criticam Atlas que denunciou na Europa uso abusivo de agrotóxicos
De acordo com Larissa, incômodo pode ser aproveitado para se discutir uso dos agrotóxicos no Brasil, no momento em que a pauta de exportação fica em xeque. Foto: Arquivo EBC

Da RBA

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, a pesquisadora Larissa Mies Bombardi rebateu os ataques que tem sofrido por parte de entusiastas do agronegócio. Nesta semana, seu trabalho à frente do Atlas de Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia foi considerado uma tentativa de “assassinar a moderna agronomia” pelo engenheiro agrônomo e doutor em Administração, Francisco Graziano. Ex-secretário de Meio Ambiente no governo de José Serra (PSDB), em São Paulo, Xico descreveu, em sua coluna no site jornalístico Poder 360, que a docente do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) “imputa os agrotóxicos a encarnação do mal sobre a terra”.

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“Essa é uma resposta clássica da indústria, digamos assim, quando a ciência aponta os malefícios que alguns produtos trazem. É evidente que toda a vez em que a pesquisa científica vai na contramão do interesse econômico há uma reação parecida como essa”, responde Larissa também em referência ao AgroSaber, plataforma ligada a entidades do agronegócio que vem se opondo ao Atlas.

À jornalista Marilu Cabañas, a pesquisadora lembra, no entanto, que os ataques contra seu estudo, considerado uma ruptura na violência silenciosa promovida pelo uso de agrotóxicos no campo brasileiro e feito apoiado em dados públicos, não foram levantados à toa.

A União Europeia vem questionando o Brasil quanto a utilização de agrotóxicos nas lavouras, para fechar o acordo com o Mercosul. O bloco chegou a inserir um “princípio de precaução” alertando que a Europa pode se recusar a importar determinado produto brasileiro se houver suspeitas de resíduos dessas substâncias. Na França, agricultores, ambientalistas e políticos também têm questionado o acordo apontando que o Brasil não cumpre as mesmas exigências sanitárias, trabalhistas e ambientais impostas aos produtores europeus.

Larissa que em maio lançou seu Atlas na Alemanha, onde despertou perplexidade de outros pesquisadores quanto ao nível de intoxicação implicado ao uso de agrotóxicos em solo brasileiro, acredita que a pressão internacional possa contribuir para o aprimoramento da agricultura nacional, o que incomoda os ruralistas. “O que isso traz de positivo é que precisamos discutir os padrões de uso de agrotóxicos no Brasil. Não dá para fecharmos os olhos e pensarmos que tudo bem a gente ter um duplo padrão, um na U.E e outro no Brasil, e nos inserirmos dessa forma tão subalterna na economia mundial, que não é subalterna só do ponto de vista econômico, mas que nos fragiliza também do ponto de vista da saúde humana e da saúde ambiental”, destaca.


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